Pirenópolis GO

Píri está com tudo
A pequena cidade goiana tem ótima infraestrutura turística e farto calendário cultural

Oferecimento:

A sorte bateu na porta de Pirenópolis pelo menos três vezes.

Primeiro em 1727, quando os bandeirantes chegaram a essa região do Centro-Oeste – a 125 quilômetros de Goiânia e a 182 de Brasília – e toparam com ouro. Data daquela época parte do casario da cidade, que foi tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico) em 1988. Infelizmente, as dificuldades de escoamento do metal e o esgotamento dos veios auríferos tornaram aquela fase efêmera.

Já na segunda metade do século seguinte, o engenheiro belga Louis Crulz se viu incumbido por Dom Pedro 2º de encontrar o lugar ideal para fincar a capital do país. Era uma segunda chance. Não vingou. De duradouro, sobrou apenas o nome do lugar. O batismo se deve por Pirenópolis estar incrustada em meio à serra dos Pirineus – que alguém julgou semelhante às montanhas que separam a Espanha da França.

Foto: iStock
Foto: Os Rúpias – Flickr
Foto: iStock
Foto: Os Rúpias – Flickr

A terceira oportunidade começou, a rigor, nos anos 1960, depois da inauguração de Brasília, quando passou a atrair mais visitantes. Mas foi a turma da contracultura que fincou raízes por lá e acelerou o crescimento, já nas duas décadas seguintes. Assim como o belga Crulz, muitos esotéricos, por motivos de outra ordem, traziam uma certeza: ali era o lugar ideal. Daí o surgimento de comunidades místicas como FraterUnidade e Fadalândia. A região congrega dezenas delas.

Já nos anos 1990, o turismo organizado era um fato concreto e muito mais, digamos, pé no chão. Pirenópolis, enfim, descobriu que tinha tudo para se vender como destino de viagem. Alguns desses predicados, além do casario colonial: boa cozinha, montanhismo, trilhas, arborismo, rafting, boia-cross e artesanato. Sobretudo, cachoeiras. Há mais de 100 delas, algumas de acesso facílimo.

Reserva do Abade (Os Rúpias – Flickr)

Para não perder a terceira chance, que chegara de bandeja, a cidadezinha de apenas 25 mil moradores, empenhou-se em bancar uma infraestrutura de pousadas e restaurantes acolhedores. Mais: criou um CAT (Centro de Atendimento ao Turista) que funciona pra valer: um na entrada da cidade, o outro em um posto do Centro Histórico.

Para garantir o fluxo de visitantes ao longo do ano inteiro, a esperta Pirenópolis, conhecida pelos admiradores por “Píri”, tratou de bolar um gordo calendário de eventos. Ele abrange das festas das Cavalhadas (40 dias após o domingo de Páscoa) ao festival de cervejas artesanais Piribier. Oferece, ainda, a música do Píri Music Festival e as comidinhas do Circuito Gastronômico Goiás. Ou seja: em qualquer época do ano, a rua do Lazer, epicentro dos bares, restaurantes e da agitação, está sempre animada. Sobretudo de noite.

Jatobá (Os Rúpias – Flickr)
Arvorismo (Reprodução, site do Santuário de Vida – Silvestre Vagafogo)
Foto: Reprodução, site Santuário de Vida – Silvestre Vagafogo)

Durante o dia, o programa é aproveitar ao máximo a natureza. Contrate um guia credenciado para percorrer o parque estadual dos Pirineus, criado em 1987. Sem guia é complicado percorrer a trilha de 5 quilômetros, de nível médio, que passa pelas cachoeiras do Garganta e do Coqueiro e leva ao pico do Ventilador (1.150 metros). Dali segue para o pico dos Pirineus (1.385 metros) e termina da melhor forma possível, nos Pocinhos do Sonrisal – uma sequência de reconfortantes piscinas naturais.

Para as crianças, prefira o Santuário de Vida Silvestre Vagafogo, a 6 quilômetros do Centro. Foi a primeira RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) de Goiás. São trilhas bem acessíveis em meio à flora típica do cerrado, entre cachoeira e piscinas naturais. Conta ainda com arvorismo, rapel e, nos fins de semana, com um restaurante que serve pratos típicos da região.

Reprodução, Site – Rua do Lazer

Quem ama o ecoturismo acima de tudo, pode se hospedar no Fazenda Hotel Tabapuã dos Pirineus. A imensa propriedade dispõe de rafting, passeios a cavalo, trilhas, rapel e tirolesa. Caminhos para off-road, inclusive. Excelente oportunidade para você usar seu Mitsubishi 4×4. Exemplo de sustentabilidade, a fazenda-hotel produz carnes, frutas e verduras e até carvão – feito com o próprio reflorestamento. No entanto, os quartos são modestos.

Há mais conforto para se hospedar no Taman Baru. Você pode estranhar o fato de a arquitetura e toda a decoração se basear na longínqua Indonésia. Afinal, estamos no Centro-Oeste – e não na ilha de Bali. Mas, acredite: funciona à perfeição. O hotel-pousada é muito bonito. Seus aposentos estão distribuídos em meio a um bosque, dentro de uma área de proteção ambiental – e nos fundos do terreno corre um rio com piscina natural.

Reprodução, site do Santuário de Vida – Silvestre Vagafogo
Reprodução, Site – Taman Baru

Pois é, Pirenópolis se permite até uma mescla do cerrado com Bali. Uma provável herança da contracultura. Talvez por isso – e ao contrário da cidade de Goiás Velho –, não tenha famosos restaurantes de cozinha regional, embora seja grande a oferta de arroz com pequi e outros pratos locais nos pequenos restaurantes do Centro.

De qualquer maneira, dá para provar boa comida goiana, feita em fogão de lenha, no Pillares. Funciona como um day-use. O restaurante fica à beira de uma gostosa praia de rio. Tem trilhas e piscina. Dá para passar uma tarde inteira, no maior sossego.

Já a venda do Bento cultiva um cardápio mais eclético: galinha caipira, carne de sol da chapa com queijo coalho, camarões na moranga. A venda fica numa antiga sede de fazenda, com pé-direito bastante alto. Tem redário, para um cochilo pós-refeição, e, ainda, um pequeno museu que conta a história da cidade.

Não admira, também, que um dos melhores restaurantes da cidade seja um italiano. O Calliandra acena com a facilidade de ficar no Centro. Tem carta de vinhos para lá de razoável.

A despeito do restaurante, uma boa sobremesa você encontra no tradicional Sorvetes Naturais. Resta escolher entre mais de 100 sabores. Os sorvetes são produzidos artesanalmente, sem gordura hidrogenada. E, aqui sim, prova-se o genuíno gosto do cerrado, de frutas como murici, baru, buriti e pequi.

Para quem sai de Brasília (DF) e quer aproveitar um fora-de-estrada total, é possível seguir para Pirenópolis em estrada de terra. Melhor vir entre maio e setembro, quando há menos chuvas. O caminho começa em Brazlândia, no Distrito Federal. Pare em em Edilândia e Cocalzinho. Com toda a tranquilidade, você fará o trajeto em menos de 4 horas.

Foto: Reprodução, Site – Venda do Bento

Serviço

Parque Estadual dos Pirineus – (62) 3265-1320, pirenopolis.go.gov.br

Santuário de Vida Silvestre Vagafogo – Rua do Frota, s/n, Alto do Carmo, (62) 3335-8515, vagafogo.com.br

Fazenda Hotel Tabapuã dos Pirineus – BR 070, km 5, zona rural, Cocalzinho de Goiás, (61) 99973- 9303, tapapuadospirineus.com.br

Taman Baru – Rodovia Parque dos Pirineus, s/n, zona rural, (62) 3331-3880, tamanbaru.com.br

Venda do Bento – Rodovia GO 338, km 4, s/n, zona rural, (61) 99217-3703.

Calliandra – Rua JK, 13, Centro Histórico, (62) 99340-6166.

Pillares – Saída para Pirineus, km 2, (62) 9413-9518.

Sorvetes Naturais – Rua Nova, 16, (62) 3331-1327.

Foto: Reprodução, site Santuário de Vida – Silvestre Vagafogo

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