Arte africana no Zeitz MOCAA, por Zeca Camargo

A pluralidade da arte africana e de seus arraigados artistas ganha ainda mais fascínio e luz no Zeitz MOCAA, um museu que transformou a cena cultural da Cidade do Cabo

Paisagem da Cidade do Cabo ao entardecer, vista do mar com a Table Mountain ao fundo

“Museu” não é a primeira definição que você vai encontrar ao procurar o significado de “silo” no dicionário. Mas quem visita a Cidade do Cabo, na África do Sul, e não se lembra do que a palavra quer dizer (principalmente “reservatório usado para armazenar materiais secos”), pode achar mesmo que ela seria a mais perfeita tradução de silo ao conhecer o Zeitz MOCAA.

Esse museu, dedicado em grande parte à arte contemporânea africana, é uma relativa novidade imperdível numa cidade que não peca pela falta de atrações estonteantes para os visitantes. A Cidade do Cabo sempre foi o destino mais procurado na África do Sul, um país que soube explorar de várias maneiras seu potencial turístico.

Entre safáris inesquecíveis, paisagens únicas e riqueza cultural, que é fruto da própria mistura das histórias do lugar, quem escolhe esse destino agora tem mais uma razão para justificar a viagem: um mergulho na arte de um continente cuja vocação nessa seara está apenas começando a ser descoberta pelo resto do mundo.

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The Silo Hotel

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Obra colorida de Athi-Patra Ruga exposta na mostra Sala do Zeitz MOCAA
Fotografia impactante do sul-africano Athi-Patra Ruga na mostra permanente Sala
A arquitetura interna do Zeitz MOCAA é marcante, com recortes no cimento, formas e contornos cavernosos
A arquitetura interna do museu é marcante, com recortes no cimento, formas e contornos cavernosos

Além das Expectativas  

Antes de falar dos artistas e trabalhos da coleção do Zeitz, vamos começar pela arquitetura dele – e aí temos que voltar para a estranha palavrinha do início dessa narrativa: silo. O desenho do museu é antes de tudo fruto da criatividade (e engenhosidade) de um time que olhou para uma pouco atrativa construção abandonada e pensou: “Acho que dá para criar aqui algo interessante”. E bota interessante nisso!

Quem assina o projeto do “edifício” é o Heatherwick Studio, o mesmo time de arquitetos que criou recentemente o Vessel, uma estrutura feita de escadas e passarelas que inaugurou uma referência visual contemporânea em Nova York, na região de Hudson Yards.

Enquanto o Vessel tem o objetivo de encher os olhos de quem visita de dentro para fora, para a paisagem de Nova York, o silo do museu convida nosso olhar para seus interiores. A ideia é exaltar a espetacular coleção de obras e artistas em suas galerias, enriquecendo ainda mais a experiência de quem visita a cidade. me aventurei pela primeira vez pelos principais museus da cidade.

Interior do Zeitz MOCAA com elevadores cilíndricos e arquitetura em concreto recortado
O átrio do Zeitz MOCAA com um dos elevadores futuristas em forma de cilindro ao fundo

Mesmo que você tenha programado sua visita ao Zeitz MOCAA só para mergulhar na arte que ele abriga, a atenção é imediatamente roubada pelo prédio, logo na entrada no museu, no trajeto para os elevadores – o recomendado é começar pelo sexto andar e vir descendo pelas escadas. Ali a visão dos antigos depósitos de concreto, agora recortados, nos hipnotiza e, com ironia, faz com que o prédio centenário nos remeta não ao passado, mas ao futuro.

Os elevadores flutuam como cápsulas saídas de Guerra nas Estrelas e os recortes inesperados no cimento emprestam às formas cilíndricas contornos cavernosos, dignos de um cenário do filme Alien original, porém com uma diferença: todo o Zeitz MOCAA é banhado de luz. A não ser, claro, quando as obras expostas pedem a intimidade de uma sala escura, como na primeira mostra que visitei.

Parte da exibição coletiva no Zeitz MOCAA
Parte da exibição coletiva no Zeitz MOCAA
Instalação imersiva de Lungiswa Gqunta com materiais têxteis no museu Zeitz MOCAA
Instalação da artista sul-africana Lungiswa Gqunta no Zeitz MOCAA

O ambiente artístico do The Silo, na Cidade do Cabo
Ambiente do The Silo

Impacto Profundo 

Em todo o sexto andar, o artista vietnamita-americano Tuan Andrew Nguyen propõe um novo olhar sobre a diáspora africana, que mexe com quem pensa apenas no impacto da miscigenação daquele continente na Europa e nas Américas. Em seus filmes sensíveis, ele coloca o dedo em uma ferida ainda aberta de gerações de famílias do sudeste asiático que têm um passado africano. (A exposição acontece até setembro de 2025 e por si só vale a visita ao museu!)

Esse novo olhar não poderia ser um cartão de visita melhor para quem chega ao Zeitz MOCAA com fome de arte africana contemporânea. Assim como o continente, que jamais pode ter seu nome reduzido a um bloco uniforme de culturas, o que o museu sul-africano oferece é o entendimento de que a arte da África é plural – e gigante.

Arte na África do Sul: o trabalho de Athi-Patra Ruga na mostra Sala.
Imagem do trabalho de Athi-Patra Ruga na mostra Sala.

Em outra sala especial, Rita Mawuena Benissan, artista de origem ganense baseada nos Estados Unidos, elabora suas instalações em torno da cultura Ashanti. Tronos, símbolo de autoridade e poder, e rebuscados para-sóis, que protegem os reis e governantes, dançam à nossa volta, com ecos de sedução e ameaça. Benissan, honrando seus ancestrais, nos confunde propositalmente com delicadeza e brutalidade. Ninguém sai indiferente dessa visita.

Além disso, o acervo do Zeitz MOCAA recebeu uma curadoria cuidadosa para refletir o diálogo entre o passado e o presente, entre a África e o resto do mundo. Os nomes de peso da arte africana estão todos lá, do venerado William Kentridge à irreverente fotógrafa Zanele Muholi, que recentemente ganhou retrospectiva no Tate Modern, em Londres, e no IMS, em São Paulo.

Não há onde você passe os olhos e não saia refletindo sobre o que viu. O mérito de tamanho impacto é não apenas dessa coleção, imbatível e ousada, mas também do espaço de circulação. Um espaço, diga-se, que não se limita ao museu. Nos andares superiores da construção fica um dos mais incríveis hotéis da Cidade do Cabo, talvez até de toda a África: The Silo.

Cidade do Cabo: quadros da mesma exibição Sala, que reúne 17 artistas africanos contemporâneos
Quadros da mesma exibição Sala, que reúne 17 artistas africanos contemporâneos
Cidade do Cabo: obra do jovem artista Neo Matloga na mostra Sala
Obra do jovem artista Neo Matloga na mostra Sala

Cosmopolita e cool 

Os quartos de dois andares, banhados de sol, a proximidade do centro de compras Victoria Wharf, a vista espetacular de seu rooftop (o melhor lugar para conferir o pôr do sol na cidade), o serviço impecável e a atmosfera de arte que inevitavelmente vaza do museu… Tudo é muito estimulante e elegante. 

Imagine: quando estive lá, tive a sorte de presenciar uma exposição de artistas sul-africanos e moçambicanos numa galeria-relâmpago surreal, montada no estacionamento do hotel!

A coleção do Zeitz
MOCAA propõe o
entendimento de
que a arte da Africa
é plural, rica e
gigante

Fachada do Zeitz MOCAA e do The Silo, hotel que ocupa os andares do edifício sobre o museu
Fachada do Zeitz MOCAA e do The Silo, hotel que ocupa os andares do edifício sobre o museu
A suíte de uma das vilas do Ellerman Hotel
A suíte de uma das vilas do Ellerman

Ficar no The Silo é como estar numa festa com as pessoas mais legais da cidade. Do clima chill do café da manhã aos DJs tocando até a madrugada na cobertura, o hotel reflete a atmosfera animada da Cidade do Cabo, embalado por um clima cosmopolita. O lugar ideal para ficar por lá, a não ser que você prefira um hotel que também tenha muita arte, mas com ênfase na exclusividade e na tranquilidade. Aí a opção tem que ser o Ellerman House. Debruçado sobre uma vista deslumbrante do que é considerado o limite do Oceano Atlântico, há poucos quartos e duas vilas (uma delas é onde Bill Gates costuma se hospedar). Pedra preciosa da chancela Relais & Châteaux, o hotel é uma casa particular adaptada para receber. Por isso, os quartos são diferentes uns dos outros e dão a impressão de que você é um hóspede querido, amigo da família proprietária. A arte aqui também está muito presente: você pode até fazer um tour guiado para conhecer a coleção, que abrange não só artistas contemporâneos, mas também vários modernistas, sempre africanos.

África do Sul: A charmosa propriedade que abriga o Ellerman House
A charmosa propriedade que abriga o Ellerman House

Se o The Silo nos faz sentir como parte da cidade, o Ellerman House dá a sensação de ser o dono dela. Nesse oásis de sofisticação, depois de uma fantástica degustação de vinhos na adega, onde as garrafas são acomodadas numa escultura em forma de saca-rolhas gigante, você, como eu, se pergunta: por que levei tanto tempo para descobrir a Cidade do Cabo?

Matéria publicada na edição 19 da Revista UNQUIET.

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SUSTENTABILIDADE

Ações de conservação do meio ambiente e ações sociais

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The Silo Hotel (Grupo The Royal Portifolio)

Somos confiantes de que o turismo pode contribuir para um futuro mais positivo a longo prazo para a África – um futuro sustentável, consciente e sensível, que atenda às necessidades das comunidades e da vida selvagem. Dessa forma, podemos garantir que a magia da África sobreviva a muitas gerações futuras.

Em nossas operações diárias somos pioneiros e apoiamos projetos de sustentabilidade em cada uma de nossas propriedades. Alguns deles são financiados pela Royal Portfolio Foundation. Além disso, revisamos constantemente nossas operações para identificar onde podemos fazer mudanças que beneficiem os habitats e as comunidades ao nosso redor, tanto hoje quanto no futuro.

Comunidade: Melhorar a vida das pessoas nas comunidades vizinhas; celebrar a cultura e a herança local e criar uma cultura de sustentabilidade; maximizar nossa aquisição de bens e serviços locais de qualidade; e investir e capacitar uma equipe diversificada.

Ambiente: Proteger o meio ambiente e ser sustentável e responsável, tanto em termos de infraestrutura quanto de comportamento. Nossa missão é reduzir nossa pegada de carbono e nosso consumo de recursos naturais. “Reduzir, Reutilizar e Reciclar” nossos resíduos.

theroyalportfolio.com/sustainability

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Ellerman House

Conservação da Água

  • Jardim de fynbos com baixo consumo de água:
    • Uso de plantas nativas que requerem pouca irrigação.
    • Contribui para a biodiversidade do Reino Floral do Cabo.
  • Meta de redução de 40% no consumo de água:
    • Medida adotada após a crise hídrica de 2018.
    • Combate à escassez de água na Cidade do Cabo.

Alimentação Sustentável

  • Sistema SASSI (WWF):
    • Uso de frutos do mar com selo verde (estoques saudáveis).
    • Evita espécies ameaçadas (laranja e vermelho).
  • Parceria com a Abalobi:
    • Plataforma que conecta chefs a pescadores artesanais.
    • Garante rastreabilidade total do peixe, do anzol à mesa.
    • Gera renda para comunidades pesqueiras locais.
  • Ingredientes locais e sazonais:
    • Priorizam-se produtores hiperlocais.
    • Uso de recipientes reutilizáveis para reduzir embalagens.
  • Forrageamento e ingredientes silvestres:
    • Ingredientes como algas, ouriços e cogumelos são coletados na natureza.
    • Conecta a culinária ao ecossistema local.

Consumo Local e Economia Criativa

  • Compra de bens e serviços locais:
    • Reduz emissões de carbono do transporte.
    • Estimula a economia regional.
  • Ingredientes frescos de fornecedores sustentáveis:
    • Garante qualidade e menor impacto ambiental.
  • Artesanato africano exclusivo na loja do hotel:
    • Valorização da cultura local e apoio a artesões.

Impacto Ambiental

  • Eliminação total de plásticos descartáveis.
  • Produtos de limpeza sustentáveis:
    • Preferência por itens biodegradáveis, à base de plantas ou orgânicos.
  • Energia solar:
    • Utilização sempre que possível.
  • Transporte híbrido para hóspedes:
    • BMW personalizado de baixa emissão.

Comunidade e Educação

  • Parceria com a Click Learning:
    • Projeto educacional sem fins lucrativos apoiado pela família Harris.
    • Oferece programas online de alfabetização e matemática.
    • Beneficia escolas de ensino fundamental carentes.

ellerman.co.za/sustainability

Ilustração: Antônio Tavares

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