Sri Lanka: a ilha resplandecente

Pequeno e surpreendente, o país é capaz de proporcionar experiências tão diversas quanto sua paisagem, entre templos budistas, plantações de chá, safáris e lindas praias

Um discreto território tropical ao sul da Índia, o Sri Lanka facilmente passaria despercebido não fossem a exuberância e a diversidade sedutora de sua paisagem. Menor do que o estado de Santa Catarina, esse país, encravado como uma pedra bruta nas águas azuis do Oceano Índico, é berço de tantas riquezas naturais que, mesmo diminuto, fez com que há muito os olhos do mundo se voltassem para ele. Safira, canela e chá atraíram para lá, ainda no século XIII, o explorador veneziano Marco Polo, que, depois de conhecer o lugar, declarou seu arrebatamento por tantas belezas. O mesmo aconteceria séculos mais tarde com o escritor norte-americano Mark Twain, que no livro Seguindo o Equador: Uma Jornada ao Redor do Mundo, escrito em 1897, discorre sobre seu fascínio pelo cenário, marcado por florestas tropicais, lindas praias, planícies áridas e muita, muita história.  

A República Democrática Socialista do Sri Lanka, rebatizada assim em 1972, quando abandonou a alcunha de Ceilão, o antigo nome colonial britânico, já teve, ao longo dos séculos, outras denominações. A mais antiga delas, Sinhaladvip, data do século V e foi dada pelos cingaleses: significa Ilha do Leão, em sânscrito, e serviu como base para os epítetos que viriam depois.

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No sul da ilha, Tangalle tem praias de areias douradas e vastos coqueirais | Foto: Getty
Mulheres colhem chá | Foto: Getty

Tesouro perdido 

O gancho inicial para pensar em uma viagem ao Sri Lanka pode até ser o apelo cênico, os estereótipos de uma ilha tropical asiática com praias douradas a perder de vista e um interior montanhoso, com florestas entremeadas de cachoeiras. No entanto, basta um olhar mais afinado para perceber que o país tem uma das tradições budistas mais antigas do mundo.

Para entender a força dessas raízes histórico-culturais e entrar em contato com o legado da civilização cingalesa, que se estabeleceu na ilha entre os séculos IV a.C. e XIII d.C., é preciso mergulhar no coração do Sri Lanka. Expulsos pelo povo tâmil, eles deixaram para trás um conjunto de monastérios, templos, estupas e imagens de Buda que só seriam descobertos no século XX, na região centro-norte da ilha, conhecida como Terra do Rei, em pesquisas arqueológicas na densa floresta tropical, que, por séculos, escondeu esse tesouro inestimável. 

Hoje, essa região forma o chamado Triângulo Cultural, onde os três pontos imaginários desse grande triângulo apontam para Sigiriya, Polonnaruwa e Anuradhapura, distribuídos entre as cidades de Kandy e Dambulla.

Cobrir de carro os 170 km que conectam a capital, Colombo, a Sigiriya pode levar mais de cinco horas. A velocidade nas estradas é lenta, pois há um movimento intenso de tuk-tuks, vários povoados pelo caminho, pessoas caminhando no acostamento e, vez ou outra, um elefante atravessando. É bom saber que a população de elefantes selvagens é grande na ilha, com mais de 4 mil, e é preciso cuidado. Os parques nacionais Minneriya e Kaudulla formam, inclusive, um “corredor de elefantes”, por onde, sazonalmente, eles migram de um ao outro em busca das melhores reservas de água. 

Triângulo Cultural 

Uma vez em Sigiriya, a Rocha do Leão salta no horizonte, sinal de um misterioso reino coberto por lendas. Segundo dizem, a cidadela foi estabelecida há mais de 1,5 mil anos, 200 m acima das planícies, pelo infame Kassapa, que assassinou o próprio pai para tomar o poder. Tendo trilhado caminhos tortos, ele precisou se refugiar num lugar de difícil acesso para garantir sua segurança. O rei passou 18 anos governando o reino do alto do seu inexpugnável palácio-fortaleza, no topo de um rochedo de granito que, merecidamente, é catalogado como Patrimônio Mundial da Unesco. O final dessa história é fácil imaginar: trágico.

Foto: Getty
O Templo do dente é considerado o mais sagrado pelos budistas | Foto: iStock

O Palácio de Sigiriya é uma verdadeira maravilha arquitetônica, que impressiona por seu arrojado planejamento de engenharia e um complexo sistema de distribuição de água. Construído na forma de um leão agachado, usando o monolito como base, ele tem como entrada a boca do animal, posicionada entre duas grandes patas dianteiras, seguida por uma escadaria irregular de 700 degraus, que serpenteia pela pedra e passa por galerias com pinturas de deusas e ninfas. Não há outro acesso ao refúgio do rei senão a escada, para alcançar o palácio, o trono, as vielas, as fontes e a piscina real. É tudo tão colossal que essa é considerada a principal atração do Sri Lanka.

Um dos cartões-postais do sri lanka são os pescadores sobre estacas de Konggala | Foto: Getty
Foto: Getty

Já as ruínas de Anuradhapura remetem a uma volta no tempo ainda maior. A cidade, que serviu como primeira capital do Reino do Ceilão, foi fundada em 377 a.C., no extremo norte do Triângulo Cultural, a 70 km de Sigiriya. Ela representa o local de conversão do povo cingalês ao budismo, tendo sido uma das maiores cidades monásticas que o mundo já viu. Chegou a abrigar mais de 10 mil monges. Não é pouca coisa. É preciso um dia inteiro para percorrer os 40 km2 de Anuradhapura, que incluem ruínas de grandes templos, estupas, grutas, palácios e a Figueira Sagrada Maha Bodhi, que, segundo dizem, teria sido cultivada a partir de um corte da árvore sob a qual Buda atingiu a iluminação, na Índia. O complexo religioso ainda é um importante ponto de peregrinação budista, mesmo tendo sido comandado em vários momentos pelo povo tâmil, de tradição hinduísta.

Esses períodos, em que se alternaram no poder cingaleses e tâmeis, acabaram por deixar Anuradhapura em escombros no século X, quando a cidade de Polonnaruwa foi estabelecida como a nova capital do reino. 

Os afrescos de mulheres em Sigiriya | Foto: Getty

Mesmo sendo um complexo menor, que abraçou o poder por apenas 150 anos, Polonnaruwa guarda uma riqueza imensa, entre palácios e templos belíssimos, além de estátuas gigantescas de Buda, talhadas em pedra e em várias posições. Foi o período mais suntuoso do reino em termos de legado artístico e arquitetônico. As duas antigas capitais (Anuradhapura e Polonnaruwa) também são Patrimônio Mundial da Unesco.

A imagem de Buda reclinado em Anuradhapura | Foto: Getty
Foto: iStock
Imagens de Buda, onipresente em todo o território | Foto: Getty

O dente de Buda 

Além dessa tríade, há muitos lugares históricos e sagrados entre Kandy e Dambulla, como os templos Aluvihara, Nalanda, Ridi Vihara e o espetacular Dambulla Rock, construído por um rei há mais de 2 mil anos. No entanto, o Templo do Dente, localizado em Kandy, é o mais sagrado. É dentro dele que está a relíquia considerada pelos budistas entre as mais veneráveis: um dente de Buda que, segundo a religião, deve ser visto por todo budista pelo menos uma vez na vida. 

Atualmente, 70% da população do Sri Lanka (composta de aproximadamente 22 milhões de habitantes) é adepta do budismo cingalês, sendo o restante dividido entre o hinduísmo, o islamismo e o cristianismo. É por isso que as línguas mais faladas no país são o cingalês e o tâmil, seguidas do inglês, uma herança marcante do longo período de colonização britânica. 

Ouro verde 

Colônia do Reino Unido entre 1815 e 1948, quando se tornou independente, o Sri Lanka (à época, Ceilão) herdou dos ingleses outras tradições. A mais forte delas foi o chá. As plantações encontraram na parte central da ilha o terreno ideal para prosperar, nas montanhas de Nuwara Eliya, ao lado do Parque Nacional das Planícies de Horton. Um dos principais atrativos (e orgulhos) do país, é dali que sai um dos melhores chás do mundo, o Chá do Ceilão, apelidado de “ouro verde”. Até a chegada dos ingleses, essas terras altas eram praticamente desabitadas, tornando-se, desde então, extremamente valorizadas. 

Um dos indícios da prosperidade na região, conhecida como Pequena Inglaterra, foi o surgimento de hotéis de alto padrão nos arredores do vilarejo de Nuwara Eliya, também marcado por enormes edificações em estilo colonial. Em Hatton, a poucos quilômetros dali, o elegante Ceylon Tea Trails é reverenciado como o mais emblemático hotel do país. Trata-se de uma propriedade instalada a 1.250 m de altitude, formada por cinco residências históricas de fazendeiros de chá, cujas plantações cercam todo o terreno – um cenário de tirar o fôlego. 

Rumo ao sul: de Yala a Galle 

Pequeno em território, gigante em atrativos, o Sri Lanka reserva um litoral surpreendente ao sul. Desde o Parque Nacional de Yala até a cidade fortificada de Galle, o panorama inclui dezenas de aldeias de pescadores, aninhadas à sombra de coqueiros, praias que atiçam as habilidades dos surfistas, reservas naturais, com uma fauna inacreditável, e redutos budistas. Uma mistura que traduz a essência do país e seu ritmo desacelerado, apesar do vai e vem frenético dos tuk-tuks.

É no Parque Nacional de Yala que se concentra uma das maiores populações de leopardos do mundo. São aproximadamente mil, além de elefantes, búfalos, ursos, javalis, crocodilos, veados e mais de 200 espécies de pássaros. 

O sul do Sri Lanka também é famoso por fazer parte de uma das principais rotas migratórias de baleias-azuis. A temporada de observação desses grandes mamíferos, que chegam a medir 30 m e pesar até 160 toneladas, vai de novembro a abril, quando as águas de Mirissa ficam mais calmas. É de lá que partem os barcos para o avistamento das baleias. 

Clique aqui para ler a matéria na íntegra na edição 09 da Revista UNQUIET.

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Proteção Ambiental

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  • Conservação da água: equipamentos de baixo fluxo, uso de águas cinzentas
  • Eficiência energética: iluminação LED em todas as propriedades
  • Plástico de uso único: um compromisso de todos os hotéis eliminando o plástico de uso único
  • Educação: programas para jovens hóspedes nos Centros de Descoberta da Natureza de Aman
  • Hortas: cultivo de produtos orgânicos nos arredores do resort

Patrimônio local

  • Patrimônio Mundial da Unesco: 15 propriedades estão dentro ou perto de um sítio protegido pela Unesco e os apoiam ativamente, seja em espécie ou financeiramente
  • Marcos protegidos: marcos artificiais, naturais ou espirituais são suportados pelas propriedades Aman

Cultura local

  • Tradições indígenas, artesanato, reabilitação de tradições perdidas: todos os hotéis apoiam os artesãos locais através da compra e incentivam os hóspedes a fazerem o mesmo
  • Culinária local: celebração da culinária local em pelo menos um restaurante em cada propriedade, aulas de culinária dedicadas à culinária local, atividades para os hóspedes nas hortas e nas fazendas locais onde escolhem os produtos para cozinhar e depois comer

Responsabilidade social

  • Igualdade de gênero, diversidade : todos os resorts promovem a igualdade de gênero, respeitando a cultura local e a diversidade
  • Proteção infantil: a Aman impõe uma política rígida com seus fornecedores sobre proteção infantil
  • Educação, apoio a orfanatos, empoderamento feminino e empreendedorismo: apoio a programas que abordam questões para mulheres, crianças, contra a pobreza e a fome. Todas as propriedades apoiam programas escolares e orfanatos locais, apoiam empresas lideradas por mulheres para criar independência econômica
  • Agricultores locais, vendedores locais: prioridade de emprego aos locais, apoio à agricultura local na arte culinária, compra de produtos locais; comércio justo, produtos livres de gaiolas e criados ao ar livre
  • Saúde: todas as propriedades oferecem alimentos saudáveis, sustentáveis, orgânicos e sazonais para hóspedes e funcionários, além de proporcionar saúde aos funcionários e comunidades locais

aman.com/sustainability

Ilustração: Antônio Tavares

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