A maré rege os dias na Praia do Patacho. Demorei pouco para perceber que são os humores do mar, ora arisco e arredio, ora dócil e lambendo a areia dourada, que definem o cenário desse refúgio alagoano. E eu estava pronta para me entregar aos ânimos da natureza quando, após duas horas de carro direto do aeroporto de Maceió, cheguei ao pequeno vilarejo de Porto das Pedras, onde está a (ainda) selvagem Praia do Patacho, que fica na região conhecida como Rota Ecológica, no litoral norte de Alagoas.
Chovia e ventava muito, o que é pouco comum na região, mas muito possível nos meses de inverno, o que era justamente o caso (os melhores meses para visitar a região são entre setembro e março) quando tive o primeiro vislumbre do mar que, mesmo indomável por causa da tempestade, resplandecia em tons diferentes de azul. Acho que é esse o primeiro e principal impacto que todo mundo sente ao chegar ali: nessa região, também chamada de Costa dos Corais, você certamente vai ver as águas mais turquesas e límpidas do litoral brasileiro – o que garantiu à região a alcunha de “Caribe brasileiro”.
Bangalô para dois
Ainda impactada pelas cores que me receberam – apesar da chuva – fui recepcionada com gentileza e alegria pelo esmerado staff da Pedras do Patacho, hotel-boutique que logo de cara se mostrou um reduto de pura sofisticação. No terreno, bem de frente para um trecho absolutamente deserto da praia, estão aninhados 23 bangalôs e suítes (todas com piscinas privativas ou banheiras de pedras vulcânicas) que dialogam em perfeita harmonia com a natureza. Isso porque o projeto do arquiteto Thiago Monteiro, sócio e criador do empreendimento ao lado do empresário Luciano Caribé, levou em consideração o uso de materiais como pedras, madeira e aço corten, criando uma identidade singular em harmonia com o terreno.
Meu bangalô, amplo, arejado e com uma varanda que se abria bem em frente à praia, convidava à contemplação do lugar. Do lado de fora, uma escada-caracol levava ao rooftop do bangalô, onde há uma piscina privativa de borda infinita, convite ideal para passar os dias no melhor estilo dolce far niente a dois. O Pedras do Patacho não aceita crianças, por isso é refúgio ideal para o romance e para descansar.
O casal pode solicitar as refeições em qualquer um dos ambientes que desejar, seja na varanda da suíte, na mesa do rooftop ou as áreas sociais do hotel – restaurante, bar da praia, bar da piscina, entre outros – a qualquer hora do dia, o que endossa a sensação de “férias sem hora para nada”. Embora a ideia de tomar café na cama seja muito atraente, eu recomendo tomar o desjejum no próprio restaurante Corten, igualmente aconchegante, mas onde os simpáticos funcionários, que recebem todos os hóspedes pelo nome, desfiam uma infinidade de opções, incluindo delícias locais como tapiocas, frutas, crepes e outras delícias quem saem na hora da cozinha. Já para o almoço e o jantar, basta sonhar. Entre as experiências idealizadas para casais há jantares sob o luar à luz de velas, na praia ou no próprio bangalô ou suíte. A cozinha fusion, com sotaque oriental e inspiração peruana, mas identidade nordestina, é impecável nos sabores e na apresentação. Todos os peixes e frutos do mar são super frescos, adquiridos diariamente diretamente dos pescadores locais.
O clima infelizmente atrapalhou os planos de explorar a região, mas na carta de atividades propostas pelo hotel há passeios de jangada até as piscinas naturais de corais logo em frente ao hotel, cavalgadas na praia e outras atividades náuticas.
Para quem quiser coroar a estadia com um momento wellness surpreendente, o Pedras do Patacho é um dos dois hotéis no Brasil (o outro é o Ponta dos Ganhos) a contar com um Spa Sisley, com tratamentos signature da marca parisiense.
Casa na praia
Empreendimento dos mesmos donos, mas com proposta totalmente diferente, o Casa Brasileira Hotel Galeria, aberto há pouco mais de um ano, fica na mesma praia, um pouco adiante, mas a experiência por ali propõe uma outra vivência no mesmo destino.
Poucos minutos de carro separam os dois hotéis. A entrada por um suntuoso passeio para carros ladeado por palmeiras imperiais até o casarão em estilo colonial que se ergue majestoso ao final do caminho logo me leva por uma viagem no tempo. A sensação de voltar ao passado, às antigas fazendas de coco da década de 1920, é imediata. O lugar é, afinal, uma fazenda à beira mar, a antiga Villa Nandie, nome original da propriedade.
Foto: divulgação
Foto: divulgação
A propriedade histórica foi completamente renovada, ou “ressignificada”, como eles preferem dizer, mantendo sua identidade original intacta. Por isso a sensação é mesmo de estar sendo recebida na casa de alguém: são apenas sete acomodações, sendo seis suítes na sede e dois bangalôs nos jardins.
O Bangalô Palmeira, que fica bem em frente à piscina, estava à minha espera e impressionou pelo espaço e pelo bom gosto. Pintadas na minha cor preferida – azul-turquesa – as esquadrias faziam um contraste perfeito com o décor de adornos e arabescos, típicos da região, além de móveis de antiquários e objetos de arte. A maior parte deles, vale ressaltar, proveniente de artistas e artesãos locais, já que o hotel busca enaltecer a cultura e a mão de obra regional. Além do espaço interno, com enorme banheira, o bangalô conta com um pátio privativo e piscina.
A chuva não deu trégua, mas o acolhimento do hotel amenizou as tempestades. Da varanda da casa principal, o amplo jardim se abre até a praia. Dá para ficar horas a fio só olhando esse panorama. O café da manhã também é “colonial” com bolos, frutas, ovos e até um escondidinho de carne seca feito na hora. As outras refeições também podem ser feitas no hotel, sempre nas mesas “da casa” na sala de jantar, na de estar ou na varanda, já que os ambientes, cheios de detalhes e objetos de arte, remontam o que o lugar de fato é: uma casa para vivenciar em família ou entre amigos.
Identidade Nordestina
Embora seja ainda praticamente intocada, o que vale à Praia do Patacho o selo de única praia Bandeira Azul de Alagoas (certificação outorgada somente às praias que apresentam gestão ambiental, qualidade da água, educação ambiental, segurança e serviços, turismo sustentável e responsabilidade social atendidos, mantidos e comprovados anualmente), o lugar já ostenta centenas de pousadas e condomínios de casas – muitos ainda em fase de construção. A poucos quilômetros dali, São Miguel dos Milagres, destino mais famoso da Rota Ecológica, também tem lindas praias e estrutura de restaurantes, lojas e, o que eu achei que vale muito a pena: lojas de artesanato, originais e de bom gosto, exaltando a identidade nordestina em cada peça.
Saiba mais em:
pedrasdopatacho.com.br
casabrasileirahotel.com.br