Mostrar a natureza também é uma forma de ensinar sobre sua importância essencial para a manutenção do planeta. Essa sempre foi uma das máximas do trabalho do fotojornalista e documentarista João Marcos Rosa, que há mais de 25 anos dedica sua vida ao trabalho de fotógrafo ambiental.
Mineiro, ele foi criado solto no amplo terreno de sua casa, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ali descobria cantos de pássaros, animais silvestres e insetos – sempre amou estar ao ar livre, em meio ao verde. Aos 15 anos, ainda sem saber o que o destino lhe reservava, folheou pela primeira vez um livro de fotografias do avô, seu João Rosa (assim como o gosto pela imagem, também herdou o nome do avô). Ficou fascinado e sentiu que algo mudou em seu olhar. Algum tempo depois, ganhou do mesmo avô uma câmera e pôs-se a fotografar o que via: seus olhos sempre se voltam para os temas que desde pequeno o encantaram, a natureza, o meio ambiente e seus tantos encantos em forma de árvores, plantas e animais. “Essa câmera passaria a ser a minha parceira no que, para mim, se tornou uma missão: documentar o mundo e contar histórias”, lembra João.
Ao final da escola, ele ficou em dúvida entre a biologia e o jornalismo, duas áreas que o fascinavam. Viu no jornalismo o caminho mais natural para continuar o trabalho que mexia com seu coração. “Ao terminar a faculdade em BH, mudei para o Rio de Janeiro para fazer pós-graduação, sempre com o foco em me tornar fotógrafo ambiental. Foi nessa época que conheci Araquém Alcântara, que me convidou para trabalhar com ele”, conta sobre a experiência ao lado de um dos maiores nomes da fotografia ambiental mundial.
Em 2004, João começou a colaborar com a versão brasileira da revista National Geographic e se aproximou do objetivo de viajar o mundo e documentar a fauna e a flora dos mais diversos biomas. “Fui parte da revista por 16 anos e fiz reportagens profundas. Conheci grandes nomes da fotografia e do jornalismo, que me ensinaram muito. Quando a publicação foi descontinuada no Brasil, me reuni com um time de fotógrafos parceiros e fundamos a Nitro Histórias Visuais, a minha produtora. Desde então, estamos desenvolvendo projetos em diversas frentes ambientais, socioculturais e educativas”, conta João, que, entre outros, tem sete livros publicados sobre espécies da fauna brasileira, além de exposições em diversos países, como Inglaterra, Alemanha e Uruguai. “Em setembro, eu volto à França com a exposição Origem, a Amazônia Ancestral, em parceria com o fotógrafo indigenista Renato Soares”, revela.
João Marcos Rosa diz que a missão de documentar está em seu DNA. “Tento usar o máximo de ferramentas para mostrar a realidade do mundo com o meu trabalho. Minha busca é por compartilhar histórias e imagens que inspirem e conectem as pessoas a se importar mais com a nossa casa, que é o planeta Terra”, diz ele, um confesso apaixonado pela caatinga brasileira. “Ela tem um encanto diferente, que realmente me arrebata por tudo que representa, por sua resiliência e biodiversidade. É um ambiente onde me sinto muito confortável para trabalhar, apesar de todas as adversidades, do calor, dos espinhos, do acesso remoto”, explica ele, que também guarda como um tesouro suas duas experiências fotografando a ilha japonesa de Hokkaido e pretende registrar a fauna exótica da tundra russa assim que possível.





Matéria publicada na edição 19 da Revista Unquiet.