Más allá de Chueca
Madri é considerada uma das capitais gays do mundo não apenas pela famosa noite, avanços dos direitos LGBT na Espanha, filmes de Almodóvar e por ter uma das maiores e mais animadas Paradas do Orgulho. A população LGBT da cidade, estimada em mais de 500 mil, está presente e visível por toda parte, manifestando afeto livremente não apenas no bairro gay, da mesma maneira calorosa que espanhóis e espanholas heterossexuais agem.
Mas em Chueca essa sensação é aumentada pela onipresença do arco-íris de seis cores em uma miríade de restaurantes, lojas, bares, cafés, mercados e clubes. Foi graças à comunidade LGBT que o bairro deixou de ser uma vizinhança pobre decadente e virou uma das áreas mais cool – e caras – de Madri. E com o charme de moradoras octogenárias continuarem passeando com seus cachorrinhos lado a lado com casais gays. À noite as ruas ficam quase mais cheias que durante o dia, já que faz parte da ‘movida madrileña’ fazer uma ronda pelos bares e clubes. Lembrando que a cena noturna na Espanha acontece bem, bem tarde.
O tour de reconhecimento do bairro deve começar pela Plaza Chueca, marco zero da cena gay madrilena. Perto dali, outro local importante para a história da comunidade é a Plaza de Pedro Zerolo, que homenageia o ativista que lutou ativamente pelos direitos LGBT. Eu estava em Madri no dia da sua morte em 2015 e fiquei emocionado com a multidão que foi formada rapidamente na praça que hoje leva seu nome e que virou a noite em vigília para celebrar seu legado. Coladinho a Chueca fica Malasaña, bairro conhecido pelos estúdios de design, lojas, pubs e bares frequentados por uma galera mais jovem e alternativa, que faz um contraponto às grifes da Calle Serrano, a Golden Mile de Salamanca, onde moram os milionários locais.
Quem curte o dia e atividades esportivas e culturais, deve pedalar, correr ou caminhar pelo Madrid Río, parque linear às margens do rio Manzanares, que vai do Palácio Real, onde mora o rei, ao Matadero, uma pequena cidade dedicada às artes e produção cultural, passando por uma aprazível praia.
As terrazas, em inglês e paulistês chamadas de rooftops, são uma instituição de Madri, onde acontecem os esquentas pré-noitada especialmente entre maio e outubro. Há dezenas espalhados pelos bairros centrais, geralmente nas coberturas de hotéis, e muitos têm um público majoritariamente gay.
Além da noite (e dos espanhóis), a gastronomia é outro bom motivo para visitar Madri. Nos mercados da cidade é possível degustar diferentes tapas, um dos fundamentos da culinária espanhola. Em Chueca há o imenso Mercado de San Antón, que também tem um rooftop fervido, e o hypado Mercado de San Ildefonso na rua Fuencarral, epicentro das marcas de moda jovem. O mais bonito é sem dúvida o Mercado de San Miguel, todo trabalhado no ferro e vidro, com tapas gourmet a preços razoáveis.
Como está ao lado da turística Plaza Mayor costuma ficar bem cheio. O tour gastronômico não é completo sem ‘tapear’ pelos bares e terrazas das ruas medievais do carismático bairro La Latina, no centro histórico de Madri. Para casados e solteiros, tipos diurnos e noturnos, Madri é sem sombra de dúvida um dos melhores destinos para turistas LGBT.
Pride e Festivais:
Se a parada de São Paulo é a maior do mundo, a de Madri se orgulha por ser a que mais recebe turistas. São cerca de um milhão de visitantes que prestigiam a Madrid Orgullo, também conhecida como MaDo, que acontece no primeiro final de semana de julho, atravessa as principais avenidas e termina com shows em vários palcos e festas pela cidade.
Essencial Proudly UNQUIET:
La Terraza de Oscar é o rooftop do hotel Room Mate Oscar, que fica na Plaza Chueca. Lugar para ver e ser visto antes de cair na noite. A vista é incrível, o povo lindo, mas a decoração podia ser melhor.
Museus que recomendamos:
É obrigatório conferir a trinca formada pelo Museu do Prado, guardião da rica coleção espanhola de arte, com obras de mestres como Velázquez e dos murais românticos de Goya; pelo Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, o mais importante museu de arte moderna espanhola, onde é possível ver de perto o gigantesco Guernica de Picasso; e pelo Museu Nacional Thyssen-Bornemisza, onde exposições concorridas de artistas do século 20 e contemporâneos acontecem o ano todo.
Dica UNQUIET:
Reserve ao menos um dia inteiro para o Museu do Prado e dois períodos de meio dia para o Reina Sofia e o Thyssen-Bornemisza. Complemente o circuito artsy visitando o CaixaForum, com interessantes exposições de arte contemporânea e o Museu de la Real Academia de Bellas Artes de San Fernando onde esculturas e pinturas de importantes mecenas espanhóis podem ser conferidas.
Onde Ficar:
Hotel Único Madrid
Boutique e muito bem-localizado, próximo dos charmosos mercados de Salamanca, o Único é dos hotéis mais queridos da cidade. Obras de arte espalhadas pelo diminuto lobby e áreas comuns fazem do hotel uma atração à parte.
TÓTEM Madrid
Localizado em Salamanca, cercado de lojas e restaurantes charmosos, está o TÓTEM Madrid. Com decoração contemporânea e serviço atencioso, o hotel é pet-friendly e perfeito para quem quer aproveitar as ruas mais charmosas da cidade.
Axel Madrid
O primeiro hotel assumidamente LGBT, com política “hetero-friendly”, é a pedida para quem quer ficar o tempo todo no burburinho de Chueca. No verão, concorridas pool parties são os destaques na programação.
Idiomas oficiais: Espanhol
Moeda: Euro
Clima: Com quatro estações bem definidas, Madri é especialmente agradável na primavera. No sempre agitado verão, prepare-se para altas temperaturas: parques e praças ficam lotados até a madrugada. No outono, ainda é possível curtir os cafés de rua e no inverno as exposições dos muitos museus e galerias da cidade garantem abrigo.