De todas as formas de expressão, as artes visuais sempre foram as mais fáceis para Érico Hiller. Quando criança, ele gostava de desenhar e passar horas folheando livros de imagens e de cinema. Embora apaixonado por esses temas, a vida seguiu seu curso e ele acabou trilhando outros caminhos.
Aos 25 anos, trabalhando na área de tecnologia, Érico se viu diante de um dilema: encontrar-se na vida, e com um propósito que realmente alimentasse a sua alma. A guinada veio quando ele descobriu na fotografia a sua verdadeira vocação. “Ao fazer o que eu amo, vi que a fotografia me colocou no trilho certo”, conta ele, que hoje, com 20 anos de carreira, contabiliza um legado importante. “Eu já fotografei moda, vida social, mas no fundo eu sempre soube que o que eu faria de diferente seria por meio da narrativa do documentário fotográfico”, conta.
Sua primeira incursão foi visceral: ele passou um ano fotografando países emergentes da América, Europa, Ásia e África, um trabalho que resultou no livro Emergentes, de 2008. “Nele eu entendi que a fotografia de rua é o DNA da fotografia documental”, lembra ele.
Com o lançamento do primeiro livro, ele focou seu olhar nas causas sociais e ecológicas, temas que o movem profissionalmente e como ser humano. “Eu sou uma pessoa comum. Não sou um superativista. Tive até receio de não estar me importando o bastante, mas as minhas preocupações com esses temas afloraram com o que eu via em viagens e os estudos”, diz. Hoje ele considera seu trabalho como um instrumento de impacto social. Além de Emergentes, Érico Hiller lançou outros seis livros, incluindo os impactantes Ameaçados — Lugares em Risco no Século XXI e A Jornada do Rinoceronte, sobre a caça do animal em maior risco de extinção do planeta. “O meu interesse central é a sociedade: homens e mulheres tentando encontrar seu espaço no planeta”, resume. O livro Água, de 2020, faz um importante alerta sobre a crise hídrica mundial e traz um panorama da luta de diversos povos em busca de água limpa para sobreviver em países como Bangladesh, Bolívia, Jordânia e Quênia. Ainda em 2024, o fotógrafo pretende lançar o projeto Da Dignidade ao Desespero, sobre o gênero, em que irá abordar temas sensíveis, como mutilação genital feminina, violência doméstica e problemas decorrentes de partos, entre outros.
