Um pedal pelos Alpes suíços

Cinco dias supercênicos e 200 km facilmente rodados: a jornada libertadora – e absolutamente sustentável – de cruzar a Suíça de norte a sul em uma bicicleta elétrica

suíça bike elétrica

A primeira ladeira não assusta. Suave, a ciclovia rural vira um aclive, que serpenteia em meio a um campo verde tão cênico que parece saído de uma embalagem de chocolate suíço. Melhor dizendo: eu estava em um cenário de publicidade. Tem os Alpes, com picos nevados, delicadas casas de montanha, com telhados alpinos e vacas com sinos no pescoço, mugindo aqui e ali. Tudo tão encantador que quase esqueci que poucas horas antes eu estava apreensivo se daria conta de encarar os obstáculos da minha estreia em cicloviagens. A missão parecia ousada para quem, como eu, é acostumado apenas a pedaladas urbanas em bicicletas convencionais. Mas esse tranquilo início de uma jornada de cinco dias me fez acreditar que daria conta. Primeiramente, porque viajaria nesse território lindo e bem organizado que é a Suíça. E, em segundo lugar, porque estaria pilotando uma bicicleta… elétrica!

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suíça bike elétrica - Tremola
As curvas sinuosas da Estrada Tremola | Foto: Nico Schaerer
suíça bike elétrica
Foto: Daniel Nunes

Objetivo: pedalar de Zurique a Lugano
Comecei a me preparar seis meses antes, logo que confirmei que incluiria no meu roteiro pela Suíça uma pedalada cruzando o país de norte a sul. Passei a percorrer distâncias maiores nos fins de semana (30, 45, 70 km) para dar conta de viajar pelos cerca de 200 km que separam Zurique e Lugano. Embora eu nunca tivesse sentado no selim de uma e-bike, me confortei naquela promessa tentadora de que, quando cansasse minhas pernas, bastaria acionar a ferramenta que “turbina” a potência da e-bike. Recebi as instruções básicas sobre a bicicleta e o mapa na reunião do dia anterior à partida, no hotel, em Zurique. Foi quando conheci também nossos dois guias e os outros 11 estrangeiros da nossa expedição ciclística sustentável.

Testando o “Swisstainable Tourism”
Dono da maior parte dos Alpes, entre os sete países alpinos, e com mais de 6.000 km de pistas para bikes, a Suíça, menor que o estado do Espírito Santo, tem um cenário fotogênico e uma estrutura profissional, ideais para o cicloturismo. Depois que as bikes elétricas se popularizaram, as operadoras de viagens ativas passaram a incorporá-las em suas aventuras. As cicloviagens se somaram ao portfólio exemplar da Suíça quando o assunto é turismo sustentável ‒ ou “swisstainable”, um trocadilho usado pelo escritório de promoção turística do país. Para reduzir as emissões de carbono de deslocamentos de avião e de carro movidos a combustível fóssil, os visitantes são estimulados a priorizar os transportes elétricos (trens, barcos, carros, bikes e ônibus públicos), além de, claro, caminhar e pedalar.

suíça bike elétrica - Zurique
O skyline de Zurique, com suas tradicionais casas em estilo suíço, ponto de partida da viagem | Foto: Getty Images

A primeira vez de um e-biker
De trem, um cidadão comum se desloca confortavelmente em menos de duas horas de Zurique a Lugano. Mas eu e meu grupo escolhemos ir de uma cidade a outra pelo caminho mais lento, ativo e de maior interação com as comunidades locais, seguindo a cartilha internacional do turismo sustentável. Para este e-biker de primeira viagem, as ladeiras deixaram de ser monstros temíveis logo no primeiro dia. Graças ao dispositivo com três níveis de potência, eu não sofri nada nos aclives entre as pequenas cidades de Zug e Lucerna, onde percorremos 30 dos 62 km previstos para o dia 1. Só acionei o motor elétrico para não me distanciar dos colegas, que eram todos ciclistas mais experientes que eu. E senti a liberdade de pedalar feliz da vida.

Recarregando as baterias 
Se numa bike convencional, a pessoa precisa estar atenta à calibragem dos pneus, ao estado dos freios e à lubrificação das correntes antes de sair pedalando, aprendi desde o primeiro contato que a e-bike requer o monitoramento da carga das baterias. Por isso mesmo, essa é a nossa primeira tarefa ao chegarmos ao hotel em Lucerna. Também em função da popularização dos carros elétricos, é crescente a quantidade de hotéis e postos de combustíveis com recarregadores, que cobram por isso. A outra lição do dia é carregar os aplicativos certos no celular: além do passe do eficiente transporte público, o Swiss Travel Pass, e do My Switzerland, de informações turísticas, o Switzerland Mobility detalha distâncias, altitudes e rotas específicas para os viajantes em bicicletas em estradas, mountain bikers e caminhantes em trilhas.

suíça bike elétrica
Foto: Daniel Nunes
Vacas da raça Simental | Foto: Daniel Nunes

Sem poluição
Zurique, ao norte, a maior cidade da porção alemã da Suíça, tinha nos apresentado ícones contemporâneos da cultura urbana: grandes bancos, o Museu do Chocolate da Lindt, grifes de canivetes e relógios e até o Museu de Futebol da Fifa. Já Lucerna, a porta de entrada da Suíça Central, contrasta os prédios históricos medievais à beira do lago com montanhas lindas, como a Riggi, por onde caminhamos no dia seguinte. O deslocamento de ferry boat, depois de um bonde para subir e descer o monte e mais um ônibus para o hotel, comprovou o quão sustentável pode ser o turismo em um país onde o transporte coletivo funciona. Por ser um tipo de turismo mais lento ‒ a chamada slow travel ‒, a cicloviagem permite que o visitante interaja mais de perto com a cultura local, parando quando surpresas surgem no caminho. Foi o que aconteceu no Vale do Muotathal, a 70 km de Zurique, o local do segundo pernoite. O Sol ameaçava partir quando cheguei ao destino, repleto de montanhas rochosas, adoradas por escaladores e montanhistas. Para a nossa surpresa, uma fila de pastores desfilava na rua principal ao lado de vacas paramentadas com coroas de flores e sinos enormes. “Trata-se do Désalpe, um evento em que o gado é trazido do alto, dos pastos, para ser abrigado em celeiros durante o inverno”, contou nosso guia, Otto van Andel. Que sorte estar aqui.

suíça bike elétrica - lucerna
Lucerna com a Ponte da Capela cruzando o lago

Nas alturas, tremendo diante da Tremola 
A próxima paisagem era a mais esperada dessa roadtrip de e-bike. A 2.100 m de altitude, entre lagos, rochas e picos nevados, o Passo de São Gotardo é um dos 17 pontos do país, todos acima de 2 mil metros, onde se pode fazer a passagem de um lado a outro dos Alpes. Nesse caso, a travessia marca a passagem da Suíça alemã para a italiana, com outra língua, outros sabores e mais calor humano. Portal de boas-vindas para a deslumbrante região suíça de Ticino, a Estrada Tremola, que surgiu do lado de lá, era tão linda quanto amedrontadora. Nesse dia de garoa, a impressionante descida, de 24 curvas em ziguezague, numa pista de paralelepípedos, não era conveniente para as speed bikes, de pneus finos, próprios para pistas asfaltadas, usadas por parte do grupo. A turma com bicicletas de estrada decidiu desviar para a rodovia dos carros. Eu e os viajantes em e-bikes, com pneus largos e seguros, descemos tranquilos os 4 belos quilômetros da estrada antiga.

suíça bike elétrica
Foto: Daniel Nunes
Ritual de descida das vacas da raça Simental das montanhas para os pastos baixos | Foto: Getty Images
Fachada do Grand Hotel Villa Castagnola

Com a força das próprias pernas

Os 76 km, ao longo de seis horas, a partir de São Gotardo, foram marcantes tanto pela geografia quanto pelas ciclovias, bem sinalizadas, limpas, sem buracos e seguras. Passamos à beira de rios, ladeamos estradas de ferro e sentimos a velocidade exagerada das rodovias de veículos logo ao lado. No meu ritmo de slow travel, parando para tirar fotos e contemplar, vivi o prazer inédito de viajar graças à força das minhas próprias pernas até a cidade de Bellinzona, o ponto final da rota. Já acabou? Quase 200 km depois de Zurique, devolvi minha e-bike alugada, me despedi dos colegas de jornada e segui, agora de trem, até a estação vizinha de Lugano, outra linda cidade da Suíça à beira de um lago. Pela janela, reparei em novas ciclovias, com outros e-bikers, e me senti parte dessa turma. Pelo êxtase que vivenciei, a minha travessia sustentável pela Suíça como cicloturista e e-biker iniciante foi só a primeira de muitas outras cicloviagens (eurotrek.ch).

suíça bike elétrica - lugano
Lugano, destino final do pedal | Foto: Getty Images

Entre os Alpes e lagos 

Na cidade que é ponto de partida da pedalada, o Alex Lake Zurique é um verdadeiro refúgio urbano. Cercado pelas águas calmas do Lago Zurique e com vistas deslumbrantes para os Alpes, tem apenas 43 estúdios e suítes, todos decorados com materiais naturais em estilo contemporâneo e com terraços voltados para o lindo entorno. Além de acesso direto ao lago, o que possibilita esportes náuticos, o hotel mantém dois restaurantes gastronômicos que se destacam na cena de Zurique. Já em Lugano, o destino final da jornada de bike, o Grand Hotel Villa Castagnola, fundado em 1885, tem traços da forte influência italiana da região. Às margens do Lago Lugano e aninhado em um jardim subtropical, é um idílio de paz na bela cidade ao sul do país, com três restaurantes, um deles bem em frente ao lago, quartos amplos e uma capela do século XVI.  

Clique aqui para ler a matéria na íntegra na edição 12 da Revista UNQUIET.

suíça bike elétrica
Grupo pedalando às margens do Rio Ticino | Foto: Ti Press/Gabriele Putzu
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SUSTENTABILIDADE

Ações de conservação do meio ambiente e ações sociais

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Alex Lake Zurique

#Na área de hóspedes, o material plástico descartável foi amplamente substituído por alternativas sustentáveis ​​e de alta qualidade.

#Todos os resíduos plásticos são recolhidos e pesados ​​antes de serem entregues a uma empresa especializada para reciclagem.

#Faz parte do programa de sustentabilidade “Swisstainable” do turismo suíço nos níveis II e III. Swisstainable tem como objetivo ajudar o hóspede a obter mais orientação na área de viagens sustentáveis.

#Utilização de produtos regionais e sazonais, garantindo assim que estes não chegam nem provêm de estufas aquecidas com combustíveis fósseis.

#Envio de todos os sabonetes usados à SapoCycleq que é uma organização sem fins lucrativos que recolhe sabonetes usados ​​de hotéis e os transforma em produtos que salvam vidas. Os sabonetes são reciclados por pessoas com deficiência e depois distribuídos para melhorar as condições de higiene das famílias necessitadas

#Transporte público, carros elétricos e e-bikes estão disponíveis para os hóspedes do hotel durante a sua estadia para explorar a região.

#Otimização o consumo de energia e investimento em dispositivos e máquinas que desligam automaticamente quando não estão em uso.

#A água do Lago Zurich é usada para resfriar e aquecer o hotel.

#Separação rigorosa dos resíduos produzidos e reciclagem correta dos resíduos.

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Villa Castagnola

#Ingredientes são adquiridos de pequenos produtores locais.
#Uso consciente da água e da energia.

villacastagnola.com

suíça bike elétrica
Ilustração: Antônio Tavares

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