A personalidade solar de Zélia Gattai era uma de suas características mais marcantes. Ainda que conhecida como a esposa de um dos maiores nomes da literatura brasileira – quiçá mundial –, a paulistana, filha de imigrantes italianos, era uma presença pulsante ao lado de Jorge Amado.
Mesmo que tenham feito da mítica Casa do Rio Vermelho, em Salvador, seu refúgio por 37 anos, o casal viajou o mundo e fez dele a fonte de inspiração de sua obra. Hoje convertido em museu, o número 33 da Rua Alagoinhas guarda a história de vida dos escritores, cujas memórias foram eternizadas em um livro homônimo de Zélia, que estreou na carreira literária aos 63 anos. Ela, grande observadora da alma humana, gostava de conhecer pessoas, culturas e hábitos que, mais tarde, permeariam sua produção literária.
Para entender a vocação exploradora do casal, cujas viagens eram incentivadas principalmente por Zélia, já que Jorge Amado tinha pavor de voar de avião, o espaço Viajantes, do museu, reúne um acervo de objetos garimpados em viagens para mais de 110 países – primeiro durante o exílio na Europa, entre 1948 e 1952, e depois pelo simples gosto de desbravar novos lugares. Durante suas constantes aventuras, Zélia e Jorge colecionaram amigos como Pablo Neruda, Pablo Picasso, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, personagens que, ao longo dos anos, visitariam a casa em Salvador.
Um dos espaços do memorial é, ainda, dedicado à outra paixão de Zélia, a fotografia: o cômodo Zélia, Companheira Graças a Deus, abriga centenas de câmeras, rolos fotográficos e imagens feitas por ela, inclusive em diversas viagens, entre outros objetos.