Sicília, o destino do viajante inquieto

Uma odisseia pelas obras literárias, cinematográficas, mitológicas e belas paisagens da Sicília

Com obras literárias, cinematográficas e mitologia grega, nosso repórter nos conduziu por uma odisseia pelas paisagens da Sicília, a maior ilha do Mediterrâneo, situada na ponta da “bota” italiana. 

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Abaixo, trazemos as cidades e ilhas elencadas por Roberto Muggiati para inspirar sua futura viagem à Sicília. Confira.  

O cenário paradisíaco das ilhas Eólias | Foto: Getty
Fonte Diana, na praça Arquimedes, em Siracusa: homenagem da cidade ao seu filho mais ilustre | Fotos Getty
A imponente catedral de Siracusa | Foto: Getty

Catânia: Monte Etna e Garganta de Alcântara

Envergando blazer de linho, jeans e mocassins, quase morri enregelado na altitude. Esqueci que na minha primeira investida ao Etna fora rechaçado por uma ventania glacial em pleno verão. Você vai de teleférico até os 2,7 mil metros e dali sobe a pé ao entorno da cratera: o cume do Etna fica a 3,3 mil metros. Ao sair do bondinho, você pode trocar suas vestes banais por roupa adequada, anoraques acolchoados com capuzes e botas de alpinismo. No afã de chegar à boca do vulcão, passei batido [brasileiro é assim: o abolicionista Silva Jardim (1860-1891) quis ver de perto a cratera do Vesúvio e foi engolido pelo vulcão.

No dia seguinte eu estava equipado com macacão e botas de borracha para passear com água acima da cintura na incrível garganta de Alcântara. Há milhares de anos o rio foi obstruído pelo magma do Etna, que redesenhou seu curso, criando um cânion espetacular, com gargantas (gole) de até 50 metros de altura e no máximo dez de largura. Esse contato íntimo com a água lava a alma. O nome árabe de Alcântara lembra que a Sicília foi colonizada por sucessivas ondas de invasores – gregos, romanos, árabes, normandos, franceses, espanhóis e italianos, para citar os principais. O domínio dos “sarracenos” durou de 827 a 1061 e deixou marcas profundas, assim como ocorreu na Península Ibérica.

Teatro grego em Taormina, com o vulcão Etna ao fundo | Foto: Getty

Ilhas Eólias

Na costa norte, as oito ilhas do arquipélago das Eólias abrigam 12 mil habitantes. Lípari, a maior, é o centro administrativo. Vulcano hospeda um dos quatro vulcões ativos na Itália. Com seus nomes sonoros, Alicudi e Filicudi rimam. Basiluzzo fica entre Panarea (a “Ibiza” das Eólias) e Strômboli, símbolo da vocação cinematográfica do lugar. Em Salina foi filmado O Carteiro e o Poeta, um episódio chileno de Pablo Neruda transplantado para a Itália. Em Strômboli Roberto Rossellini rodou em 1949 o filme homônimo, estrelado por Ingrid Bergman. Nascido de um convite da sueca, a fita gerou um romance extraconjugal entre os dois que chocou o mundo.  O ativíssimo Strômboli entra em erupção quase de hora em hora, com explosões vistosas, mas sem perigo, garantindo a happy hour dos turistas. Um dos três episódios de Caro Diário, de Nanni Moretti, dissecou o perfil de cada ilha.

O Etna em erupção: tendo a seus pés a cidade de Catânia, é o mais ativo vulcão do continente europeu | Foto: Getty
Palermo | Foto: iStock
Templo de Juno, de 450 a.C | Foto: Getty

Siracusa

Siracusa era a principal cidade grega, mais importante que Alexandria e a própria Atenas. Foi lá que nasceu Arquimedes (287-212 a.C.), matemático, físico, engenheiro, inventor e astrônomo. No cerco de Siracusa pelos romanos, ele criou máquinas que jogavam navios inimigos para fora d’água e um sistema de espelhos que lançava raios de sol sobre as naus e incendiava suas velas.

Em Siracusa, visite o anfiteatro romano, o teatro grego e as latomias, grutas de calcário usadas como prisão, escavadas pelos próprios prisioneiros de guerra e opositores políticos. Uma delas tem a “Orelha de Dionísio”, um ponto do qual se pode ouvir tudo. A cada passo você esbarra num mito. O deus Alfeu apaixonou-se pela ninfa Aretusa ao vê-la banhando-se nua. A ninfa fugiu a nado até a Sicília, onde a deusa Ártemis a transformou em fonte. No local, uma lojinha oferece artigos de papelaria feitos dos papiros que crescem na fonte, com a técnica que os egípcios usavam há 2,5 mil anos.

Palermo

Palermo foi declarada Patrimônio Mundial. Maior cidade siciliana, com 700 mil habitantes, sua vegetação de palmeiras africanas lhe empresta um ar marroquino. Em minha primeira visita, me dei ao luxo de um passeio de carruagem, tagarelando com o cocheiro como se falasse italiano desde criancinha. Sabia que o museu do Peido não passava de uma boutade de Salvador Dalí, mas sua localização em Palermo diz muito da sua atmosfera surreal. O turista precisaria de um ano para desfrutar toda a beleza dos museus, igrejas, parques e santuários da cidade.

A garganta de Alcântara: rio foi represado pelo magma do Etna | Foto: Getty
Foto: Getty
Agrigento | Foto: iStock

Agrigento

Ao sul de Palermo fica Agrigento, encravada num penhasco. Ali, num bairro pobre, nasceu Luigi Pirandello, um dos mais famosos escritores italianos, prêmio Nobel de literatura em 1934. Sua peça Seis Personagens em Busca de um Autor está sempre em cartaz ao redor do mundo. Outro grande escritor siciliano é Giuseppe Tomasi, príncipe de Lampedusa, autor do romance O Leopardo, publicado em 1958, um ano após sua morte. É um retrato admirável das tensões sociais à época da unificação da Itália. A exuberante versão cinematográfica do Leopardo pelo nobre milanês Luchino Visconti, conde de Lonate, simpatizante do comunismo, ecoa a frase célebre de um aristocrata sobre a ameaça socialista: “Se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude”.

A íntegra da matéria está na terceira edição da UNQUIET, disponível para download aqui.

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