Descoberta
nas Maldivas

Surfar sozinho ondas perfeitas e desconhecidas numa das mais belas paisagens do planeta – isto é luxo

Fechar

Benefícios Exclusivos UNQUIET: Maldivas, Soneva Fushi

Saiba mais

Consulte seu agente de viagens.

Soneva Fushi

Benefício expirado

Posso tirar seus sapatos? Como todo viajante que pretende aproveitar ao máximo seu destino, fiz minha lição de casa antes de partir para as ilhas Maldivas.

Foi quando topei pela primeira vez com a expressão “luxo inteligente”. Ela é utilizada para explicar o que me esperava no Soneva Fushi, um dos mais premiados e luxuosos resorts do planeta, onde eu passaria seis dias.

Proprietário do hotel, que completou 25 anos em 2020, o britânico de origem indiana Sonu Shivdasani afirma que a ideia de “luxo” mudou. Deixou de indicar o supérfluo, o excessivo. Virou sinônimo de paz, tempo, espaço físico. “Luxo é a sua ligação com a natureza”, diz ele. “É por isso que ficamos o mais distante possível do ambiente urbano.”

Muito interessante como teoria, mas minha dúvida era como isso se traduziria na prática. A resposta surgiu no momento em que deixei o hidroavião privado que me trouxera de Malé, a capital das Maldivas, arquipélago a sudoeste da Índia, no oceano Índico, e entrei no barco rumo à ilha de Kunfunadhoo. Ela é hoje conhecida como Soneva Island, a ilha de Soneva. O nome junta o de Sonu ao de sua mulher, a sueca Eva. Assim que desembarquei, me convidaram a ficar descalço – e desligar a internet. Os tênis, colocados num saquinho de pano com meu nome, seriam devolvidos no dia de ir embora. “No shoes, no news.” Paraíso.

Descalço segui para a “Villa 52” e descalço entrei. A casa, de muito bom gosto, acolhe até quatro pessoas. Na hora de comer, ainda sem ter certeza do que fazer, calcei o par de havaianas novinhas que trouxera do Brasil. Escolha errada. Todos os demais hóspedes estavam descalços.

Ótimo, pensei. Quanto menos frescura, melhor. Resorts luxuosos nunca foram minha praia. Ainda em São Paulo, ao saber que viria justamente para um dos mais celebrados, fiquei ansioso. Não sabia como me vestir. Mas logo percebi que trouxera roupa demais – bastavam os calções de surfe e as camisetas. Aliás os calções não poderiam faltar. Eu pretendia vivenciar todas as atividades – principalmente o eco-friendly surfing, o “surfe amigo do meio ambiente”.

A preocupação do Soneva com a sustentabilidade – entre outras ações, o uso de plástico foi banido na ilha e os corais são protegidos por um programa de recuperação – começa na recomendação para que os visitantes não tragam suas próprias pranchas. Você usa as deles, da renomada marca Firewire. Apesar de haver deixado em casa a minha, fabricada a partir de derivados de petróleo, foi uma decisão difícil. Acabei escolhendo uma Firewire de teca, madeira nobre e levíssima, usada em móveis e deques de veleiros e lanchas.

Foto: Divulgação
surfe nas maldivas
Foto: Divulgação
surf nas maldivas: soneva
Foto: Divulgação

Não basta, porém, ter a tábua certa quando as ondas não aparecem. Segundo o guia de surfe Kochey, isso só aconteceria quando o vento mudasse. Naquela hora, ele soprava forte de noroeste. Todos os sites meteorológicos confiáveis asseguravam: o vento permaneceria estável. Kochey, querendo dar alguma esperança, marcou uma saída de barco para o atol de Baa dali a dois dias. Ele acreditava que o noroeste ao menos diminuiria de intensidade.

Baa ainda é pouco explorado quanto ao seu potencial de produzir ondulação de qualidade internacional. De acordo com as escassas informações na internet, 13 picos já foram batizados, mas apenas quatro são surfados com regularidade. O atol abrange 75 ilhas – 13 delas habitadas –, onde vivem 11 mil pessoas. Reserva mundial da biosfera (Unesco) desde 2011, Baa tem ilhotas que só podem ser visitadas com autorização explícita. A maioria das praias nunca viu a cor de uma prancha.

Formada por 1.196 ilhas agrupadas em 26 atóis no oceano Índico, a república das Maldivas é uma cadeia de recifes vulcânicos de coral alinhada de norte a sul, com 820 quilômetros de comprimento. Sem jamais ultrapassar os 2 metros acima do nível do mar (é o país mais baixo do mundo), as Maldivas têm uma condição geográfica peculiar. O espetáculo visual é inigualável, principalmente quando avistado do céu. Para quem pega onda, os surfing points mais visitados ficam perto de Malé, a capital. No atol de Baa, menos exposto às ondulações de sul predominantes de abril a outubro, as ondas são um pouco menores. Mas não menos perfeitas.

surf nas maldivas: Sonu Shivdasani em Soneva
Sonu Shivdasani em Soneva. A ilha combina o nome do proprietário com o de sua mulher, Eva
Foto: Divulgação

Levando em conta a força do vento e a disponibilidade de um arsenal de equipamento para kitesurf e windsurf, e até um catamarã Hobie-Cat, sobrou o que fazer enquanto eu esperava. E para o mar eu fui.

Estava programado, para o dia seguinte, um mergulho entre arraias manta. Mas a bióloga marinha Hanna Harries, inglesa encarregada da fauna subaquática, alertou: as mantas acabavam de ser avistadas. Um barco sairia em 15 minutos. Era pegar ou largar.

Peguei. Para quem cresceu acompanhando as aventuras submarinas do lendário francês Jacques Cousteau (1910-1997), oficial naval, explorador, pesquisador, cineasta e conservacionista, o universo subaquático é fascinante. Uma frase de Cousteau me marcou: “Fiz filmes sobre o mar porque acredito que as pessoas protegem o que amam”.

As Maldivas
ficam no Índico,
longe de tudo.
Mas, hospedado
em Soneva, você
se sente em casa

surf nas maldivas: soneva
Você chega em Soneva de hidroavião. E pode ir direto para o restaurante Out of the Blue. Ou então para o Fresh in the Garden, que utiliza o sistema garden to table – da horta para a mesa. Os piqueniques no atol em frente ao hotel são inesquecíveis
Foto: Divulgação
surf nas maldivas: soneva
Foto: Divulgação

Foi memorável cair n’água entre seis peixes cartilaginosos em Baa. Eles aproveitam o plâncton preso no interior do atol para se fartarem de comida. Um russo e eu tiramos a sorte grande. Mergulhamos só os dois, por 40 minutos. Num inglês fluente, ele me contou indignado o acidente ambiental que acabara de acontecer em Kamchatka, no extremo leste russo, na Sibéria Oriental, nas proximidades do Japão. Que maravilha estar num lugar onde os recursos marinhos têm a devida valorização.
De volta ao hotel, fui almoçar no Out of the Blue, impressionante construção de madeira debruçada sobre o oceano. Pedi um poke especial do chefe, com sashimi de entrada. Fiquei apreciando os detalhes curvilíneos do restaurante, que poderia ter sido assinado pelo arquiteto catalão Antoni Gaudí (1852-1926), caso ele trabalhasse com madeira, e não com pedra.

Próximo passo: assistir ao Sol se pondo num banco de areia ao lado do resort. Entre petiscos grelhados nas churrasqueiras e goles de um refrescante vinho branco, tive o prazer de bater papo com funcionários de alta patente, como o diretor de projetos e engenharia do Soneva, Eduardo Calvo. É um espanhol simpático, casado com a brasileira Anita Gomes, gerente de lifestyle do hotel.

Eduardo me convidou para jantar no dia seguinte no Fresh in the Garden, seu restaurante predileto na ilha. Ali funciona o sistema garden to table: pratos preparados com ingredientes colhidos fresquinhos na horta orgânica, ao lado da qual estão dispostas a cozinha e as mesas. Dá para ver exatamente de qual canteiro saiu a salada.

Antes do jantar, Eduardo me levou para conhecer as recém-construídas Water Villas. Distribuídas mar adentro ao longo de um píer também curvilíneo, cada uma delas tem piscina particular e um tobogã que despeja o cliente direto no mar. Impressionado diante de tanto conforto, minha atenção se concentrava nas explicações de Eduardo: madeira certificada, método sustentável para purificar a água da piscina, tratamento integral do esgoto. Até que a primeira série de ondas entrou.

Urruuuu! Sem querer, deixei Eduardo falando sozinho. Aquilo era real? As ondas entravam alinhadas, uma atrás da outra, quatro delas marchando em formação simétrica, até quebrarem redondinhas na bancada de coral em frente às vilas. O terral, vento que esculpe a face da onda no formato ideal, soprava suavemente.

surf nas maldivas: soneva
Foto: Divulgação

Como era possível? O fato é que estavam ali, bem debaixo do meu nariz. O impulso foi o de sair correndo, pegar uma prancha e me atirar no mar. O Sol, porém, já encostava na linha do horizonte. Não ia dar tempo.

O jantar com Anita e Eduardo foi memorável. Deixamos a escolha dos pratos a cargo do chef, nascido no Sri Lanka, país de magnífica tradição culinária. Embalado pelo vinho, fui dormir. Queria que o dia seguinte chegasse logo. Acordar cedo e conferir se o swell continuava.

Despertei com uma mensagem – a saída do barco, marcada para as 10h30, tinha sido cancelada. Mas não me preocupei. Na tarde anterior, eu já havia mapeado como sair remando, contornar o recife e me posicionar no ponto certo, sem riscos. Passei pelo centro de esportes náuticos. Perguntei a Kochey por que ele não me avisara que poderia surfar bem ali. Sem jeito, ele disfarçou, falando da pouca profundidade, que as ondas eram curtas etc. etc. etc. Era nítida a preocupação dele com minha segurança. Exagerada, porém compreensível.

Naquele dia e nos seguintes, tive longas sessões de surfe na Maldivas de sonho, que ficarão para sempre na minha memória. Não sei como, ainda restou energia para remar de SUP com Sonu; provar um jantar magnífico assinado pelo renomado sushiman nipônico Akira Koba; conhecer o playground monitorado, onde a criançada se divertia a valer sem a presença dos pais; ir à loja de diamantes lapidados no Japão; e assistir a uma sessão de cinema sob as estrelas, num anfiteatro cercado pela mata e pelo mar.

surf nas maldivas: soneva
Foto: Divulgação

Pegar ondas
de 2 metros
e descansar após
o esporte. Quem
quer outra vida?

cinema no soneva
Um drinque no Cinema Paradiso, ao ar livre; o spa à beira mar, ou sombra e água fresca na rede: a vida é maravilhosa nas Maldivas
Foto: Divulgação
pa no soneva
Foto: Divulgação

Isso sem falar no que deixei de fazer. Seis dias é pouco para tantas possibilidades. Basta dizer que nada poderia ser melhor para um surfista se recuperar das muitas horas se exercitando na água sob um sol forte do que uma passagem pelo Six Senses Spa, disponível para os hóspedes do Soneva Fushi. Massagem, meditação, ioga, tudo conduzido por especialistas em terapias holísticas numa instalação de frente para o mar.

Vou parar por aqui. Apelo apenas à imaginação dos leitores. Especialmente aos que gostam de pegar onda. Pensem no mar mais verde e transparente que puderem, e depois visualizem paredes líquidas, rápidas e tubulares, sorrindo pra você. Algumas com 2 metros de altura. Foram momentos mágicos.

Não sem razão, sentado na prancha à espera de uma nova série de ondas, me lembrei de John Severson, fundador da revista Surfer, considerada a principal referência do esporte, que escreveu, no editorial do número 1, em 1960: “Neste mundo lotado de gente, o surfista ainda pode buscar – e encontrar – o dia perfeito: ficar sozinho com seus pensamentos e as ondas”. Parecia inacreditável, mas nas Maldivas, na ilha de Soneva, no atol de Baa, em pleno 2020, aquilo ainda era possível.

Foto: Divulgação

Um sorriso de êxtase

Ele vai grudar no seu rosto depois do mergulho com as arraias

Historicamente surfe e mergulho livre sempre andaram juntos. Para surfistas do passado, o snorkel era garantia de sobrevivência – fonte de renda, de alimento, de treino para enfrentar os caldos demorados. Hoje isso acontece menos. Mas surfistas e mergulhadores continuam unidos pela paixão oceânica.

É normal nas viagens de surfe ter que esperar pela chegada das ondas. Enfrentar essa calmaria nadando com espécies da megafauna marinha, como as mantas, é um privilégio. Esses bichos em formato de losango chegam aos 2 mil metros de profundidade quando migram. Vivem em média 20 anos, e sua cauda comprida não tem ferrão – à diferença das raias de água doce.

No atol de Baa, de junho a novembro, os peixes-diabo ou peixes-morcego (como também são conhecidos no Brasil) entram numa espécie de frenesi – devoram diariamente toneladas do plâncton que sobe do fundo do oceano.
Nas Maldivas, as jamantas mais comuns têm envergadura entre 3 e 3,5 metros – mas podem chegar aos 5,5. Não devem ser confundidas com as arraias-gigantes oceânicas, com envergadura de até 9 metros. Embora parentes próximas dos tubarões, são absolutamente dóceis.

Curiosas por instinto, as mantas se aproximam dos humanos sem receio. Parecem querer checar de perto nossa estranha aparência. Quem são e o que desejam esses bichos de cara envidraçada? Esses seres de pés largos e compridos, sempre em busca da superfície por alguma razão? E ainda há os que levam um cilindro no dorso…

Quando, na mesma viagem, você nada com jamantas e pega ondas sublimes, acredite: seu sentimento de comunhão com o oceano será elevado a um novo patamar. Tudo o mais vai parecer secundário. E, enquanto você circula pelo resort, as pessoas vão morrer de curiosidade: por que esse cara não tira o sorriso do rosto? (AK)

Fechar

SUSTENTABILIDADE

Ações de conservação do meio ambiente e ações sociais

Saiba mais

SONEVA

  •  A Fundação Soneva foi criada para apoiar projetos socioambientais e, por meio de investimentos, zerar o impacto de carbono provocado pelas viagens aéreas dos hóspedes.
  • Fornecimento de fornos caseiros com alta eficiência energética para 230 mil pessoas em Darfur e no Myanmar, com diminuição em 50% da exploração de madeira nesses locais.
  • Plantio de 500 mil árvores em uma área de 121 hectares na Tailândia, como ação de mitigação equivalente a 250 mil toneladas de carbono.
  • As Ilhas Maldivas têm um problema crônico com o fornecimento de água. A iniciativa Soneva Water, com recursos da Fundação Soneva, criou uma usina de dessalinização, movida a energia solar. Filtrada e esterilizada, toda água consumida no resort é acondicionada em garrafas retornáveis.
  • Parceria com Water Charity para o fornecimento de água tratada em mais de 500 iniciativas em 53 países da África e Ásia.
  • Parceria com Action Against Hunger do Reino Unido para financiamento de ações de combate à desnutrição em zonas rurais no Nepal e no Rajastão (Índia).
  • Desdes 2014 a Soneva Foundation criou um programa de ensino de natação que já atendeu mais de 400 crianças e formou 38 professores de natação.

Site: https://sonevafoundation.org/

 

Surfe nas Maldivas
Mapa: Antônio Tavares
Foto: Divulgação

    UNQUIET Newsletter

    Voltar ao topo