Delta do Parnaíba, um tesouro escondido

Na divisa do Maranhão com o Piauí, o rio Parnaíba se lança com vigor ao Atlântico – e forma o único delta do Brasil, um lugar belíssimo

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No ano da graça de 1571, o navegador português Nicolau de Resende viu-se em maus lençóis quando sua caravela, com uma valiosa carga de ouro, naufragou nas correntezas do rio Parnaíba. Ao longo dos 16 anos seguintes, Resende viveu entre os índios tremembés. Na aldeia, dedicou-se a uma obsessão: recuperar o tesouro. Velejava todo dia nessa busca. Sempre em vão. Frustrado, tudo o que conseguiu foi passar à história como o descobridor do Delta do Parnaíba, do qual louvou a beleza em carta ao mitológico rei Dom Sebastião 1º: “um grande rio (…) forma um arquipélago verdejante ao desembocar no Atlântico”.

Um delta único nas Américas

Ainda hoje a região é um tesouro resguardado, que dignifica como poucos o nome delta. Essa palavra, derivada da letra grega homônima, designa uma configuração fluvial rara e grandiosa, caracterizada por um rio caudaloso que, antes da foz, se bifurca em diversos braços. Assim ocorre com os dois maiores deltas do planeta que desembocam em mar aberto o do rio Nilo, no Egito, e o do rio Mekong, no Vietnã. O delta do Parnaíba, na divisa do Maranhão com o Piauí, ocupa o terceiro posto no pódio, apesar de um tanto esquecido mesmo entre os brasileiros, embora seja o único do gênero nas Américas.

A novidade no Porto das Barcas é o Museu do Mar, que traz um pouco da cultura marinheira do delta.

Na divisa do Maranhão com o Piauí, o rio Parnaíba se lança ao Atlântico e forma o único delta do Brasil | Foto: João Farkas
Delta do Parnaíba: encontro do Rio Parnaíba com o mar
Encontro do rio Parnaíba com o mar
Foto: João Farkas

Ele é, de fato, monumental – além de temperamental, devido às potentes variações de marés, que, volúveis, encobrem e expõem, com rapidez, areias e atributos. Antes de atirar-se, enérgico, ao Atlântico em um gran finale, o Parnaíba ramifica-se em cinco braços principais e numa miríade de igarapés e igapós. No total, abrange uma área de 2.700 quilômetros quadrados, ou quase duas vezes a cidade de São Paulo. Ao alargar-se com tamanha mania de grandeza, permite, antes do desenlace no mar, a instalação de 83 ilhas fluviais ao longo do caminho, em um labirinto de ciclópicas dunas, cintilantes lagoas naturais, amplos manguezais e densa floresta tropical.

Muitas têm nomes curiosos, como Ilha do Bagre Assado ou Ilha do Feijão Bravo. A maior delas, a Grande de Santa Isabel, se estende por 134 quilômetros quadrados. Segue-se a ilha das Caiçaras, de metragem pouco menor e paisagem também exuberante e, ainda, adoráveis lagoas doces para o banho. A terceira em tamanho tem dimensões tão extensas quanto o sobrenome de sua proprietária, Ingrid von Sösten Meyer de Mendonça Clark.

Delta do Parnaíba: jangada em Camocim
Jangada em Camocim | Foto: João Farkas
A delicadeza do trabalho de rendeiras como dona Maria Lima: riqueza natural e humana se completam | Foto: João Farkas

Ilha do Caju e a revoada dos guarás

A ilha do Caju mede 100 quilômetros quadrados. Ou seja, quatro vezes a área do arquipélago de Fernando de Noronha. Trata-se da maior ilha particular do Brasil – e, para muitos, também a mais bela. “Ela é um resumo dos mais bonitos biomas brasileiros, algo espantoso”, comenta o jornalista Ronaldo Ribeiro, ex-editor da revista National Geographic. “A ilha tem florestas de terra firme como na Amazônia, manguezais como na Mata Atlântica, áreas alagadas como no Pantanal, trechos de dunas e lagoas como nos Lençóis Maranhenses e, ainda, extenso litoral. Só de praias costeiras são 27 quilômetros.”

Parque temático natural e aleatório, o lugar contava também com uma pousada refinada. Mas ela foi fechada. Reabrirá com todos os cuidados, em breve. “Nosso ecossistema é riquíssimo, mas muito frágil”, ressalva Ingrid Clark. “Não comporta turismo de massa.”

De qualquer maneira, a ilha do Caju funciona ao longo do dia como receptivo para visitantes, com ótima infraestrutura. Dá até para alugar cavalos ou quadriciclos. Autor das fotografias desta reportagem, João Farkas recomenda, eufórico: “Esteja ali no final da tarde. Você verá um espetáculo único: a reunião dos guarás, que marcam um encontro numa ilhota bem diante da ilha do Caju”.

Trata-se, sem dúvida, de um suntuoso balé insular. A ilhota recebe, todos os dias e no mesmo horário, milhares de exemplares dessa ave também conhecida por íbis-escarlate, em virtude da cor – um vermelho vivo. No crepúsculo, chega a reunir quatro mil guarás. A ilhota lhes permite um sono tranquilo, livre de predadores. Eis a razão da escolha do endereço.

Caranguejo na casquinha, ensopado, na fritada ou pacientemente quebrado com martelinho é a pedida, sempre.

Delta do Parnaíba: foto aérea de Luís Correia
Praia de Luís Correia | Foto: João Farkas
Delta do Parnaíba: manguezais
Manguezais | Foto: João Farkas
Delta do Parnaíba: Pescador em Barra dos Remédios
Pescador em Barra dos Remédios
Foto: João Farkas

Parnaíba, a base para conhecer o delta

O rio Parnaíba, chamado de Velho Monge, nasce na serra da Tabatinga, no limite entre Bahia, Tocantins e Maranhão. Antes de desembocar no Atlântico, cerca de 1.400 quilômetros depois –sempre navegáveis, embora por barcos de baixo calado –, funciona como divisa, separação geopolítica entre o Piauí e aquele último estado. Já próximo à foz, favorece ao Maranhão, onde se concentram 65% do delta. Restam ao Piauí 35%. Parece pouco. Ainda assim, a porta de entrada está no Piauí, na cidade de Parnaíba, tradicionalíssima em seus centenários casarões e armazéns, e, ao mesmo tempo, jovial nos agitos de seus mais de 12 mil universitários.

Segundo maior município do Piauí, com 154 mil moradores, a surpreendente Parnaíba oferece lugares históricos, confortável estrutura de hotéis, como o requintado Casa de Santo Antônio, artesanato refinado – com destaque para os sutis trabalhos em palha de buriti trançada – e, ainda, portos de embarque para os passeios no delta.

O local de onde zarpam os barcos para os passeios delta adentro é o Porto dos Tatus. Prefira as lanchas. Além de mais rápidas e exclusivas, possibilitam navegar por passagens mais estreitas. Mas atenção: é preciso fretá-las com antecedência. Há poucas saídas regulares. Outra recomendação, ainda mais imperiosa: não esqueça o repelente. Mosquitos apreciam os manguezais tanto quanto os caranguejos.

Rota das Emoções

Para os visitantes, uma das melhores notícias da última década foi a melhoria das estradas nordestinas. Isso significa visitar o delta numa viagem de automóvel, sem perrengues. Há até um roteiro criado em conjunto pelos órgãos de turismo de três estados: Ceará, Piauí e Maranhão. A viagem começa em Jericoacoara, no Ceará – dotada de aeroporto novinho – e termina nos Lençóis Maranhenses, atravessando 400 quilômetros de caminhos serenos. Registre-se: sempre com boa hospedagem. O roteiro já recebeu até um nome pomposo dos burocratas do turismo: Rota das Emoções.

A primeira parada costuma ser Camocim, ainda no Ceará. Fica a somente 34 quilômetros de Jeri, mas tem muito menos burburinho. É uma Jericoacoara de ontem, com todas as belezas do passado — e pouco dos estorvos de hoje. Passa-se sem maiores entraves ao estado vizinho. O Piauí tem somente 66 quilômetros de costa. Seja como for, essa miúda faixa litorânea é ocupada por praias desenhadas à perfeição, com ênfase para Itaqui e Macapá. Três delas já são frequentadas por um público semelhante ao de Trancoso, na Bahia: Coqueiro, Barra Grande e Barrinha

Delta do Parnaíba: foto aérea do Pesqueiro em Bitupitá
Pesqueiro em Bitupitá | Foto: João Farkas
Delta do Parnaíba: manguezais ocupados por guarás
Manguezais ocupados por guarás, que se tornam vermelhos devido à dieta baseada em caranguejos | Foto: João Farkas
Foto: João Farkas
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  • Amenities em dispenser para evitar uso de miniaturas de plástico;
  • Aquecimento de águas com painéis solares;
  • Cardápio com insumos da região;
  • Contratação e treinamento de mão de obra local;
  • Elaboração de projeto, em parceria com a UFDPar, de barco escola para educação ambiental de jovens entre os 11 e os 17 anos.

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Parque Nacional de Sete Cidades

Por fim, quem vai ao delta tem a oportunidade de uma escapada ao Parque Nacional de Sete Cidades, encravado a pouco mais de duas horas de carro da cidade de Parnaíba. Uma fria descrição geográfica diria que seus 6.200 hectares são área de transição entre o cerrado e a caatinga, com vegetações típicas desses ecossistemas. Mas o parque é muito mais que isso.

O nome Sete Cidades advém de agrupamentos rochosos distantes uns do outro. Lembram, de fato, prédios urbanos. “Vários deles apresentam inscrições rupestres de 6 mil a 8 mil anos”, contabiliza Waldemar Justo, chefe do parque nacional. Em uma dessas “cidades” resplandece o desenho milenar de um lagarto. Outra, uma mão com seis dedos — o que suscita fantasiosas teses da visita de extraterrestres a nossos ancestrais. Há outras milhares de inscrições nesses sítios arqueológicos.

Uma última recomendação: venha ao delta entre os meses de maio e setembro. “Já parou de chover em demasia e ainda não está tão quente”, instrui João Farkas. No mais, resta admitir que você não encontrará aquela carga de ouro perdida pelo infeliz navegador Nicolau de Resende. De qualquer maneira, você topará com outro tesouro escondido: o próprio delta do Paraíba.

Mapa: Antônio Tavares

Clique aqui para ler a matéria na íntegra na edição 04 da Revista UNQUIET.

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