Cuba e o tempo, por Chico Bosco

Uma viagem de percepção histórica, cultural e musical e com personagens emblemáticos para entender – e amar – Havana

Na série de TV Ruptura, funcionários de uma misteriosa empresa têm um chip implantado no cérebro que faz com que o seu self se divida: um eu do mundo burocrático nasce e se mantém completamente apartado do eu que vive no “mundo real”. A transição do outie (o eu de fora) para o innie (o eu de dentro) se dá a cada vez que a pessoa entra no elevador da empresa. Lá dentro, o chip é ativado e, quando as portas se abrem, o “eu” se torna “outro”.

Uma sensação semelhante acomete quem viaja para Cuba. Você sai do aeroporto de Panama City, que nada deve em escala e opções de consumo aos das grandes capitais do mundo, entra no avião da Copa Airlines e, dentro do finger do aeroporto de Havana, seu cérebro é reconfigurado. 

O que muda, claro, é a realidade. E a mudança chega na forma de percepção da história. O aeroporto de Havana lança o visitante numa máquina do tempo, pois tudo ali parece ter sido congelado em algum lugar dos anos 1980. Quando você ganha as ruas, o choque se aprofunda: os clássicos cadillacs dos anos 1950 se alternam com os carrinhos vermelhos Lada, da antiga URSS, enquanto a paisagem começa a apresentar casarões de estilo colonial. 

+ Leia outras matérias sobre cultura na UNQUIET

Fechar

Benefícios Exclusivos UNQUIET: Kempinski – Gran Hotel Manzana, Cuba

Saiba mais

Consulte seu agente de viagens

Kempinski – Gran Hotel Manzana

Benefício:

Experiência gastronômica de boas vindas com drinks feitos a base de rum no bar do hotel. Upgrade, early check-in e late check-out de acordo com a disponibilidade.

  • Use o código: UNQUIET
  • Validade: Novembro de 2026
Casario colonial colorido em Habana Vieja, Havana, Cuba, cenário clássico para roteiro de viagem a pé pelo centro histórico
Casario restaurado em Habana Vieja | Foto: iStock
Bandeira de Cuba tremulando no Gran Teatro de La Habana, em Havana, parada obrigatória em um roteiro de viagem cultural
Bandeira de Cuba sobre a fachada do Gran Teatro de la Habana | Foto: iStock

No caminho até Habana Vieja, passamos pelo Memorial Granma, que eterniza o bravo ataque comandado por Fidel Castro à ditadura de Fulgêncio Batista. Logo à frente do Memorial ficam um monumento a José Martí, célebre escritor e artífice maior da independência cubana, bem como o Museu da Revolução, cercado de tapumes e gradis. “O Museu da Revolução está fechado para reformas.” Essa frase concentra a ruptura temporal da estadia em Cuba e os impasses que vive o país, desde o fim do bloco soviético.

Contrastes de Havana 

A atmosfera de volta para o passado se relativiza à medida que se explora Havana. Há galerias de arte contemporânea (destaque para a Contínua), boas mostras de novos artistas nos antigos museus, cafés e restaurantes de menu internacional, crianças com camisas de times da NBA, vitalidade nas ruas e a fervilhante FAC, na calle 26 do charmoso barrio de Vedado. A Fábrica de Arte Cubano é uma mistura de centro cultural e nightclub, onde se pode encontrar uma juventude cubana estilosa, em um ambiente cosmopolita. Curiosidade antropológica à parte, ela é mais indicada para os viajantes jovens.

Fileira de carros antigos coloridos no centro de Havana, Cuba, ícone das viagens clássicas e dos passeios turísticos pela cidade
Carros vintage no centro da capital cubana | Foto: iStock
Carro antigo azul passando diante de fachada azul colonial em Havana, Cuba, imagem típica de roteiro fotográfico pela cidade
Carro antigo em frente à casa em estilo colonial em Havana | Foto: Getty

As atrações culturais de Havana começam pela história do país. Destaque para o monumento a José Martí e a bela esplanada que é a Praça da Revolução, com as imagens gigantescas e icônicas de Che Guevara e Camilo Cienfuegos. E ainda para o Capitólio, um colossal edifício neoclássico, que fica bem perto do imponente e excelente hotel Kempinski, cuja piscina, no rooftop, proporciona uma das mais belas vistas do mundo.

O Kempinski foi o hotel onde me hospedei. Sua localização não poderia ser melhor, no centro de Habana Vieja, tendo na frente o lindo edifício do Museu Nacional de Belas Artes e, na esquina, o famoso bar Floridita, em que Ernest Hemingway gostava de tomar seu daiquiri – o mojito ele preferia na Bodeguita, também perto do hotel. Recomendo muito a estadia no Kempinski. Além da localização, os quartos são amplos e confortáveis, o staff é simpático e atencioso e no restaurante do rooftop comi um tamal de cazuela inesquecível. 

Monumento a José Martí cercado por palmeiras em praça de Havana, Cuba, ponto turístico importante para entender a história do país
Monumento à José Marti na Praça da Revolução | Foto: Getty
Bandeira de Cuba e cúpula do Museu da Revolução vistas da praça em Havana, parada central em qualquer roteiro sobre história de Cuba
Museu da Revolução | Foto: iStock
Mural colorido de Che Guevara em rua de Havana, Cuba, destaque de arte urbana em roteiro de viagem pela história da revolução
Mural de Che Guevara em rua de Havana | Foto: Getty
Grande salão neoclássico do Capitólio de Havana, Cuba, com piso de mármore e colunas, visita imperdível em viagem cultural
O Grande Salão do Capitólio | Foto: iStock

As atrações culturais seguem por museus e galerias de arte, com destaque para a Escola Superior de Artes (um projeto ousadíssimo, que acabou inacabado por motivos de autoritarismo estético-ideológico e é, por isso, difícil de visitar). Passam ainda pelas pequenas livrarias, das quais há muitas em Habana Vieja. Me encantou em particular uma pequenina, chamada Libreria Venecia, na Rua Obispo. Nela pude encontrar a onipresente seção de livros sobre a revolução, mas também literatura contemporânea cubana e clássicos da literatura europeia.

Música de alma 

É óbvio, entretanto, que a maior atração cultural de Cuba é a sua música. Junto ao Brasil e aos EUA, Cuba completa o trio de países com o mais rico cancioneiro popular do mundo. Sou fã há muitos anos de Ernesto Lecuona, Los Van Van, Celia Cruz, Irakere, Chucho Valdés, Gonzalo Rubalcaba e Pablo Milanés, entre muitos outros. Bem, basta dizer que minha filha mais velha se chama Iolanda, como a da canção de Milanés (sucesso no Brasil em versão de Chico Buarque).

Painel de batalha histórica no interior do Museu da Revolução em Havana, Cuba, parada essencial em roteiro sobre história do país
Interior do Museu da Revolução | Foto: Getty
Fachada da Bodeguita del Medio em Habana Vieja, Havana, bar tradicional para roteiro de viagem e onde beber mojito em Cuba
Movimento na Bodeguita del Medio | Foto: iStock
Fachada da Libreria Venecia em Habana Vieja, Havana, parada charmosa em roteiro de viagem literária e o que fazer em Cuba
Fachada da Libreria Venecia | Foto: Getty
Pira do Memorial Granma no Museu da Revolução, Havana, chama eterna que relembra heróis de Cuba em roteiro histórico de viagem
Pira do Memorial Granma | Foto: iStock

As atrações culturais
de Havana começam
pela história do país e
lançam os visitantes
em uma máquina
do tempo

Em Havana, há uma clave e um bongô em cada esquina. Um dia, nossa amiga Bela Gil estava passeando e se deparou com um Centro de Cultura Yoruba. Entrou e, para a nossa imensa sorte, um grupo de salsa estava ensaiando. Ela nos chamou e pudemos assistir a um show particular, que acabou me fazendo levantar da cadeira e botar meus velhos bailes de salsa e guaguanko para jogo. A convite dos músicos, fomos assistir ao show deles no Delírio Habanero, um espaço no complexo do Teatro Nacional, onde só havia cubanos. Éramos os únicos turistas. Na saída, ainda conseguimos pegar um extraordinário espetáculo de música e dança africanas, no palco principal do teatro.

No ensaio do conjunto, conhecemos uma salsa romântica, cujo refrão não saía de nossa cabeça. Procurei-a por dias no YouTube (o Spotify não abria lá) e nada. No dia de nossa partida, perguntei ao Joaquín, o motorista de táxi que nos acompanhara durante a viagem, se a conhecia. Ele imediatamente a reconheceu (Sueño de Cristal, com Tania Pantoja), colocou no som do carro e fomos cantando juntos, vibrando no refrão. Ao chegar ao aeroporto, nos demos um abraço apertado de despedida. Cuba ficou no meu coração como poucos lugares em que estive.

Fechar

SUSTENTABILIDADE

Ações de conservação do meio ambiente e ações sociais

Saiba mais

Kempinski – Gran Hotel Manzana

  • O grupo Kempinski estabeleceu uma política global de alinhada aos padrões Global Reporting Initiative (GRI) e aos princípios do United Nations Global Compact
  • Redução de consumo de energia, emissões e uso de água: por exemplo, em 2024, o grupo registrou queda de ~20% no uso geral de energia e 10% de aumento no uso de energia renovável.
  • Gestão de resíduos: cerca de 34% dos resíduos do grupo foram reciclados, reutilizados ou compostados em 2024; houve também uma redução de ~47% na intensidade de resíduos encaminhados para aterro.
  • Inclusão social e força de trabalho: o grupo tem cerca de 81% de colaboradores locais, 38% de mulheres em todas as funções de trabalho, e uma equiparação salarial muito próxima entre gêneros (diferença de ~1%).
  • Programas de responsabilidade social corporativa: a iniciativa “BE Health” do Kempinski arrecadou cerca de €259 000 para projetos de saúde comunitária e vulneráveis em 2024.
  • Substituição de plásticos descartáveis: o grupo eliminou canudos plásticos desde 2019, removerá os cartões-chave plásticos até 2026, e passará a usar alternativas como cartões de madeira ou materiais menos impactantes.
  • Ações de combate ao trabalho infantil e ao trabalho forçado: o grupo formalizou políticas para erradicar essas práticas dentro da cadeia de fornecimento.
  • Projetos de biodiversidade: atuação em áreas como recifes de coral, manguezais e praias de nidificação de tartarugas em locais onde atua o grupo.

Particularidades para o Gran Hotel Manzana Kempinski (Havana)

  • O hotel em Havana está listado como tendo status EarthCheck Silver, o que implica que já está comprometido com padrões de sustentabilidade reconhecidos internacionalmente.
  • No âmbito da marca, o programa de substituição de plásticos e de garrafas descartáveis aplica-se também a essa propriedade
  • Foi adotada tecnologia de LED em soluções de iluminação para reduzir consumo de energia no edifício, fruto da reforma para sua reabertura
  • A rede Kempinski, e consequentemente o hotel, promoveu a eliminação de plásticos descartáveis (canudos, agitadores, etc) e substituição por alternativas mais sustentáveis.
  • Há promoção de arte e cultura local: o hotel comissionou artistas cubanos contemporâneos para expor suas obras no edifício, contribuindo para inclusão cultural e valorização local.

https://www.kempinski.com/en/sustainability

Mapa ilustrado de Cuba com Havana e ilhas do Caribe, visual útil para planejar roteiro de viagem e entender onde fica o país
Ilustração: Antônio Tavares

    UNQUIET Newsletter

    Voltar ao topo