“Não há quem possa resistir ao encanto da África.” Essa frase, do poeta Rudyard Kipling, eu trago comigo desde a minha primeira viagem à África do Sul, há mais de 25 anos. As cores, os sabores, a convivência com os africanos, o contato próximo com os animais nos safáris, a rica cultura de cada região, tudo encanta e transforma.
A África “são várias Áfricas”. Um continente com 54 países, marcado pela diversidade de paisagens e tradições. Do lado ocidental fica a região outrora conhecida como “costa dos escravos”, de onde foram levados mais de 10 milhões deles para as Américas, incluindo o Brasil. Há pouco mais de um ano, visitei essa costa e tive a oportunidade de aprender muito sobre a verdadeira e triste história da escravidão e da colonização europeia.
No lado oriental estão os países onde acontecem os tradicionais safáris para o avistamento da vida selvagem africana. Foi para lá que fiz a minha mais recente viagem.
Tanzânia: o grande espetáculo da natureza
Fui à Tanzânia para vivenciar uma experiência até então inédita para mim: assistir à grande migração anual de animais, que acontece no imenso Parque Nacional do Serengeti, criado em 1940 e Patrimônio da Unesco desde 1981.
Localizado ao norte da Tanzânia, o Parque Nacional do Serengeti é palco de um dos espetáculos selvagens mais impressionantes da natureza: 1,5 milhão de gnus e mais de meio milhão de zebras percorrem cerca de 3 mil quilômetros todos os anos, desde o Quênia até a região do Serengeti, em busca de pastos e das águas abundantes, após a época das chuvas.
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Wilderness Usawa
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* Experiência Surpresa preparada ao ar livre, de acordo com a sazonalidade, para leitores UNQUIET
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Essa região sempre foi habitada pela etnia Maasai e foi batizada por eles de “siringet” centenas de anos atrás — é daí que deriva o nome atual, Serengeti, que significa “lugar infinito” ou “planície sem fim”.
A Tanzânia é um dos 12 países com a maior diversidade de vida selvagem no mundo, com a maior população de leões do planeta. As principais fontes econômicas são a mineração, a agricultura e o turismo.
Na chegada, a adrenalina estava nas alturas, pois já podíamos visualizar vários elefantes, zebras e gnus pela janela do avião, nos dando as boas-vindas. Pousamos e logo conhecemos nosso guia,
Hassam, que nos buscou num dos pequenos aeroportos que existem no parque e que ficaria conosco durante toda a nossa estada.
Foi de lá que partimos rumo ao Wilderness Usawa, a nossa hospedagem pelos dias seguintes. O Usawa é um novíssimo lodge móvel, que acompanha a grande migração. A cada dois meses, ele muda de localização, acompanhando a travessia dos animais, sempre em lugares remotos — longe de tudo, numa paz total.

São somente seis tendas, muito confortáveis e charmosas, que recebem no máximo 12 hóspedes. Estávamos totalmente integrados à vida selvagem. De nossas tendas e daquela onde saboreamos jantares deliciosos, podíamos avistar elefantes, gnus e antílopes. À noite, dormíamos ao som do rugido dos leões.
Acordamos bem cedo no dia seguinte e, após um café da manhã delicioso, com geleias, pães, frutas, ovos e panquecas, partimos para o nosso primeiro dia de safári.
A luz do amanhecer na África é sempre muito especial, com tons de dourado surgindo entre as esplendorosas acácias, a árvore típica da savana e a preferida das girafas. Ao longo do caminho, víamos gnus e zebras em grupos de centenas. Elefantes, girafas e búfalos também apareciam a todo momento. De repente, Hassam avistou um leopardo em cima de uma árvore. Fomos até lá e ficamos observando o animal por algum tempo. Os leopardos são animais solitários, tímidos e dificilmente avistáveis. Encontrar um no primeiro dia de safári foi um presente. Após essa experiência linda, voltamos ao lodge para um delicioso almoço e para uma siesta.



Como durante o dia faz muito calor na savana, os safáris são sempre de manhã bem cedo e ao cair da tarde. Saímos ao entardecer e fomos novamente agraciados ao avistar mais um leopardo, o que, segundo o nosso guia, foi algo novamente incomum. Dois leopardos num único dia….
Durante o safári, encontramos um bando de leões e novamente vários elefantes, girafas, búfalos, chitas, gnus e inúmeros tipos de antílope.
Felizes com o nosso primeiro dia no Serengeti, voltamos para o Usawa e jantamos ouvindo o som dos animais à nossa volta. Dormimos como anjos sob o silêncio da natureza, só interrompido algumas vezes pelo rugido dos leões que nos rondavam. Lindo, inesquecível e emocionante.

O curso da natureza
Acordamos bem cedo e, após um café da manhã sob outro maravilhoso nascer do sol, partimos, em nosso segundo dia de safári, rumo a outra região remota, onde logo avistamos um casal de leopardos prontos para uma caçada. Sempre me emociono quando vejo como a vida selvagem segue o seu curso e a natureza é perfeita, em total harmonia.
Mais leões, elefantes, girafas, búfalos, gnus e zebras pelo caminho. À tarde, após o almoço e a soneca, saímos para outro safári maravilhoso.
À noite, depois de ouvirmos algumas histórias das pessoas que trabalham no lodge, fomos dormir, exaustos e felizes por mais um dia inesquecível.
Nosso terceiro dia no Wilderness Usawa prometia ser único. Era a tão esperada saída em direção ao Rio Mara para ver a grande migração. Quando chegamos perto dele, sentimos a agitação de centenas de gnus e zebras prontos para cruzá-lo. O barulho era intenso e a movimentação grande.





Na hora da travessia, os gnus pulavam e rugiam num ritmo frenético em meio à correnteza, com crocodilos à espera da próxima refeição. Foram momentos de pura adrenalina, ao presenciar instantes mágicos da vida animal. Após essa manhã mais que especial, fomos para outra região à beira do Rio Mara, onde fizemos um piquenique observando uma família de hipopótamos imensos. Alguns machos chegavam a ter mais de 5 m de comprimento.
Na volta para o lodge, encontramos novamente grupos de elefantes e girafas, um casal de leões e mais centenas de gnus, que estavam por toda parte. Ao final do dia, voltamos para o Wilderness Usawa com muitas histórias para contar. Todos no lodge queriam saber como havia sido a nossa experiência. Diante de tantas emoções vividas, a resposta era: “Inesquecível”.



Ainda impactados pelo espetáculo do dia anterior, acordamos e fomos conhecer uma pequena comunidade isolada, que ainda vive como seus ancestrais, em pequenas casas feitas de barro em formato redondo, com seus rebanhos de cabras e bodes. De lá seguimos até a pequena cidade de Mugumu, onde visitamos o mercado local. Éramos os únicos estrangeiros, e fomos recebidos com sorrisos e olhares curiosos. Caminhamos entre as inúmeras barracas, com frutas, especiarias, verduras, cestarias, roupas e peixes e podíamos sentir os aromas e sabores da África mais ancestral e original.
Na volta para o camp, cruzamos com vários moradores pedalando bicicletas, carregadas de cachos de banana, botijões de gás e outros objetos, por longas distâncias.
Na noite do nosso último jantar, fomos surpreendidos pelo staff do Usawa com uma festa de despedida, com danças e músicas típicas. A alegria e a emoção dos dias de intenso contato com a natureza pungente e de tanto carinho recebido nos tocaram profundamente, deixando as lágrimas rolarem soltas sob o céu estrelado do meu lugar no mundo: a África.
Dançamos, cantamos e nos divertimos a valer. Foram lágrimas de felicidade e agradecimento por momentos que ficarão para sempre na memória e no coração. A África é um continente que oferece tantas experiências incomparáveis e diferentes, de uma região a outra. Cada país e cada cultura nos ensinam a respeitar as tradições, os valores e a história locais. Toda vez que viajo para lá, volto transformada e com muitos aprendizados para a vida.

Wilderness
- Missão: dobrar a quantidade de terras que ajudam a conservar até 2030. Hoje já protegem 2,3 milhões de hectares (6 milhões de acres) de terra.
- Educação
Fazem isso por meio de clubes ecológicos, currículo escolar e melhorias na infraestrutura, centros de alfabetização e outras iniciativas de educação ambiental. - Fortalecimento de laços
O emprego e o apoio a pequenas empresas locais reduzem a dependência de recursos naturais. Isso atenua o impacto indireto sobre a natureza e a vida selvagem. - Proteção
A coexistência entre homem e meio ambiente e os programas de segurança da vida selvagem. Proteger as pessoas da vida selvagem e a vida selvagem das pessoas. - Projeto Children in the Wilderness
É uma organização sem fins lucrativos apoiada pelo grupo, cujo objetivo é facilitar a conservação sustentável por meio do desenvolvimento da liderança e da educação de crianças na África. - Projeto Wilderness Wildlife Trust
Uma entidade independente sem fins lucrativos associada ao grupo, apoia uma grande variedade de projetos em toda a África. Os projetos e pesquisadores que apoiam atendem às necessidades das populações de vida selvagem existentes, buscam soluções para salvar espécies ameaçadas e oferecem educação e treinamento para a população local e suas comunidades. - O grupo concentra seu trabalho em três áreas principais:
- Pesquisa e conservação – incluindo estudos de espécies, monitoramento de populações e compreensão de conflitos entre humanos e animais.
- Capacitação e educação da comunidade – como a elevação da comunidade e o programa Children in the Wilderness.
- Combate à caça ilegal e gerenciamento – incluindo pesquisas aéreas, unidades de combate à caça ilegal e aumento da capacidade dos pesquisadores em geral.
- Dezenove de seus Lodges já são 100% alimentados por energia solar, e o objetivo é reduzir ainda mais a dependência de combustíveis fósseis, investindo em mais energia solar e em outras fontes de energia renováveis e eficientes. Também adotam soluções eficientes em termos de água em todas as propriedades, prestando muita atenção ao uso diário para preservar cada gota de água que os ecossistemas fornecem. As robustas estações de tratamento de esgoto trabalham para proteger os lençóis freáticos naturais dos resíduos que produzem. Também dizem não aos plásticos de uso único, à água engarrafada e ao desperdício de alimentos, fornecendo aos hóspedes garrafas de água reutilizáveis e adquirindo ingredientes do cardápio e outros suprimentos localmente, quando disponíveis.
- wildernessdestinations.com/impact
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Matéria publicada na edição 18 da Revista UNQUIET.


