Viagem Sonora

A música sempre foi uma parte importante de minha vida, do meu dia e da minha rotina: ela melhora o meu humor

Desde sempre, me lembro da minha mãe dizendo que, ainda bebê, bastava eu ouvir algum acorde para começar a me sacudir em seu colo. O fato é que, mesmo sem saber, meus pais incutiram essa cultura, que segue comigo até hoje. 

Na infância e adolescência, lembro-me das viagens para a praia, nas férias de verão, sempre embaladas com os discos que saíam no final do ano.

Em 1978, Beth Carvalho reinava nas paradas e a gente ouviu uma fita cassete do álbum De Pé no Chão, aquele que tem o sucesso Vou Festejar, ininterruptamente até chegar ao destino. Óbvio que até hoje, além de saber todas as letras de cor, guardo lembranças e um quentinho no coração. Idem para o disco Rita Lee, um hit absoluto em 1980 e soundtrack de um Réveillon em Caraguatatuba (SP). Jamais esqueci a cara de espanto do meu tio ao ouvir meu pai contando que as letras eram incríveis e ele mesmo, meu tio, conferir – chocado – a Rita dizendo que o Roberto de Carvalho lhe dava água na boca.

Corta para a juventude e eu indo viajar pela primeira vez para fora do Brasil. O destino? Londres. Na época, em 1995, o britpop invadia ruas, rádios, pubs e lojas de discos, devolvendo à Inglaterra o título de país mais musical e antenado do mundo. 

Eu, maravilhada, só pensava: “É tipo rock nacional!” E era. O deles. E dá-lhe Oasis, Pulp, Suede, Elastica, Blur… Aliás, foi desta banda a primeira canção que ouvi assim que botei os pés no país: Parklife. Lá também vi um show do rapper Coolio, que reinava nas paradas de hip-hop com Fantastic Voyage (boa de pista até hoje).

Depois, um pouco mais velha, passei a programar minhas férias para coincidir com os shows de meus artistas favoritos. Assim, teve Jamiroquai e Moby em Nova York, Madonna em Paris, Gilberto Gil em Roterdã… 

Aliás, em 2001, ano em que fui a Paris pela primeira vez, o french touch, a versão francesa da house music, era o que havia de mais cool. Em pleno verão europeu, com muita vodka orange, dancei até de manhã nos barcos que navegavam pelo Rio Sena e no extinto Favela Chic. Dancei tanto que troquei (ou, melhor, perdi) uma viagem para Barcelona por 40 dias ouvindo o melhor da house music francesa e Serge Gainsbourg, claro.

Crônica publicada na edição 12 da Revista UNQUIET.

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