48 horas em Milão


48 horas em Milão

Novo Hotel em RomaPor Leticia Rocha

O  dia começa com uma gorda (e perfumada) fatia de panetone. Não é tempo das festividades natalinas. Também não é a casa daquela tia que sabiamente sempre guarda o bolo de frutas para devorá-lo fora de época com um cafezinho coado.
Pelo contrário, bem longe da bucólica cena do interior do Brasil, o fato acontece em Milão. E cotidianamente: sim, o ícone do final do ano nasceu ali, por volta de 1495, e como tal até hoje é tratado como um filho ilustre e um item sagrado no café da manhã milanês, seja nas casas, seja nos bares. Nesses últimos, sempre acompanhado de uma grande xícara de cappuccino ‒ o verdadeiro, italiano, feito só de leite e café. 

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Brioche com café do Panarello

Então, buongiorno: o programa em questão pode começar no Panarello, uma confeitaria histórica, aberta em 1885 em Gênova, com seis endereços e ponto de encontro de quem vive na cidade. Uma vez ali, para fazer as vezes de insider, há outro pop star matutino: o brioche, um “primo” do croissant francês e um rival do cornetto romano. Paralelamente, vê-se mais um concorrente na vitrine (sempre doce, sim, pois, nessa hora do dia, é cultural) em que você deve pensar seriamente. É o cannoncino, uma iguaria de massa folhada e recheio de creme, tido como o cannolo milanês. Dica: visite a unidade da Via della Moscova.

Minutos de contemplação: caso aceite o convite para o endereço acima, depois do mergulho gastronômico você terá pela frente uma bella passeggiata pelo fofo bairro de Brera. Em dez minutos, estará diante de mais uma parada inusitada, o Orto Botanico, que fica no quintal da Università degli Studi di Milano. Prepare-se para contemplar lindos canteiros verdes e floridos, em meio a gigantescas árvores e banquinhos de madeira de delicada beleza. Moradores do entorno são habitués, com livros e pets a tiracolo.

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O salão do Marchesi 1824

Um jardim pink: a toada segue insólita e descortina mais um passeio surpreendente. Há flamingos no centro de Milão! Isso mesmo, e eles esbanjam a sua penugem rosa em um jardim de um prédio residencial, a Villa Invernizzi, cuja visitação é aberta ao público. Porém a localização já diz tudo sobre a aura que paira nesse pedacinho chamado Quadrilatero del Silenzio, nas redondezas da Porta Venezia. Conta-se que esses famosos habitantes foram trazidos por um rico produtor de queijos, Cavalier Invernizzi, a fim de contemplá-los diariamente, ao abrir as janelas de seu quarto.

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Os flamingos da Villa Invernizzi | Foto:iStock

Comer e beber: o tema volta, claro, porque, afinal, é o DNA do lifestyle italiano. E porque, a 1 km dali e próximo à rua LGBTQIAPN+, uma das novidades na rota etílica é o Dirty, um cocktail bar que se diz meio sujinho (daí o nome, mas tudo é bem limpinho e bem pensado por um estúdio de design) e ganha muitos pontos dos notívagos: fecha às 4 da manhã, ou seja, uma coisa rara em solo europeu. Aos que preferem o requinte gastronômico, no miolinho da mesma Porta Venezia e a dois passos do Duomo, porém longe da rota turística, a Cantina Piemontesa, fundada em 1908, reproduz o esplendor de Milão dos anos 1920, bastante art déco, com um menu que agrega os melhores fornecedores de queijos, carnes e embutidos, além de uma adega com vinhos de toda a Itália. Se a ideia for contemplar o skyline com uma cozinha de excelência, o My View, do chef Cristian Spagnoli, é o restaurante mais alto da cidade, ocupando o 20º andar do World Join Center e, obviamente, permitindo uma vista magnífica. 

Se a pedida é sentir a aura de estar próximo ao Duomo, mas em grande estilo e sob o fascínio que impera na Galleria Vittorio Emanuele II, o destino deve ser o Marchesi 1824, que, como o nome indica, foi fundado em tal data e é um símbolo de elegância e bem-servir.

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Ambiente da Cantina Piemontesa

Matéria publicada na edição 13 da Revista UNQUIET.

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