Menino ou menina? A performatividade andrógina dos astros do K-pop faz crer aos turistas que na Coreia do Sul existe uma grande liberdade sexual. Seul é uma das metrópoles tecnologicamente mais avançadas do mundo, com wifi 5G rapidíssimo disponível gratuitamente em boa parte dos espaços públicos. Um hub de inovação que pulsa 24 horas por dia que usou a onda mundial do k-pop, a chamada hallyu, para popularizar uma estética muito particular que costuma mandar sinais trocados. As cantoras são bastante sexy, mas não podem ter vida afetiva ou sexual por contrato. Os cantores são bastante afeminados para padrões não-coreanos, e são padrão para os jovens, que geralmente se maquiam mais que as meninas. Mas isso não se traduz em uma sociedade menos conservadora com sexualidade liberada. A homossexualidade é vivida no armário para a grande maioria dos LGBTQIA+ coreanos. Um dado que ajuda a entender é que 20% da população coreana é evangélica neopentecostal com uma representação de quase 40% de eleitos no parlamento. E ainda que exista uma cena gay mais presente do que na maioria das capitais do extremo oriente, ela é bastante discreta.
Em Seul se concentra em um conjunto de vielas em Itaewon, conhecido como Homo Hill, mas que está marcado nas entradas com sinais luminosos alertando que se trata de uma ‘zona perigosa’. Quem decide assumir o ‘risco’ encontra vários bares, karaokês e clubinhos com shows de drag queens e gogo boys, além de um quarteirão com travestis e trans expostas em vitrines no estilo Red Light District de Amsterdam.
Itaewon é o bairro mais tolerante justamente por ser onde moram a maioria dos estrangeiros e que concentra boa parte da vida noturna, com muitas lojas, mercados e restaurantes abertos 24 horas.
Hongdae é um bairro universitário que também tem uma noite bastante intensa sete dias por semana, com suas arcades gigantes de egames, bares de pets e centenas de restaurantes pequenos de comida coreana e fusion. Além do impressionante comércio de cosméticos, Hongdae é conhecido pelas apresentações na rua de grupos coreografando sucessos do k-pop. Aqui também é comum ver meninos dublando vozes e danças femininas para uma multidão de meninas fãs.
O bairro de Gangnam, eternizado pelo sucesso de Psy, concentra uma miríade de concept stores de marcas de roupas, acessórios e maquiagem (sim, sempre maquiagem) e é conhecido por sediar quarteirões inteiros de clínicas de cirurgia plástica. Em suas ruas estreitas há muitos cafés super charmosos, ideais para tomar um dalgona coffee e ver o movimento de pessoas cheias de sacolas.
Para se recuperar de dias e noites certamente intensos, reserve uma noite para o Dragon Hill Spa & Resort, uma mega sauna coreana com 12 andares, aberta 24 horas e frequentada por jovens, idosos e famílias. Há andares só para homens onde a nudez é compulsória e é possível notar uma sutil movimentação gay. Seul é uma metrópole imensa com atrações espalhadas por toda cidade. O metrô, além de ter uma excelente cobertura, ser barato e fácil de usar e com ótimo wifi, tem na maioria das estações verdadeiros shopping centers.
Pride e Festivais:
Seul Queer Culture Festival – Parada, festas e eventos culturais que movimentam a cena LGBTQIA+ da cidade no começo de junho.
Dicas UNQUIET:
A Seoul Tower, com 500 metros de altura, é obrigatória para ver a impressionante arquitetura e belezas naturais da capital sul-coreana. No Bukchon Hanok Village, a cultura secular do país é preservada em prédios bem conservados. A arquitetura do National Museum of Korea, um dos maiores da Ásia, é uma atração à parte. Para os fãs de arte moderna e contemporânea, a pedida é o SeMA – Seoul Museum of Art. A Lotte World Tower, outra torre superlativa, é uma das maravilhas arquitetônicas recentes. Reserve uma manhã para ver o Gyeongbokgung Palace e seus jardins repletos de cerejeiras. E depois de um dia de andanças, sente-se nas construções de concreto desconstruídas para abrir um dos muitos riachos que cruzam Seul no Cheonggyecheon, essencial para entender o jeito sul-coreano de humanizar metrópoles.
Essencial Proudly UNQUIET:
Dongdaemun Design Plaza. Moderníssimo complexo criado pela arquiteta Zaha Hadid concentra inúmeras galerias de arte e eventos, como a Seul Fashion Week, e usuários do Grindr em escapadas diurnas.
Onde Ficar:
Andaz Seul Gangnam
Um dos hotéis com design mais interessante, contemporâneo nos quartos, moderno nas áreas comuns. Frequentado pelos habitués do icônico e mais badalado bairro sul-coreano. Atente-se à programação dos happy hours.
Chiwoonjung Spa Suites by Rakkojae
Equivalente a um ryokan japonês com estilo coreano. Tatames e ofurôs em uma área quase onírica. O destaque são os tratamentos de spa, com a famosa cosmetologia sul-coreana.
Mondrian Seul Itaewon
Localizado no bairro mais internacional, e gay, da cidade, o Mondrian tem design minimalista e boa estrutura para quem tem o perfil de visitar a cidade, apostando na área mais agitada para atividades culturais e noturnas.
Idiomas oficiais: coreano, inglês falado em lojas e restaurantes
Moeda: won sul-coreano
Clima: A capital da Coreia do Sul tem uma das primaveras mais concorridas da Ásia, com temperaturas amenas e pencas de cerejeiras e ameixeiras desabrochando para o deleite dos moradores e visitantes. O verão, abafado, é bastante animado, principalmente, à noite. No outono e inverno, a pedida é descobrir os sabores de um sem-fim de restaurantes e cafés espalhados pelos bairros mais badalados da cidade.