Bali: comer, meditar e pedalar
A cidade de Ubud é o músculo cardíaco de Bali. Situada entre paisagens verdejantes, terraços de arrozais e uma imensidão de templos, ela encanta com sua energia mágica e convida qualquer criatura a passeios de bicicletas, caminhadas, aulas de ioga, dança e culinária, meditação e massagens. Há muitas lojinhas com o suprassumo do artesanato e da arte balineses. Uma infinidade de hotéis se espalha por toda a ilha, entretanto é em Ubud que se concentram os espaços para todos os gostos e orçamentos.
Corinna Sagesser (publisher da UNQUIET) e sua filha, Carolina, ficaram hospedadas no paradisíaco Amandari Resort. O complexo, com arquitetura belíssima, obras de arte, culinária deliciosa, design e serviços ao estilo balinês, está em completa sintonia com a natureza e fica ao lado do Rio Ayung.
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Pela manhã, andar de bicicleta e aproveitar a brisa é um prazer e as opções de passeios são inúmeras ‒ entre elas descobrir com a bike arrozais, os mais conhecidos são o Tegalang Rice Terrain e o Jatiluwith Rice Fields. O Tegalang fica nas cercanias do vilarejo e, após uma boa pedalada, apreciando a vegetação verdejante, surgem os campos de arroz. O visual é um deleite para os olhos e para a alma. Corinna comenta que, ao longo do passeio, balinesas trabalhavam nos campos e trocavam olhares e sorrisos em completa sintonia. Os terraços de arroz são uniformemente organizados de acordo com um sistema de irrigação tradicional, conhecido como subak. Um pouco mais distante fica o impressionante Jatiluwith, que por tamanha beleza foi definido pela Unesco como Patrimônio Cultural Mundial e tem seu arroz como um dos mais apreciados em Bali. Após o passeio, nada melhor do que voltar para Ubud e almoçar em um dos deliciosos restaurantes e warungs (pequenos comércios familiares), que brotam por todos os cantos.
O Lotus Cafe, instalado no Ubud Water Palace, é esplêndido. A culinária local seduz com seus temperos apimentados, em pratos tradicionais (são diversos), desde o clássico Nasi Goreng (arroz frito, vegetais e camarões) até o Gado Gado (vegetais variados, acompanhados de um apetitoso molho de amendoim). O local é um oásis de tranquilidade, com esculturas, obras de arte e um lago repleto de flores de lótus dedicado à deusa hindu Saraswati. A meia hora do Lotus Cafe encontra-se o fascinante Tirta Empul, também conhecido como o Templo das Águas Sagradas.
O complexo possui diversas piscinas e fontes, em que turistas e locais se banham e participam de rituais de cura usando os tradicionais sarongues. As águas sagradas purificam todos democraticamente, independentemente de crenças. Já no hotel, nada melhor do que aliviar o corpo recebendo uma massagem ou experimentando os inúmeros tratamentos holísticos em spas ou aulas de ioga. Carolina pesquisou e conheceu o Yoga Barn, que oferece um cardápio com várias opções de técnicas. Corinna teve o privilégio de fazer uma consulta com um sacerdote-curandeiro, que lhe fez previsões sobre a vida e, como num passe de mágica, eliminou uma profunda dor nas costas.
No topo do vulcão, com as bênçãos dos deuses
Um dos passeios mais cobiçados pelos aventureiros e turistas é a escalada do Monte Batur. O vulcão está localizado a 1.717 m de altitude, na região montanhosa do Kintamani, ao norte da ilha. A Indonésia está dentro do conhecido “círculo de fogo”, sendo uma gigantesca área de atividade sísmica e vulcânica, com 129 vulcões ativos e 65 deles classificados como “very danger”. O Krakatoa, entre Sumatra e Java, é o mais conhecido.
Subir o Monte Batur está ao alcance de todos e é uma peregrinação fundamental para os balineses. Quanto mais alto, mais perto dos deuses você chegará. A pedida é acordar bem cedo para fazer a caminhada. Corinna e Carolina aproveitaram a estadia e fizeram essa fascinante aventura. “Começamos às 4h30 da manhã, subindo a montanha, e ficamos em êxtase quando alcançamos o topo e visualizamos o imenso Vulcão Agung, soltando anéis de fumaça.”
Ela contou que o ritmo no início é suave, mas que a subida, em uma trilha estreita entre rochas vulcânicas, vai ficando mais complicada. “Todos carregam uma lanterna para iluminar o trajeto, e aos poucos o dia timidamente começa a clarear. O visual é impactante, com a luz dos vilarejos, as montanhas e os vulcões brotando diante de nossos olhos. O melhor é chegar ao cume do Monte Batur, onde, com o nascer do sol e o mar de nuvens, é possível degustar um panorama alucinante da natureza. O Lago Batur, o gigantesco Monte Agung (de 3.142 m), o Monte Abang (de 2.100 m) e a imensidão do Oceano Índico inundam os espíritos, bastando sentar e apreciar o cenário no trono dos deuses. Restauradas e plenas de vigor, a descida mais parece um conto de fadas.”
A religião está em todos os cantos de Bali: nos templos, nas vilas, no altar das casas, nos quintais, nas estradas, nos restaurantes, nas esquinas e nas plantações. Há mais templos do que casas na ilha. O hinduísmo balinês é único, mesclando elementos do budismo, tradições do hinduísmo (com seus deuses ancestrais) e o animismo local.
Borobudur, o oceano de mandalas
Para consagrar sua estadia na Indonésia, é vital visitar e explorar os mistérios e enigmas do interior de Java, a ilha mais densamente povoada do planeta. Durante séculos, Java recebeu a visita de mercadores, religiosos, peregrinos e viajantes de todos os cantos da Terra. Sua história é repleta de vulcões, danças, sultanatos, transformistas, hinduísmo, budismo, islamismo, guerras, registros do “Homem de Java” e o misticismo em torno da Mandala de Borobudur. Seu povo é uma mescla de raças e etnias: portugueses, chineses, holandeses e hindus, que misturaram suas culturas e fertilizaram o povo javanês, tornando-o cativante. Na região central da ilha está a cidade de Yogyakarta (a cidade dos iogues), distante 40 km da espetacular mandala.
Os sons e ruídos da tradicional orquestra javanesa penetram, como um néctar divino, no espírito e no corpo físico de quem se deixa levar. Composta de xilofones, flautas, gongos e metalofones, a música é hipnótica e sobrenatural ‒ uma completa conexão tectônica “imersa no fluxo”.
O Sítio Arqueológico de Borobudur também está perto de Yogyakarta, no Vale de Kedu. Nossas aventureiras Corinna e Carolina ficaram hospedadas no incrível Amanjiwo, ao lado de Borobudur. “Lembro profundamente da potente sensação de descer pela rampa de entrada do hotel, o Amanjiwo, que dava acesso ao salão principal, e meu guia, Lindarso, nos mostrar a vista alinhada ao topo do Templo de Borobudur. Naquele momento, eu sabia pouco sobre a região, mas já sentia sua energia”, lembra Carolina. “Eu nunca tinha ouvido falar em Borobudur. Fomos visitar e fiquei completamente magnetizada pelo ambiente e pela quantidade de painéis nas plataformas. Tudo extremamente bem preservado e com pouquíssimos viajantes, apenas alguns turistas indonésios interagindo conosco”, diz. “Uma viagem em que vivenciamos experiências únicas e inesquecíveis, que ficarão para sempre em nossas vidas.”
Encontro cósmico
O cenário estonteante e a presença do Vulcão Merapi, expelindo sua fumacinha branca continuamente, arremessa nossos espíritos ao encontro cósmico. A beleza e a complexidade da mandala piramidal deixam qualquer criatura em estado de graça. Uma brisa divina envolve o ambiente. Não há como ficar indiferente. Borobudur é extrassensorial. É o maior templo budista do mundo, além de ser reconhecido como um dos maiores monumentos da religião de Buda. No entanto, ninguém sabe quem o construiu. Não há datas e inscrições que deem pistas. Acredita-se que ele foi realizado por muitas gerações e reinos. Borobudur possui a forma de uma gigantesca mandala, a yantra. Os visitantes e peregrinos devem caminhar no sentido horário pelas plataformas até chegarem ao cume. O lugar consiste de nove plataformas, seis terraços quadrados e três circulares, com muitas passarelas e escadas.
Segundo historiadores e arqueólogos, o templo foi construído 235 m acima do nível do mar, entre 760 e 840 da era cristã, mas há relatos controversos de que o templo já existia em 400 d.C. Segundo a lenda, ele foi projetado como uma mandala gigantesca pelo arquiteto divino Gunadharma. Os sutras sagrados descrevem que o plano arquitetônico é uma obra dos deuses. Já os arqueólogos afirmam que o projeto foi realizado por diversas dinastias. Trata-se de um grande enigma.
Borobudur possui 2.670 painéis em baixo-relevo, dos quais 1.460 possuem uma função narrativa e 1.212 são decorativos, em uma área de 2,5 mil m². A jornada do visitante se inicia na base do santuário e segue em sentido horário e ascendente. Monge Daniel, que esteve inúmeras vezes em Borobudur, comentou: “Borobudur é o Oceano de Mandalas. Ele ensina e mostra através da arquitetura e da simbologia sagrada o caminho completo da transformação do ser humano até a iluminação. Borobudur me proporcionou a deliciosa sensação de liberdade e de espaço mental, emocional e físico”.
No caminho de Buda
Caminhando por suas plataformas e escadarias, um universo divino e a vida de Buda explodem pelas paredes. A subida é repleta de ensinamentos para o caminho da iluminação. A história do budismo se desvenda diante de nossos sentidos, em milhares de painéis, distribuídos pelas galerias, onde podemos desfrutar de 504 estátuas de Buda milimetricamente restauradas. A cúpula central é cercada de 72 estátuas de Buda em postura de lótus e com as mãos em seis diferentes mudras (gestos utilizados no budismo), e todas elas sentadas dentro de estupas perfuradas por uma tela de pedra.
Lama Michel Rinpoche nos explica que o budismo tem várias maneiras de abençoar ‒ “Um ser que abençoa um lugar, um lugar que abençoa um ser ou um ser que abençoa outro ser”. A Mandala de Borobudur foi abençoada por muitos seres sagrados e grandes praticantes e, por isso, tem a característica de abençoar todos que a visitam. O lama nos disse ainda que, sempre que sentimos que algo nos falta, é porque temos pouco contato com a energia espiritual. Por isso peregrinamos por lugares sagrados, como Borobudur.
É impossível descrever as sensações na visita-peregrinação à monumental mandala: não há como sair ileso diante de tanta beleza e energia.
Tendo oportunidade, não deixe de conhecer Borobudur e lembre-se do conselho do lama Gangchen Rinpoche: “Ao visitar lugares sagrados externos, podemos compreender e ter a experiência direta dos lugares sagrados internos de nosso corpo e mente sutil, relaxando em níveis profundos de autocura, à medida que nossas aflições emocionais se dissolvem espontaneamente”.
Hotéis em Bali e Java
Amandari
Com vistas para os terraços de arroz e para Rio Ayung, o hotel foi inspirado em uma tradicional aldeia balinesa. A poucos quilômetros de Ubud, tem como proposta criar uma experiência autêntica, aproximando os hóspedes da vivência genuína local, com visitas a artistas da região e passeios por florestas tropicais e templos. Seguindo a filosofia do grupo Aman, boa parte do staff é originária do vilarejo. Além disso, as crianças das escolas das imediações fazem visitas periódicas ao Amandari, onde aprendem sobre ações ecológicas, como a compostagem, o cultivo de uma horta orgânica e reciclagem.
Amanjiwo
“Alma pacífica” é a tradução do nome desse hotel, que reflete a atmosfera zen e a tranquilidade de seus vizinhos históricos na Ilha de Java. O impressionante Borobudur é o elã do design e de todo conceito da propriedade, já que a forma arredondada do hotel faz alusão ao templo. Entre as propostas de experiências, a meditação noturna com monges e a visita aos arrozais são destaque. Duas vezes por mês, uma oficina de batik (arte têxtil local) acontece para os hóspedes com a participação de crianças do orfanato Yayasan Badan Wakaf, iniciativa que abriga 100 crianças e tem o Amanjiwo como um dos principais apoiadores.
Clique aqui para ler a matéria na íntegra na edição 08 da Revista UNQUIET
Aman
- A rede Aman cultiva uma relação simbiótica com a comunidade anfitriã e o meio ambiente, abraça a cultura de seus destinos, onde quer que esteja no mundo.
- Os esforços de sustentabilidade da Aman baseiam-se em quatro pilares a seguir em todos os aspectos de seu trabalho: patrimônio local, cultura local, proteção ambiental e responsabilidade social.
Veja: aman.com/sustainability