Querida amiga, os meses passam e eu não me acostumo.
Sigo na esperança quase infantil de que você apareça, de repente, pra contar sobre essa última viagem.
Tá difícil, Glorinha, aceitar que, dessa vez, eu não vou saber o que você achou do lugar pra onde você foi…
Tantas vezes, por tantos anos, eu e tantos brasileiros aprendemos a conhecer lugares e suas culturas pelo seu olhar, pela sua observação amorosa de espaços e pessoas.
Suas palavras, sua emoção, sua coragem de desafiar seus próprios limites e medos nos levaram mundo afora.
Dessa vez, você foi pra bem longe, um espaço onde todos nós estaremos um dia, e sobre o qual temos tanta curiosidade.
E eu me pego aqui, ansiosa, aguardando um contato seu para saber um pouco sobre o que nada se sabe, sobre a última viagem.
Agora que você está em outra dimensão, me faltam sinais e notícias desse mundo, e sonho com sua narrativa.
Você, que dezenas de vezes abriu portas e caminhos.
Você, que nos mostrou que se jogar na emoção é mais importante do que ter palavras para descrevê-las.
Você, que nos inspirou a romper espaços e acreditar que devemos dançar o baile da vida, tragando firme todas as emoções.
Você, que corajosamente desafiou estruturas e preconceitos para mostrar que tudo é possível.
Você, que tanta falta faz para os milhões que sempre tiveram na sua imagem o farol luminoso que indicava a esperança de uma vida melhor.
Sua habilidade em mostrar um mundo tão rico e diverso nos ensinou sobre resiliência, respeito e empatia.
Amiga, aproveite essa viagem como você aproveitou todas as outras. Suas filhas estão bem cuidadas. Elas seguem seus ensinamentos e nos enchem os olhos de lágrimas tamanha a emoção quando falam de você.
Da minha parte, decidi que vou viajar mais e mais, e sempre mais, porque tenho a certeza de que em cada uma das viagens vou encontrar você!
Vou encontrar sua coragem, sua generosidade e suas risadas.
Me despeço como sempre nos despedimos: “Te amo”.
