Entender o mar para entender a Terra

Barbara Veiga registra a vida entre oceanos, imagens e histórias

Com uma câmera emprestada aos 13 anos, Barbara Veiga descobriu o poder da imagem ao fotografar personagens no centro do Rio de Janeiro. “Eu me interessava pela história dessas pessoas. Uma baiana vendendo acarajé, uma senhora que fazia joias, uma viajante artista. Aquelas vidas me tocavam.” A partir desse encontro inicial com a fotografia e a escuta, ela construiu uma trajetória de mais de 25 anos, marcada pela arte, pela natureza e pelo ativismo.

Tocada desde pequena pela curiosidade científica ‒ “Queria entender quais espécies estavam ao meu redor quando flutuava no mar” ‒, Barbara embarcou em missões com organizações ambientais, navegou por cerca de 90 países e viveu quatro anos em um veleiro próprio, entre a Tailândia e a Turquia. “A fotografia era a extensão do meu corpo, minha forma de expressão”, afirma. Na água, ela desenvolveu uma relação visceral com a vida marinha. “Nadar com baleias em Tonga, Fiji e Taiti foi uma experiência das mais transformadoras. E sentir o canto delas vibrando no meu corpo foi indescritível.”

Entre os cenários marcantes de sua carreira estão a Amazônia, a Antártica e ilhas como Taiti e Maldivas ‒ lugares que lhe ensinaram a beleza, mas também a fragilidade. “Quero mostrar o que ainda há de bonito na humanidade e na natureza”, diz. Seu trabalho, entre a estética e a ciência, é também uma forma de resistência poética.Autora da biografia Sete Anos em Sete Mares, Barbara compartilha sua jornada em defesa do meio ambiente com a mesma paixão com que fotografa. “Espero inspirar pessoas que ainda não entendem tanto sobre o tema e caminhar com elas para um lugar de conhecimento mais profundo.” Ícones como a oceanógrafa Sylvia Earle e o naturalista David Attenborough guiam suas escolhas. Mas é na arte performática que encontra a sua maior referência: “A minha grande influência é Marina Abramović. Sonho um dia poder abraçá-la e dividir com ela tudo o que carrego”. Para Barbara, a arte e a natureza são inseparáveis. “Quero usar a arte como uma ferramenta para sentir o planeta.”

Matéria publicada na edição 20 da Revista Unquiet.

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