Cânion do Xingó SE

O sertão virou mar
A hidrelétrica no rio São Francisco criou uma maravilha de passeio entre paredões amarelados e águas esverdeadas

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Três décadas atrás ninguém falava do cânion do Xingó. Pudera. Ele não existia.

Foi formado como efeito colateral do represamento do rio São Francisco, no sertão do Nordeste. Isso ocorreu em 1994, para erguer a usina elétrica de Xingó, na divisa entre Alagoas e Sergipe. Fincada a 3 horas de estrada de Aracaju (196 quilômetros) e a 4 horas de Maceió (297 quilômetros), a barragem reteve a vasão das águas, triplicando o leito do chamado Velho Chico naquele trecho.

Antes dessa operação, tudo o que havia por ali era uma vegetação rasteira, de caatinga, além de portentosas formações rochosas. Com a construção da hidrelétrica, as terras áridas ficaram submersas. Sobraram as tais formações rochosas, agora menos majestosas, em virtude da invasão das águas. Ainda assim, impressionantes.

Desde então, elas correm em braços de rios, formando o cânion do Xingó. Trata-se do quinto maior cânion navegável do mundo. Embora construído pelo ser humano, também é um dos mais exuberantes. As “gargantas” rochosas exibem paredões amarelados ou avermelhados, em contraste com o verde-esmeralda das águas. Só mesmo vendo.

Cânion do Xingó (Walter-Antonio-Livramento – Flickr)
Cânion do Xingó (Walter-Antonio-Livramento – Flickr)
Foto: Rosanetur – Flickr
Foto: Marco-Ankosqui_MTur – Flickr

Navegar no Velho Chico já seria, por si só, emocionante. O rio é histórico. O primeiro europeu a encontrá-lo foi Américo Vespúcio, em 1501. Ele o batizou com o nome do santo do dia: São Francisco de Assis. Em 1867, o explorador inglês Richard Francis Burton fez o primeiro mapeamento sistemático. Partiu da nascente, na serra da Canastra, em Minas Gerais, e o percorreu até a foz, 3.200 quilômetros depois, seguindo por terra nas áreas em que o rio não é navegável. Antes de desembocar no Atlântico, Burton singrou pelo São Francisco ao longo da Bahia, Pernambuco e Sergipe, até o encontro com Alagoas.

O cânion reforçou o turismo nas duas cidadezinhas à margem das águas. De um lado, em Sergipe, está Canindé de São Francisco. Do outro, em Alagoas, fica Piranhas.

Os catamarãs zarpam do restaurante Karranka’s, na margem sergipana. Durante uma hora navegam por entre os paredões até uma vasta piscina natural. Ali todos descem do barco para nadar, no porto do Brogodó. A partir desse ponto, segue-se o trajeto por mais 10 minutos em barcos menores, capazes de navegar pela área mais estreita do cânion – e, para muitos, a mais bonita. Chega-se assim bem perto da gruta do Talhado.

Foto: Cleverton Ribeiro, MTur – Flickr

Para quem resiste à ideia de um catamarã lotado e sujeito à burburinho e música alta, a alternativa é contratar uma lancha para fazer o mesmo trajeto. Elas zarpam com um mínimo – e um máximo – de seis passageiros a bordo. A oferta desse serviço varia ao longo do ano. Uma dessas lanchas sai do píer do restaurante ecológico Castanho, em Delmiro Gouveia (AL), a 45 quilômetros do cânion. Entre outras facilidades, os passageiros podem escolher onde nadar, desde que respeitadas as áreas de segurança.

Embora a sergipana Canindé de São Francisco (29 mil moradores) e a alagoana Piranhas (26 mil) perfilem populações de dimensões similares, os visitantes mais antenados costumam dar preferência a esta última para se hospedar e fazer as refeições. Até porque tem história.

Vários prédios de Piranhas, datados dos séculos 18 e 19, foram tombados pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional). Dom Pedro 2º se hospedou aqui. Já no século 20, o lugarejo ganhou fama nacional devido ao bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (1898-1938). De Piranhas, em 1938, partiu o pelotão que desbaratou os cangaceiros. Lampião e seu bando foram decapitados. Suas cabeças, exibidas no centro de Piranhas.

Mandacaru no Sertão (Adryanne Arcanjo Costa – Wikimedia)
Piranhas (Foto: Walter-Antonio-Livramento – Flickr)
Estrada para Piranhas (Foto: Walter-Antonio-Livramento – Flickr)

Parte dessa saga pode ser revisitada no museu do Sertão. O acervo não é grande. Ainda assim, reúne roupas e armas dos cangaceiros, entre outros objetos. Vale a pena. Quem se interessar ainda mais pela história de Lampião e seu bando pode fazer o roteiro guiado, de cerca de 4 horas, até a grota do Angico. Foi ali que os cangaceiros acabaram executados.

O passeio começa com navegação pelo São Francisco em rápidas voadeiras e continua com uma caminhada até Angico. Na volta, o barco ancora na vila de Entremontes. Ali, as rendeiras produzem um bordado conhecido por redendê. Algumas também trabalham com a laboriosa renda de bilro.

A melhor opção de hospedagem em Piranhas é o Hotel Pedra do Sino. Até porque tem piscina – um predicado e tanto em uma região de sol inclemente. Ela está estrategicamente incrustada numa área que permite ver o São Francisco do alto. Aliás, o hotel, bem localizado, aberto há oito anos, fica a 100 metros do Mirante Secular e a 80 metros do Museu do Sertão.

Vista privilegiada para o rio e providencial piscina também são chamarizes do Aconchego do Velho Chico. O hotel tem, da mesma maneira, serviços similares ao Pedra do Sino. E é ainda mais novo.

Dá para notar que há uma disputa para ver quem dispõe da melhor vista na cidade. Segundo muitos, ela é oferecida pelo restaurante Flor de Cactus. Para chegar, encara-se uma estradinha de terra. Nenhum empecilho para quem viaja a bordo de um Mitsubishi 4×4. Do alto veem-se não só o São Francisco, como também a graciosa cidade de Piranhas. A comida? Nada especial. Mas os pratos com carne de sol são bem feitos.

Para sentir o clima animado do centrinho, pode ser divertido jantar na pizzaria Altemar Dutra (o cantor era fã da cidade e dá nome até a uma praça por aqui). Você haverá de estranhar: pizza em plena canícula do sertão nordestino? Não é o único prato. O menu, servido em mesas ao ar livre, se lhe for do agrado, é eclético. Uma das receitas mais pedidas: cordeiro com cebolas roxas. Costuma vir acompanhado de forró pé de serra ao vivo.

Se não atrai pela hospedagem e tampouco pela culinária, Canindé de São Francisco também tem chamarizes. Entrou no noticiário nacional em 2016, quando virou cenário da telenovela Velho Chico, da Globo – e, sim, o ator Domingos Montagner morreu afogado acidentalmente aqui. Na cidade fica o museu de arqueologia de Xingó. Criado pela Universidade Federal de Sergipe, tem uma coleção de mais de 50 mil peças. Revela que o homem já vivia na região há 9 mil anos.

Outro passeio interessante é a visita à hidrelétrica. A obra levou dez anos para ser concluída. Ver as imensas turbinas de perto agrada sobretudo às crianças, embora elas possam se cansar de uma visita a toda estrutura, sempre com muitas explicações. Melhor ainda é conhecer a suntuosidade da usina de cima, incluindo o cânion do Xingó, em passeio de helicóptero – também contratado no restaurante Karranca’s.

Centro Histórico Piranhas-(Foto: Marco-Ankosqui_MTur – Flickr)
Museu do Sertão (Foto: Walter-Antonio-Livramento – Flickr)

Serviço

Restaurante Karranca’s – Praia Beira-Rio, 1, Zona Rural, Canindé de São Francisco, (79) 999869-6428.

Restaurante Castanho – Povoado Olho da Aguinha, s/n, Delmiro Gouveia, (82) 98855-1290.

Museu do Sertão – Rua José Martiniano Vaco (antiga estação ferroviária), 34, Piranhas, (82) 3686-3013, piranhas-al.com.br.

Hotel Pedra do Sino – Rua Alto do Mirante, 1.600, Centro Histórico, Piranhas, (82) 3686-1106, pedradosinohotel.com.br.

Aconchego do Velho Chico – Rodovia Altemar Dutra, s/n, Piranhas, (82) 3686-3497, aconchegodovelhochico.com.br.

Flor de Cactus – Rua José Martiniano Vasco, 9, Piranhas, (82) 98898-5528.

Museu de Arqueologia de Xingó – Avenida Marechal Rondon. s/n, Canindé de São Francisco, (79) 2105-6448, museus.cultura.gov.br.

Hidrelétrica de Xingó – Estrada para Piranhas, 12 km, (79) 99650-0731.

Rota do Cangaço (Marco-Ankosqui_MTur – Flickr)

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