A brasilidade é uma constante na obra de Tarsila do Amaral. Considerada uma das mais importantes artistas brasileiras, foi uma revolucionária das artes e de seu tempo. A jovem pintora, que nasceu em Capivari, no interior de São Paulo, em 1886, não se contentou com as fronteiras de sua cidade nem com as de seu país. Para expandir o olhar e apurar os sentidos, ela foi ver o mundo — algo extremamente incomum à época, ainda mais em se tratando de uma mulher. Sua alma de viajante era tamanha que, inclusive, chegou a ser o tema de uma exposição da Pinacoteca de São Paulo, em 2008, chamada Tarsila Viajante.
No início dos anos 1920, a década fundamental de sua produção, ela passou entre Paris e Londres, com visitas a Espanha e Itália, que foram fontes de inspiração e também lhe permitiram ter um olhar distante e generoso sobre seu amado Brasil.
Na mesma década, a pintora fez longas incursões em Portugal e novamente Itália e França. No Brasil, viagens ao Rio de Janeiro e às cidades históricas mineiras serviram para impulsionar o interesse da artista pela cultura popular e originaram obras como O Mamoeiro e Carnaval em Madureira.
Em 1926, Tarsila se rende aos encantos do Oriente Médio, em uma viagem a Turquia, Egito, Chipre, Grécia e Líbano, incursão que rendeu diversos ensaios e a trouxe de volta às raízes brasileiras: foi a época mais marcante de sua trajetória, com a produção de obras icônicas, como o Abaporu. Inquieta por natureza, ainda esteve na Rússia, no início dos anos 1930, viagem que inspirou Operários e Segunda Classe.