Bolha de plenitudes e contradições
O Brasil não é um país fácil para gays, lésbicas, trans e qualquer um que não se enquadre no padrão heteronormativo. São Paulo acaba funcionando como uma grande bolha onde essas pessoas podem se expressar livremente. E é na região central que essas existências podem ser vividas em todas suas plenitudes e contradições, em estilo essencialmente hi-lo.
Na Paulista, Consolação, Jardins, Bela Vista, Vila Buarque, Santa Cecília e Pinheiros também, mas de outros jeitos. O chamado Centrão é um caldeirão de imigrantes africanos, asiáticos e sul-americanos, onde igrejas evangélicas convivem lado a lado com cinemas pornô e restaurantes sofisticados dividem calçadas com “podrões”.
Há vários circuitos para imensa diversidade contida nas letras da sigla LGBTQIA+ no centro de São Paulo. Começando pelo tradicional Arouche, que já foi um bairro chique, passou pela decadência total e hoje, depois da reforma da praça, vive um renascimento com novos e modernos edifícios residenciais, hotéis e cafés.
Durante todas essas fases o público gay mais maduro nunca abandonou os bares da Avenida Vieira de Carvalho, aos finais de semana, também, ponto de encontro da juventude queer periférica. Bem perto dali fica o Copan, edifício projetado por Oscar Niemeyer, um dos símbolos da capital paulista. Na rua interna um público das artes, mais moderno e bem diverso, se aglomera em lugares como o Orfeu, restaurante com pistinha de dança, e o Copanzinho com suas mesas na rua.
Atravessando a avenida Ipiranga chegamos na Rua Major Sertório, que passou por uma transformação radical nos últimos anos, de área degradada a uma espécie de mini Berlim, com mercadinhos e padarias orgânicas, bares e restaurantes descolados com parklets, lojas de design e um fervidíssimo karaokê com filas que viram o quarteirão.
Caminhando duas quadras encontramos a Praça Roosevelt, onde o povo das artes cênicas se concentra em uma esplanada com salas de teatros e muitos bares abertos até altas horas, onde beijar na boca é praticamente mandatório.
Para que o giro LGBTQIA+ pelo Centrão de São Paulo seja completo, é preciso passar ainda pela lendária Galeria do Rock e a vizinha Galeria Olido. A última, após uma grande requalificação, abriga a Galeria do DJ, inaugurada durante a pandemia. Na quadra de baixo fica a Praça das Artes, complexo cultural frequentado pela galera da dança e que foi incorporado ao novíssimo Vale do Anhangabaú. Em uma cidade com tantas opções, difícil é não encontrar a sua turma.
Pride e Festivais:
A Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo é a maior do planeta e acontece sempre no domingo do feriado de Corpus Christi. Nos dias que antecedem, a cidade ferve com festas e eventos para todos os gostos. Em novembro é a vez do Mix Brasil, festival dedicado ao cinema, teatro, música e literatura LGBT que é um dos maiores do gênero no mundo.
Essencial Proudly UNQUIET:
A Balsa se define como uma casa de encontros. Tem um bar aconchegante com ótimos drinks e música e no andar de cima um imenso rooftop com vista para o centro velho e Viaduto Santa Ifigênia. Como não tem dia certo para abrir, geralmente de quinta a domingo mas muda sempre, é preciso checar e reservar antes no facebook.com/balsa26
Bairros com vida LGBT: Além do Centro, sugerimos visitas a Pinheiros, epicentro das lojas, restaurantes e cafés mais legais da cidade e sua vizinha Vila Madalena, um dos lugares com maior vocação boêmia da capital paulista. Em Higienópolis e na vizinha hipster Santa Cecília, padarias e restaurantes tradicionais dividem a calçada com os endereços veganos e cervejarias artesanais mais concorridos da cidade. O bairro dos Jardins, maior concentração de galerias de arte, hotéis e de ótimos bares e restaurantes, é o lugar para ver e ser visto. Na Bela Vista, e em toda área da Avenida Paulista, cinemas de rua e museus pulsam a vida cultural durante o dia. À noite, bares e baladinhas que surgem a cada estação enquanto bares e baladinhas que surgem a cada estação garantem a diversão dos visitantes.
Museus que recomendamos: A superlativa capital paulista reúne a maior concentração de museus do país e não fica devendo nada a metrópoles mundiais. Na região da Avenida Paulista, o MASP reúne um dos mais impressionantes acervos do país. Aproveite a visita para conferir também o Instituto Moreira Salles, a Japan House São Paulo e o Itaú Cultural, também localizados no endereço mais famoso da cidade. Nos Jardins, além do cem fim de galerias de arte, o MuBE (Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia) e o MIS (Museu da Imagem e do Som) reúnem algumas das mostras mais badaladas da cidade. Em Pinheiros, o Instituto Tomie Ohtake é ponto artsy queridinho com exposições concorridas. E no Parque do Ibirapuera, o MAM (Museu de Arte Moderna), o MAC (Museu de Arte Contemporânea) e o Museu Afro Brasil são motivos para uma visita à maior área verde da cidade. Uma “ilha de museus” paulista no bairro da Luz é formada pela imponente Pinacoteca de São Paulo, com um acervo que a torna endereço obrigatório, pela Estação Pinacoteca, onde importantes registros do período da ditadura estão disponíveis e pelo Museu da Língua Portuguesa. Aproveite para visitar a Sala São Paulo e a Estação da Luz quando estiver por lá.
Onde Ficar:
Hotel Unique
O Hotel Unique, tanto por suas formas arredondadas que desafiam a gravidade, quanto pela badalada piscina vermelha de seu terraço, se tornou um ícone da diversa arquitetura paulistana. O restaurante Skye, localizado no topo do hotel, é um dos endereços mais concorridos da cidade.
Emiliano
O Emiliano é famoso pela decoração minimalista e pelo brunch servido aos finais de semana. A localização, no coração dos jardins, próximo a galerias de arte, restaurantes, cafés, lojas e shoppings de luxo como o novo CJ Shops Jardins, garante programas diferentes para todos os dias da semana.
Clima: São Paulo é quente na primavera (set-dez) e no verão (dez-mar) e tem temperaturas amenas no outono (mar-jun) e inverno (jun-set). Picos de calor, com temperaturas que beiram os quarenta graus podem acontecer durante o verão e dias gelados, com termômetros abaixo dos dez graus no inverno.