Tetê Etrusco, da Casa Turquesa, em Paraty-RJ

Nômade por natureza, a proprietária da Casa Turquesa encontrou seu porto seguro em Paraty (RJ), onde, além de gerenciar seu hotel, de fama irretocável, é responsável por projetos sociais, apoiadora dos pequenos produtores locais e uma anfitriã que faz dos hóspedes seus amigos

Tetê Etrusco casa turquesa

Algumas pessoas se tornam a identidade de alguns lugares. Tetê Etrusco é uma delas. Conhecida em Paraty antes mesmo da abertura da sua Casa Turquesa, ícone da hotelaria de charme brasileira, já inspirou diversos empreendimentos e ações sustentáveis com foco no contato humano e na cultura do vilarejo colonial mais famoso do Brasil. 

Nômade confessa, Tetê não pretendia se fixar em Paraty. A jornada que a levou até a cidade foi orgânica e cheia de percalços e golpes do destino.

Com a compra de um barco para navegar na região, iniciou uma agência de passeios que contavam com sua presença. Iniciada no universo do turismo, a Casa Turquesa foi um caminho natural.

O nome Casa, aliás, não poderia ser mais apropriado. O hotel está instalado em uma área que se confunde com a sua própria residência. O hóspede sente o cuidado da fundadora em todos os momentos, a partir das dicas personalizadas aos cuidados e mimos pensados com carinho.  

Basta conhecer Tetê pessoalmente para entender que a Casa nada mais é que a materialização de sua essência.

Tetê Etrusco casa turquesa
Duas jovens tenistas do projeto PPT | Foto: @euamoparaty

Como veio parar em Paraty?
Tetê Etrusco – A história é longa e começa em uma década longínqua. (risos) No começo dos anos 1990, eu e meu então marido morávamos em Cavallon, na Provence, sul da França. Como todo bom francês, ele é apaixonado pela costa brasileira. Tirávamos alguns meses de férias para explorar o litoral e, como sempre gostamos de Paraty, fomos naturalmente atraídos até a cidade. Acabamos comprando um barco e morando aqui seis meses do ano, durante o verão. 

O processo de mudança foi um golpe do destino? 
Não posso dizer que foi uma escolha. Entre nós, na época, eu nem queria deixar a Europa. Mas aconteceu. Ele tinha muita vontade de ter um negócio aqui. Estávamos navegando e o Jacques me dizia: pergunta quanto custa um barco. Um marinheiro nos mostrou um que estava à venda. O nome da embarcação me chamou a atenção: Porto Seguro. Nem imaginava que o compraríamos. Não era um investimento alto e pensei que o pior que poderia acontecer era ter um barco no Brasil.

Tetê Etrusco casa turquesa
Concerto da Orquestra Sinfônica de Paraty | Foto: @euamoparaty

A preocupação
com a natureza
e em apoiar a
comunidade
sempre foi
uma prioridade
minha como
hoteleira

Então o Porto Seguro foi o responsável por trazê-la ao universo do turismo?
Começamos a fazer passeios de escuna, já buscando o perfil dos clientes que hoje temos na Casa Turquesa. Gente que procurava uma experiência mais sofisticada, fugindo das praias e áreas mais lotadas da baía. Como conhecíamos a região muito bem, acabamos desenvolvendo rotas para cantos escondidos que acabavam surpreendendo mesmo quem já havia estado em Paraty. 

Essa trajetória parece o sonho nômade atual.
Sim, nós vivemos esse sonho. Depois de alguns anos, acabamos nos separando. Continuei morando lá e cá, mas a vida foi me trazendo de volta. Como não trabalhava mais na Europa, comecei a diminuir meu tempo por lá. De seis meses, passei a ficar cinco, depois quatro. O negócio começou a crescer e, como já passava mais tempo aqui do que na França, quando vi, tinha voltado de vez. Eu tenho alma nômade. É muito difícil para mim enraizar nos lugares.

Como uma nômade acabou fincando raízes na Casa Turquesa?
Quando voltei de vez, não tinha nenhum plano. Adorava estar sozinha no barco, cuidando dos negócios. Foi um período muito bom para aprender. Percebi que, apesar de não fazer passeios, algumas pessoas ficavam sabendo do “barco da Tetê”, como o Porto Seguro ficou conhecido, para tomar um drinque e conversar, assim como acontece hoje na Casa Turquesa. Eu não aguentava mais sair de barco e meus amigos sempre me diziam para comprar uma casa e abrir uma pousada. Eles diziam que tudo na cidade cheirava a mofo. (risos)

Eram outros tempos…
Era 1992. Nem de longe tínhamos o tipo de hotel que encontramos hoje no Brasil. Por coincidência, o barco pertencia ao Renato Tavolaro, o arquiteto responsável pela Casa Turquesa. Parece que estava escrito. Tivemos uma conexão ótima e somos amigos até hoje. Eu disse para ele que, assim que tivesse uma casa na cidade, ele seria o responsável, e assim foi. Renato tinha morado na cidade por muitos anos e resolveu ir embora  após ficar viúvo. A Casa foi um retorno para ele. Além do hotel, ele é responsável pelo restauro de mais de 40 casas de Paraty.

Membros da Orquestra Sinfônica de Paraty

O conceito da Casa Turquesa sempre esteve definido? 
Olha, eu tenho que fazer tudo com a alma. Quando cuidava do barco, tudo funcionava muito em torno da minha presença. Eu queria que fosse uma casa sofisticada, de bom gosto, mas sem frescuras. Com alma e personalidade. A Casa tinha que ter um pouco a minha cara, com foco nos detalhes e atenção individual a cada hóspede.

A Casa é uma tradução dessa atenção?
Sim, eu gosto muito de me envolver em tudo. Dar dicas para os hóspedes, fazer com que todos se sintam em casa. Mas tudo aconteceu muito rápido. Sem nenhuma mídia, crescemos e ganhamos prêmios. Quando olho para trás, parece que tudo caiu do céu. Só começamos a promover a Casa Turquesa depois de quatro anos de funcionamento. Sempre achei que o projeto de abrir um hotel seria algo legal, mas não imaginava que ficaríamos conhecidos internacionalmente.

Você parece bastante integrada, em projetos sociais e de sustentabilidade na cidade. 
Pois é. Sempre me preocupei com a natureza e seus recursos. Desde antes de morar na França, já tinha como costume evitar o desperdício de água e de energia, separar o lixo e evitar o plástico. Já há alguns anos, a Casa retirou todos os plásticos de uso único. Há algo interessante que aprendi nos vilarejos do sul da França. Lá todos evitam compras em grandes mercados para fortalecer o pequeno produtor local. Aqui procuro fazer isso empregando e utilizando os serviços de pessoas da cidade. E procuro conscientizar o time que cuida da Casa sobre a importância disso. 

Pode nos contar um pouco sobre os projetos sociais apoiados pela Casa? 
Há dois projetos que apoio pessoalmente. O PPT (Associação Pro Rio-Projeto Paraty Tênis) é um dos meus preferidos, porque dá a oportunidade de crianças das comunidades do entorno de Paraty de acessar um esporte considerado elitista. As crianças começam a jogar cedo, já com 7 anos, e têm a oportunidade de viajar para competir. Ver jovens das comunidades com a raquete de tênis na mão é emocionante. Para algumas que começaram há alguns anos, estamos patrocinando a entrada na faculdade. O outro projeto que apoiamos é a Orquestra Sinfônica de Paraty. Acredito que, melhorando as condições e dando esperança às crianças, contribuímos para o futuro e as incentivamos a assumir papéis no mundo. O esporte e a cultura cumprem isso.

Tenista do projeto PPT | Foto: @euamoparaty
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Validade: BENEFÍCIO EXPIRADO

Paraty é uma das capitais culturais do Brasil.
Sim. É incrível como projetos assim mudam a vida das crianças. Um dos meus afilhados no Paraty Tênis tinha o sonho de tocar violino. Hoje ele participa dos dois projetos. Além de ótimo tenista, toca violino bastante bem. Conseguimos oferecer a ele o acesso a duas atividades que, em nosso país, infelizmente, são considerados elitistas. 

Os hóspedes da Casa Turquesa podem apoiar os projetos? 
Nós temos um grupo forte de apoio, com moradores e proprietários de casas na cidade. Nos comunicamos constantemente para organizar ações e apoios de emergência, como recentemente, após as enchentes que enfrentamos no começo do ano. Os hóspedes podem visitar o Paraty Tênis, que é aberto e conta com um reforço escolar. Os visitantes podem até jogar. Os ensaios da orquestra também são abertos e, claro, sempre que possível, conferir as apresentações que os meninos fazem durante o ano. 

Entrevista publicada na edição 08 da Revista UNQUIET. Acesse aqui.

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