Reykjavík foi a escolha natural para uma lua de mel improvisada, já que eu estava em Londres a trabalho e meu partner em Nova York. Não só por estar situada no meio do Atlântico entre as duas capitais, ser a terra de Bjork e Sigur Rós e pela possibilidade de presenciar a aurora boreal, mas principalmente pela Islândia ser um dos novos destinos favoritos do público LGBTQIA+. Assim como em outras nações nórdicas, gays, lésbicas e pessoas trans são totalmente integrados na pequena população da Islândia, país que teve a primeira chefe de governo assumidamente lésbica do mundo.
No aeroporto de Keflavik alugamos um carro com obrigatórios pneus de inverno, já que muitas estradas continuam com gelo ainda no final de março. A jornada começou romanticamente pela Blue Lagoon, resort de águas termais vulcânicas instalado em paisagens com brumas eternas e que lembram uma estação lunar de ficção científica.
Em Reykjavík o carro nem é tão necessário, já que é possível percorrer toda a região central a pé em poucos minutos. Ficamos hospedados em Laugavegur, a charmosa rua que concentra o comércio mais bacana e que lembra um presépio. Muitos dos bares, restaurantes e clubes da região têm bandeiras do arco-íris na entrada, ainda que apenas dois sejam exclusivamente gays. Funciona mais como um lembrete de que todos e todas são benvides. Uma prova disso é Samtökin’78, mais importante grupo de direitos LGBTQIA+ da Islândia cuja sede, aberta todos os dias, fica bem ao lado da prefeitura.
A capital islandesa tem menos de 150 mil habitantes, mas se orgulha de ter uma das vidas noturnas mais fervidas da Europa durante o ano todo. Nem precisa ser verão, quando o sol mal se põe, para que as ruas do centro virem a madrugada lotadas. Como uma espécie de movida, o programa é pular de bar em bar. Só prepare o bolso: bebidas alcoólicas são especialmente caras.
Para se recuperar da balada, a pedida é ir a uma das piscinas públicas, verdadeiras instituições islandesas. De segunda a segunda pessoas de todas as idades se reúnem no fim do dia para socializar, nadar e tomar banhos em águas super quentes, aquecidas naturalmente. Vale a pena conhecer pelo menos três delas: Laugardalslaug, a maior e mais popular, Sundhöll com bela arquitetura art-déco e Vesturbæjarlaug, com agitação gay. Vale também visitar o exótico Saga Museum – sim, saga é provavelmente a única palavra em islandês que você vai aprender.
Há vários passeios imperdíveis a até duas horas de carro do centro de Reykjavik. No parque de Thingvellir, que funcionou por mil anos como o mítico parlamento viking, é possível caminhar entre as placas tectônicas que separam Europa e América. Quem assistiu Game of Thrones e Sense8 vai reconhecer a fantasmagórica praia de Reynisfjara, com suas estranhíssimas formações rochosas. Por sinal, quase metade da população do país acredita em elfos e fantasmas e há mapas indicando onde eles podem ser vistos e preciso confessar que, para desespero de meu parceiro, também tivemos uma experiência sobrenatural próximo à mágica cachoeira de Skógafoss.
A aventura foi quase completa: escalamos vulcões, corremos por campos negros de lava petrificada e entramos em geleiras. Só não conseguimos ver a aurora boreal, já que o céu esteve nublado toda a semana. Boa desculpa para voltar mais uma vez à Islândia, quem sabe para ter a experiência como solteiro…
Pride e Festivais:
Uma das paradas LGBTQIA+ mais ao norte do planeta pode ser conferida na primeira semana de agosto na pequena Reykjavík, quando o sol se põe por somente alguns segundos. Apesar da pequena população, há muitos festivais anualmente na ilha porque o povo islandês respira cidadania, música e cultura. O Iceland Airwaves, evento patrocinado pela simpática cia. aérea Iceland Airways, acontece em novembro e segue a tradição da Islândia de abraçar todas as cores do arco-íris, com grande parte das atrações assumidamente LGBT e aliados. Com sorte, na saída de um dos shows, os tons esverdeados ou rosados das auroras boreais podem dar o ar da graça nos céus da Islândia!
Essencial Proudly UNQUIET:
Um passeio de helicóptero pelo triângulo formado pelas principais atrações do entorno de Reykjavík: o parque Thingvellir, com as montanhas formadas pelas placas tectônicas que separam a Europa dos EUA; a impressionante cachoeira de Gullfoss, com águas tão rápidas que parecem congeladas ao olhar; e os gêiseres de seu entorno, os mais ativos do planeta, é fundamental para entender a rica, e improvável, geologia do país.
Onde Ficar:
The Reykjavik EDITION
Prestes a ser inaugurado, o The Reykjavik EDITION trará para a capital islandesa o padrão já reconhecido da marca em cidades como Nova York, Londres e Bangkok. Irmão mais novo do icônico The Ritz-Carlton, o hotel traz conforto, design e serviços, interpretados de acordo com cada localidade, sempre privilegiando atividades culturais que complementem a experiência.
ION City Hotel
Localizado no pequeno centro da capital islandesa, o ION City Hotel tem decoração escandinava em quartos decorados de maneira minimalista, bem ao estilo dos hotéis membros da Design Hotels of the World.
Radisson Blu 1919 Hotel
Um dos hotéis mais queridos de Reykjavík é famoso pelo design escandinavo e pela localização a poucos passos dos bares e restaurantes do pequeno centro de Reykjavík e da impressionante ópera da cidade.
ION Adventure
Localizado no sudoeste da ilha, no caminho que leva a atrações como o famoso – e impronunciável – vulcão Eyjafjallajökull e às rotas de caça da aurora boreal, o ION Adventure tem estilo lodge de aventura e grandes janelas de vidro que permitem a observação das luzes do norte a qualquer hora da noite.
Capital: Reykjavik
Idiomas oficiais: islandês, inglês amplamente falado
Moeda: coroa islandesa
Clima: Independentemente da época em que se visite o país, é possível experimentar todas as estações do ano em um único dia, incluindo nevascas que chegam com pouco aviso prévio. A principal diferença entre o inverno e o verão na Islândia é o sol da meia noite que traz luz interrupta a ilha durante a estação quente com temperatura média de 10 a 13 graus com picos de calor que raramente chegam aos 25 graus. No inverno, as temperaturas são amenas no sudoeste, onde a maioria das atrações se concentra, com média de zero graus, e severas ao norte, com médias de -25 graus. As auroras boreais aparecem a partir do outono e duram até o final do inverno.