Aventuras sob o Vulcão Villarrica

No Centro-Sul do Chile, aventuras entre trilhas, lagos e cachoeiras e o aconchego de um lodge feito para acolher hóspedes, celebrar a cultura andina e louvar a natureza

Uma forte rajada de ar gelado no rosto me deu a certeza. Sim, eu estava lá… no sul do Chile.
Imediatamente pensei: conheço este vento, conheço sua força e a emoção que ele me traz. Anos atrás estive em Torres Del Paine, e sempre sonhei em conhecer os Lagos, a Região Centro-Sul do Chile. Com a alegria de uma criança me ofereci ao vento gelado. 
Nessa parte do país, como em todo o sul do Chile, a sensação térmica é sempre de uma temperatura menor do que aquela marcada pelo termômetro. O vento gelado, que para muitos incomoda, para mim é como o personagem principal, um ser sempre presente, e que eu reverencio nesta terra de encantos e mistérios.
A região de Araucânia, ou Araucanína como eles falam, é de uma beleza ímpar. Um lugar onde a natureza mostra toda sua diversidade e exuberância. São montanhas, vulcões, lagos, rios povoados de animais, plantas e uma gente extraordinária. 
Todas as épocas do ano aqui têm sua beleza particular, e são todas absolutamente diferentes. Escolhi o outono, uma estação que praticamente não temos no Brasil. Meses que tingem a vegetação de tons raros, que inspiraram os mais importantes artistas plásticos da história.

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&Beyond Vira Vira

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Hotel Magnolia

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villarrica
Passeio a cavalo, parte da programação do lodge | Foto: Divulgação

As trilhas do
Parque Nacional Huerquehue levam a cachoeiras e
lagos em meio à vegetação majestosa

Viajar é agora

Há alguns anos fiz um pacto comigo mesma: “vou fazer hoje viagens que não terei condições físicas de fazer aos 80.” Quando, na ampulheta da vida, a areia parece escorrer mais rápido bate um sentido de urgência. 
Aqui aproveito para usar as palavras do poeta mais importante desta terra (sempre os poetas nos socorrendo). Pablo Neruda escreveu: “morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não encontra graça em si mesmo.” 
E eu sabia que estar nesta região do Chile é ter a oportunidade de me aventurar em trilhas, montanhas, cachoeiras, rios, lagos e vulcões. Como a sabedoria popular ensina que a aventura pode ser louca, mas o aventureiro jamais, procurei o &Beyond Vira Vira. 
O comprometimento deste grupo é a garantia de momentos inesquecíveis de diversão, aprendizado e respeito no turismo que tanto aprecio. O hotel fica a 90 km de Temuco, a capital, e a 16 km de Pucón, uma das cidades mais importantes e charmosas da região da Araucanía.

villarrica - &Beyond Vira Vira
Estrutura do &Beyond Vira Vira | Foto: Divulgação

Desde o primeiro minuto que entrei no Vira Vira me senti acolhida. O imenso salão todo em madeira clara, os arranjos florais exibindo despretensiosamente os tons do outono, a grande lareira quentinha e, em especial, os sorrisos de todos que me receberam mostraram que aqui, gelado, só o vento…
Tomando um delicioso chá, nosso guia começou a mostrar todas as opções de passeios e atividades. São tantas e tão diversificadas as possibilidades que comecei a pensar que deveria ter tirado um mês inteiro para conhecer bem este lugar. Só que não…. precisava me organizar para os seis dias que teria pela frente e ainda lidar com a previsão do tempo, que não estava muito a nosso favor.

Conforto em meio à natureza

Mas como escolher entre trilhas, passeios, parques, matas, cachoeiras, raftings, bicicleta, cavalgadas, floating, lagos, o Vulcão Villarrica – estrela da região – e ainda conhecer a cultura ancestral do povo mapuche, originário do Centro-Sul do Chile… 
Percebendo minha ansiedade, nosso guia gentilmente sorriu e me tranquilizou: “calma, você vai aproveitar muito. Aqui nós cuidamos das pessoas, da terra e da natureza selvagem”.

Suíte Light Med do lodge &Beyond Vira Vira
Foto: Divulgação

Ao longo dos dias que se seguiram eu entendi que esses três pilares do &Beyond Vira Vira me ofereceriam exatamente tudo o que eu procurava.
Confortavelmente instalada na minha Vila – uma das 12 que o hotel disponibiliza para os hóspedes, além das seis suítes na sede principal e uma hacienda – uma grande casa para receber famílias e grupos –, eu comecei a achar que seria difícil querer sair daquele espaço tão lindo, ao mesmo tempo amplo e aconchegante.
Todo em madeira, muito bem decorado, o apartamento das Vilas tem lareira (mesmo tendo calefação), um escritório – que felizmente eu não precisaria –, uma imensa e sedutora cama de casal, fartos armários e um grande banheiro onde se destaca uma banheira com vista para o jardim e o rio. A tecnologia oferece uma conexão perfeita de wi-fi, e a TV foi substituída por uma imensa “tela” de vidro, que ocupa toda a parede da habitação e oferece uma programação ao vivo, da natureza local, 24 horas por dia.
Essa natureza me chamava, o vento gelado do sul uivava lá fora me convidando a novas experiências. Mais uma vez me lembrei de Neruda: “os pinheiros no vento querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre.”

Tour de bike na base do Vulcão Villarrica
Tour de bike na base do Vulcão Villarrica | Foto: Divulgação
Piquenique com vista para o Villarrica
Piquenique com vista para o Vulcão Villarrica | Foto: Patricio Garrido

Parque Nacional Villarrica 

Dizem que não existe tempo ruim, existe roupa errada. Munida de camadas de proteção, e, claro, um bom casaco corta-vento, lá fomos nós para o Parque Nacional Villarrica.
Criado em 1940, o parque tem vários setores. Começamos pelo setor Puesco. Uma área em altitude, cercada de montanhas. No caminho o majestoso Vulcão Villarrica se exibia.
À medida que nos distanciávamos desse monumento natural sempre nevado, a paisagem ia ganhando tons surpreendentes que variavam entre o verde, o amarelo, o laranja, o vermelho e o roxo.
A área de preservação abriga animais como pumas, raposas, gaviões, colocolo (ou gato-palheiro, um pequeno gato selvagem) e o monito del monte, o menor de todos os marsupiais, que cabe na palma da mão. 
Na vegetação lengas (típica de clima frio), raulí (o pinheiro bravo de grandes folhas), o coigue (espécie nativa do sul do Chile), e, claro, a rainha que dá nome à região: a araucária. Como são magníficas essas árvores. Ainda maiores e mais esplendorosas do que as brasileiras que conhecemos. Centenárias e imponentes, elas convidam ao abraço respeitoso que tanta energia transmite. 

Rafting pelo Rio Liucura | Foto: Divulgação

Durante a trilha, sempre com informações preciosas do nosso guia, tivemos a oportunidade de ver um pica-pau preparando sua casa para o inverno e aproveitamos os pinhões caídos para enterrá-los na fértil terra escura do parque, na posição certa, para que toda essa beleza siga se perpetuando.
Extasiadas pelas cores e formas da mata dos rios, dos lagos e, congeladas pelo vento andino, fomos convidadas a uma parada. Em minutos, nosso guia transformou um grande tronco caído de araucária numa confortável mesa de piquenique. A infusão quente de laranja, ervas e flores que ele trouxe do hotel parecia um sonho e ali presenciamos, pela primeira vez, mais um importante pilar do &Beyond Vira Vira: plástico zero! Aqui, mesmo fora do hotel, tudo é servido em copinhos de cerâmica e os “nuts” são oferecidos em saquinhos de papel, delicadamente amarrados com barbantes naturais. Isso é luxo! O luxo inteligente, consciente e ecológico. 
De volta ao hotel, descobrimos que ali a alimentação é mais que gastronomia, é obra de arte. Pelas mãos do chef Damián Fernandez Dupouy, durante seis dias provamos um menu fantástico, composto de entrada, prato principal e sobremesa. Todos os dias um cardápio diferente no almoço e no jantar, sempre apresentados de forma surpreendente e sedutora.

Dona Rosário, artesã de uma comunidade mapuche | Foto: Divulgação

Trilhas, Cachoeiras e Floating

Nos dias que se seguiram, fizemos novas trilhas no Parque Nacional Huerquehue que nos levaram a cachoeiras e lagos, sempre cercados por uma vegetação majestosa de árvores seculares.
Numa dessas trilhas na mata, fomos apresentados aos “Ojos de Caburgua”, um estupendo conjunto de três nascentes que brotam da terra, formam cachoeiras que chegam a 20 metros de altura e se unem em  um magnífico lago cor de esmeralda. O nome faz referência à forma como as cascatas são vistas de cima, como olhos verdes e azuis. 
A paisagem é tão linda e convidativa que agradeci por estarmos em mais um dia frio, pois nosso guia informou que mesmo no calor intenso do verão, é proibido mergulhar nesses “olhos”. Ali perto, seguindo novas trilhas, conhecemos a Lagoa Azul, um pequeno lago com queda-d’água que faz jus ao nome. 
Numa tarde tranquila e sem vento fomos convidadas ao floating, um belíssimo passeio pelo Rio Liucura. Por mais de 1 hora deslizamos pelas águas calmas desse rio claro e transparente. Nossa balsa flutuava em absoluto silêncio. O som da água que corria suave se misturava ao canto dos pássaros. São muitos, além do martim-pescador. No Rio Liucura, que corre em frente ao hotel, além do floating, os mais destemidos podem também fazer rafting ou caiaque. 
Amo aventuras e desafios, mas aprecio imensamente momentos de relaxamento, onde a simples contemplação, como neste floating, te coloca em contato com a natureza.

trakking na região do Vulcão Villarrica
Leilane fazendo trekking na região
Hortaliças, legumes, queijos e geleias produzidos no &Beyond Vira Vira | Foto: Divulgação
Rafting com Vulcão Villarrica
Rafting com Vulcão Villarrica a frente
Foto: Patricio Garrido

Rumo ao Vulcão Villarrica 

Estava eu terminando mais um banquete matinal, sim, porque o café da manhã do Vira Vira, não é um desjejum tradicional: é um banquete com variados croissants, pães, queijos, iogurtes, mel, frios e frutas ricamente apresentados e produzidos ali mesmo, quando nosso guia chegou sorrindo e trazendo a novidade: tinha nevado no Vulcão Villarrica na noite anterior. 
A manhã estava clara, de céu bem azul, e era propícia à caminhada na base de Sua Majestade, o Vulcão. Lá fomos nós…
Eu esperava muito desta primeira viagem pós pandemia, mas uma trilha na neve aos pés do Vulcão Villarrica me pareceu um presente dos deuses mapuche. 
Foram três horas inesquecíveis! A trilha, que começou bem aberta, formada pelas escuras rochas vulcânicas, foi embranquecendo pela neve fresca que tinha caído à noite. 
Lá estava ele, o Villarrica, imponente, com seus 2.847 metros de altura, um dos vulcões mais ativos da América do Sul.
O Villarrica é chamado pelo povo mapuche de Ruca Pillán – Casa dos Espíritos – e eles se manifestaram logo após a nossa chegada. O vento começou a soprar forte, as nuvens baixaram cobrindo o cume de lava incandescente e a neve começou a cair. A temperatura era de 4 graus e a sensação térmica era de 2 graus negativos.
Ir à base de um vulcão é subir continuamente, e mais uma vez me socorri das palavras de Pablo Neruda: “evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples fato de respirar”.

A paisagem era o bálsamo que compensava o esforço e o frio. A descida da trilha passa por um lindo bosque onde tivemos o privilégio de observar pegadas de um puma na neve fresca.
Ao final brindamos com chá quentinho e frutas secas oferecidas pelo nosso atencioso guia. De novo, eu louvei os pilares que fazem do &Beyond Vira Vira um hotel tão premiado.
O vulcão ficou pra trás, mas as experiências que vivi e as pessoas que conheci nesta terra andina e o gosto do vento gelado ficarão para sempre  tatuadas na minha memória e no meu coração.

Dona Rosário: a força e a resiliência de uma mapuche original 

O diferente, o estranho, o novo exercem sobre mim um imenso fascínio. Nada é mais diverso mundo afora que as pessoas. E não falo só de fisionomias. Me encantam os hábitos, a música, a comida, arte e a cultura de cada povo.

Hotel Magnolia | Foto: Divulgação
Dona Rosário e Leilane
Foto: Leilane Neubarth

Esse fascínio e curiosidade me levaram a querer conhecer a dona Rosário, personagem de um programa cultural oferecido pelo &Beyond Vira Vira. Dona Rosário é uma legítima mapuche, orgulhosa de suas origens e se dedica a divulgar e preservar a cultura de seu povo. 
A denominação mapuche se origina da fusão de duas palavras: “mapu”, que significa terra, e “che”, que quer dizer gente.  
Os mapuche são “o povo da terra”, literalmente. O grupo indígena mais numeroso e representativo do Chile. Para os mapuche (eu não esqueci o S, é assim mesmo que se diz), a terra é a razão da existência. Terra, num sentido muito além do plano material, físico, na dimensão espacial e do universo. 
Todos esses conceitos estão encarnados em dona Rosário. Ciente da força de sua cultura ancestral e com muita simpatia, ela nos recebeu em sua ruca, na cidade de Pucón. Ali, ouvimos dona Rosário desfiar histórias da sua gente e da sua juventude. 
Seguindo a tradição da boa hospitalidade mapuche, antes de encerrar a visita, dona Rosário nos premiou com alguns quitutes tradicionais de sua gente da terra: pães, bolos, geleias e um delicioso café de trigo. 
Ao final se despediu de nós com um abraço, um sorriso e desejou sorte em mapudungun, o idioma dos mapuche. Tudo com uma simplicidade e uma dignidade que tocam o coração.

Hotel Magnolia: conforto personalizado em Santiago   

Vai longe o tempo em que os hotéis queriam passar aquela imagem insípida e impessoal para receber seus hóspedes. Hoje, cada vez mais, um bom hotel é aquele que se diferencia dos demais e oferece a quem se hospeda ali, além de conforto, uma atenção especial e um atendimento personalizado. O Magnolia, em Santiago, capital do Chile, une a tudo isso uma boa dose de história e cultura.  

O hotel, que fica no centro de Santiago, aos pés do Cerro de Santa Lucía – um ponto cercado de comércio, restaurantes e monumentos – impressiona o visitante logo na chegada. Os vitrais da fachada e o imponente piso de mármore preto e branco do hall de entrada já indicam que esse é um lugar com personalidade. 

A biblioteca merece uma atenção extra dos visitantes: entre centenas de livros, se destacam obras de arte contemporânea, oferecendo sossego, aconchego e originalidade a quem passa o dia batendo perna numa das capitais mais charmosas do nosso continente. 

À noite, minha sugestão é o delicioso rooftop,  onde se pode escolher os melhores sabores do Chile e coquetéis exclusivos.

Para equilibrar os dias agitados e divertidos que passei nessa cidade que amo, pedi uma dose extra de relaxamento: uma massagem no apartamento. 

Para minha alegria, a equipe do hotel está sempre pronta para atender desejos e oferecer comodidades.

Hospedar-se no Magnolia de Santiago, por si só, já é uma viagem…   

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SUSTENTABILIDADE

Ações de conservação do meio ambiente e ações sociais

Saiba mais

andBeyond Vira Vira

  •  Estação de tratamento de água com e sem gás e esterilização de garrafas de vidro (não há garrafinhas de plástico nos quartos);
  • Todo o tratamento do lixo gerado na propriedade é feito pelo hotel
  • Sucos e drinques são servidos com canudos de metal
  • Hortas orgânicas suprem 80% das necessidades da cozinha do hotel
  • Distribuição de cestas de vegetais e alimentos às comunidades próximas durante o período da Covid-19
  • Site: andbeyond.com/impact

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Hotel Magnolia

  • O Magnolia Hotel & Spa é membro do Green Key Eco-Rating Program e foi certificado com uma classificação de 4 chaves. A Green Key Global é um organismo líder em certificação ambiental com mais de 3.000 membros, oferecendo um conjunto de programas de sustentabilidade projetados especificamente para o setor de hospedagem.

Site: magnoliahotel.com/environment

Clique aqui para ler a matéria na íntegra na edição 07 da Revista

Fachada do Hotel Magnolia, Santiago
Foto: Divulgação
Ilustração: Tavares

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