Viajantes UNQUIET, que amam se aninhar na natureza e fazer dessa estadia uma forma de fomentar a comunidade local, vão se identificar de imediato com esta dica de viagem. O destino é Boipeba, na Bahia. E a hospedagem é o Ventos Moreré. Que tem cara de pousada pé na areia. Mas é um hotel. E também um Beach Club. Bem, vamos por partes.
O nome do lugar, Ventos Moreré, é inspirado em sua localização, a Praia de Moreré, que mantém o charme remanescente de uma vila de pescadores e se tornou destino para viajantes que valorizam ecoturismo e buscam mais do que descanso: querem uma conexão real com a natureza e a cultura local.
Hospedagem eco friendly: sustentável e autêntica
A pegada ecológica deste hotel em Boipeba é evidente, os ambientes respiram consciência ecológica, respeitando a distinção de Boipeba como Reserva da Biosfera e Patrimônio Mundial pela UNESCO.
O Ventos Moreré investe na mão de obra local e na tradição artesanal. Os bangalôs (aqui denominados ocas) preservam o aspecto ao mesmo tempo rústico e contemporâneo. As acomodações foram reformadas em 2021, incorporando tecnologia sustentável, com placas solares, poço artesiano, biodigestores e sistemas de ventilação cruzada, projetados para minimizar o impacto ambiental, sem abrir mão do conforto.
Hóspedes e equipe do hotel são estimulados a estar e a se locomover descalços, uma experiência de conexão com a terra e um chamado ao despertar para uma vida mais simples e integrada. E tem coisa melhor do que a sensação da areia fria nos pés depois de muito sol?
Heranças indígena e quilombola
Este hotel em Boipeba se espalha por 8.000 m2 de uma terra uma vez percorrida pelas tribos Tupinambás – a equipe, aliás, tece sua narrativa junto à comunidade quilombola de Monte Alegre (na área central de Boipeba, um dos principais passeios na ilha) e propõe experiências com eventos culturais que celebram a cozinha e a história vibrante de Boipeba. Luaus à beira-mar e imersões gastronômicas (com especialidades preparadas com ingredientes livres de transgênicos e agrotóxicos da horta local) estão entre as atividades.
Wellness, história, contemplação…
A prática de ioga também faz parte da rotina do Ventos Moreré, em Boipeba, assim como o auxílio de personal trainers. Se a sua vibe não pede atividades físicas metódicas, uma ideia é explorar a história local com passeios pela Velha Boipeba, fundada pelos jesuítas em 1563 (leia no fim deste post nossas sugestões de passeios em Boipeba).
Referência importante: o fundador do Ventos Moreré, o italiano Cristian Bernardi, soma em sua trajetória de duas décadas no setor de hotelaria hotéis como o emblemático Le Meurice, em Paris, e o tradicionalíssimo e cool Brown’s, em Londres. Já me hospedei em ambos e posso dizer, seguramente, que é um endosso de peso.
Pets são bem-vindos e acomodados enquanto os hóspedes praticam mergulho (com tanque ou snorkel), desfrutam de caiaques, kitesurfe ou stand-up paddle ou apreciam a gastronomia local. A experiência de hospedagem na Ventos Moreré expande os horizontes, porque alia conforto e sustentabilidade, prazer e responsabilidade. É sobre fazer diferença, mesmo estando em férias.
O que fazer em Boipeba?
Além da estadia, Boipeba reserva belezas naturais e históricas para explorar. Há ONGs em Boipeba que trabalham para promover o turismo sustentável e apoiar o desenvolvimento local, respeitando o meio ambiente e a cultura da região. Nossas sugestões:
Cova da Onça
Com belas paisagens naturais, é uma parte autêntica e tranquila da ilha de Boipeba: um vilarejo de pescadores com atmosfera familiar, sem turismo ostensivo.
Naufrágio espanhol
Uma visita histórica interessante: um antigo navio espanhol naufragado em 1530, perto da Praia de Castelhanos. Durante a maré baixa, é possível observar algumas peças do naufrágio. O lugar é protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Piscinas Naturais de Castelhanos
Também durante a maré baixa, as piscinas naturais de Castelhanos ficam expostas e cercadas por corais. É possível chegar caminhando ou de barco. A Associação de Moradores e Amigos de Boipeba (AMABO) tem adotado iniciativas para ordenar o fluxo de turismo nas piscinas naturais da ilha, demarcando áreas exclusivas para banhistas e restringindo o acesso de lanchas e barcos nessas áreas, para proteção do ecossistema marinho.
Manguezais na Praia do Bainema
Vale muito a pena, não só porque os manguezais são lindos, mas pela experiência completa de apreciar o ritmo lento e tranquilo desse ecossistema único. É possível explorar, por meio de canoas conduzidas por guias locais, a biodiversidade única do ecossistema do mangue. Durante o trajeto, observam-se diversas espécies de aves, caranguejos e aprende-se muito sobre a importância da conservação ambiental.
Por Luciana Lancellotti