Filha de mãe brasileira e pai italiano, que se conheceram a bordo de um navio, Patrizia Passalacqua Zito nasceu no Rio de Janeiro e cresceu na Itália, onde se formou em economia marítima. Sua conexão com o oceano moldou sua vida e carreira. Ao testemunhar as disparidades sociais em suas viagens, a determinação em mudar o que via a fez agir e criar iniciativas sociais, impactando comunidades pelo mundo afora. Na companhia de cruzeiros Swan Hellenic, além dos projetos especiais, a consultora traça roteiros inusitados e recheados de aventura, como o que levou os passageiros do SH Diana a uma travessia nunca antes realizada até a remota Socotra ‒ fazendo dele o primeiro navio de expedição a aportar no arquipélago iemenita, onde foi realizada uma ação social numa escola pública da capital, Hadibo. Abaixo, um resumo concedida por Patrizia para UNQUIET.
O que motivou você a exercer esse papel social nos destinos que percorre?
Ao visitar a África Ocidental, especialmente o Arquipélago dos Bijagós, em Guiné-Bissau, senti a necessidade de fazer mais do que apenas ser turista. Não podia ficar impassível diante das inúmeras dificuldades das comunidades que visitava. Por isso, busco contatar organizações locais e encontrar maneiras de contribuir. Todos podemos fazer a diferença.
Pode falar um pouco mais sobre essa visão?
Em vez de birdwatching, muita gente faz “human watching”, desce em um destino, faz fotos do lugar e das pessoas e vai embora. Para mim, isso é impossível. Não dá para ver crianças com fome, tirar uma foto e voltar para o navio de luxo.
Tem histórias que a marcaram?
Conheci uma garotinha, a Matilde, na Ilha de Bijagós, onde o simples pedido por uma escova de dentes me fez perceber que algo básico para nós pode ser crucial para outros. Outras histórias tocantes foram a de um menino que sonhava em ser médico para salvar seus pais e a de um casal de irmãos que revelou os desafios enfrentados por famílias em comunidades rurais. Essas experiências reforçam meu compromisso em continuar fazendo a diferença aonde quer que eu vá.
Fale de suas raízes e sua vida pessoal
Sou brasileira por parte de mãe. Nunca morei no país, mas sempre o visitei durante as férias. Cresci na Itália, porém amo tanto o Rio de Janeiro que todos dizem que sou mais carioca do que muitos locais. Tenho uma paixão profunda pelo Brasil, onde espero passar mais tempo, pois recentemente comprei um apartamento no Rio. Resido em Mônaco, onde fica o escritório principal da Swan Hellenic. Sou casada há 30 anos com Andrea Zito, CEO da companhia, e temos dois filhos: Tommaso, engenheiro naval, e Niccolo, que trabalha no mercado financeiro. Além disso, sou louca por animais e tenho três cachorros, um deles adotado em Trancoso.
Conte sobre sua formação e sua profissão
Graduei-me em economia marítima em Gênova, Itália, e trabalhei por 15 anos na Costa Cruzeiros e na Silversea. Atualmente, sou consultora da Swan Hellenic Cruises, ajudando na divulgação da marca e organizando roteiros incomuns.
Quantos países conhece e quanto tempo fica a bordo?
Eu me apaixonei por navios quando viajava com meu pai pelo mundo. Ele trabalhou a vida inteira a bordo, e comecei a viajar com apenas 1 mês de vida. Já visitei 126 países. Só falta uma parte da Austrália e alguns lugares da Ásia. No ano passado, passei mais de sete meses embarcada, e 2024 promete ser igualmente movimentado. Sou bastante exigente e gosto de receber as pessoas, verificar pessoalmente se os novos itinerários estão bem organizados e se tudo está em ordem.
Quais os lugares de que mais gosta no mundo e aonde gostaria de ir?
Além do Brasil, adoro roteiros exóticos e difíceis, como a Antártica. A África Ocidental me encantou, assim como os 16 países africanos fora da rota turística que visitei recentemente. Gostaria de explorar mais a Austrália e o Arquipélago de Raja Ampat, na Indonésia, mergulhando em sua biodiversidade marinha, que é única.
Tem projetos futuros?
Vários! Estou animada em lançar a Fundação Swan Hellenic para apoiar organizações locais em nossos destinos, inclusive no Brasil. Além disso, planejo expandir nossos roteiros e incluir a Amazônia e outros lugares no país. Acredito que o futuro dos cruzeiros está em unir o luxo com a responsabilidade social, proporcionando experiências significativas para todos os envolvidos.
Clique aqui para ler a entrevista na edição 15 da Revista UNQUIET.