Verão em Londres: Marina Lima narra memórias doces e irreais

Doces lembranças de um início de verão ensolarado, musical e emotivo pela capital inglesa

Londres é uma cidade vibrante, repleta de arte e cultura. Talvez a minha preferida no mundo. Dessa vez, cheguei numa semana ensolarada, no mês de junho. Coincidiu de um grande amigo diplomata, Antônio Patriota, estar servindo como embaixador lá. Então ficamos, Lídice e eu, hospedadas na residência da embaixada brasileira.

A área onde fica a embaixada se chama Mayfair, no bairro de Westminster. Tive a sorte de pegar seis dias sem chuva, muito agradáveis para caminhar e buscar os locais aos quais me interessava ir: Tate Modern, Serpentine Gallery, Hyde Park, a casa de Sigmund Freud, Portobello Road, Covent Garden, os estúdios da Abbey Road… Queria curtir a cidade que tanto amo e também encontrar coisas específicas que só se acham em Londres. 

Chegamos à tarde, já tendo um jantar programado pelo Antônio com amigos que não via havia tempo, como Lilian Pacce e Roberto Jaguaribe. Isso nos trouxe lembranças de infância, principalmente a Antônio, Roberto e a mim. No terraço, para o nightcap, senti que a viagem seria especial. 

Começamos nossa primeira manhã visitando o Tate Modern, um museu de arte contemporânea dos mais importantes do mundo. Situado às margens do Rio Tâmisa, ele abriga permanentemente obras de Picasso, Rothko, Dalí e outros monstros consagrados. Mas eu estava atrás mesmo era da exposição Music of the Mind, da artista plástica Yoko Ono. Foi fundamental, para uma amante dos Beatles como eu, constatar como Yoko esteve sempre à frente de seu tempo. Uma arte questionadora, participativa, com pensamentos libertários que provocam ainda hoje o status quo. Não foi à toa que um gênio (John Lennon) se apaixonou e mudou sua vida e arte por ela. Saímos de lá alimentadas mas famintas! Depois de um breve almoço num restaurante português, pegamos um táxi de volta a Mayfair.

Marquei com a Lilian de irmos à primeira loja da Vivienne Westwood pela manhã. Eu queria muito retornar a ela. Feita a visita, pegamos um ônibus para Portobello Road, em Notting Hill. É lá que a gente vê as casas tipicamente inglesas, de construção igual, mas com cores alegres e diferentes. O caminho nos levou por feirinhas ao ar livre, ruas rodeadas de brechós, lojas de artesanato, joias e roupas. Coisas que só vemos em Londres.

O dia seguinte talvez tenha sido o mais emocionante para mim. Minha vida sempre foi pautada por música, poesia… e muita psicanálise. Primeiro, fomos conhecer a casa de Sigmund Freud. Ela fica no bairro de Hampstead, onde Freud passou os seus últimos dez anos de vida, fugindo do nazismo. O local ainda preserva vários pertences dele: o famoso divã de análise, uma coleção de arte egípcia (ele era fanático pelo Egito mesmo sem nunca ter ido ao país!), seus móveis. Foi muito emocionante. 

De lá, seguimos ‒ Antônio, Lídice e eu ‒ rumo a Abbey Road. Mal pude acreditar que estava pisando naquela rua! Tirei a famosa foto atravessando a faixa de pedestres (a capa do disco Abbey Road), visitei a loja dos estúdios atrás de lembranças bacanas que pudessem matar minha saudade dos “quatro cavaleiros do apocalipse”. Uma alegria só. Para fechar com chave de ouro, passamos em frente à casa em que vive Paul McCartney. Fotos no portão, claro… Rsrs

Últimos dia e meta: aproveitar o tempo bom e caminhar pelo Hyde Park. Passamos pela Serpentine Gallery, que fica dentro dele. Vi duas exposições: Revelations, da norte-americana Judy Chicago, e na outra ala Suspended States, do inglês Yinka Shonibare. Ambas potentes e bonitas.

De lá, fomos para o Covent Garden, passear e fazer compras. Pegamos o metrô. Aliás, o que é esse metrô? Só os ingleses para construir um meio de transporte dessa dimensão, praticamente uma cidade subterrânea! E ainda no ano de 1863! Descemos em Covent Garden e fomos andar por aquelas bandas. Queria olhar maquiagens, uma loja da Apple, procurar lembranças para os amigos e tomar um sorvete que só a Venchi tem. Foi tudo uma delícia. De lá, voltamos para casa. 

Passei a nossa última tardinha em Londres, novamente no terraço delicioso da residência da embaixada, com pessoas muito queridas e apreciando o anoitecer. Essa foi com certeza uma das melhores viagens que fiz na vida.

+ Leia outras crônicas de viagem publicadas na UNQUIET

Matéria publicada na edição 19 da revista

    UNQUIET Newsletter

    Voltar ao topo