Um ateliê em Belém do Pará é o lugar de reinvenção. É ali que os irmãos Cordeiro, Zé Maria, Luís Felipe e Marivaldo, que trabalham juntos há mais de duas décadas, reinventam a madeira, transformando-a em objetos diversos. À frente da Brigada da Madeira, o grupo familiar, que hoje inclui o artesão André Cabral, utiliza as árvores que caem na floresta durante o longo período de chuvas, o chamado inverno amazônico, que dura aproximadamente seis meses, como matéria-prima.
A técnica de marchetaria de blocos consiste em esculpir diferentes variedades de madeira, unindo-as e combinando cores, texturas e formas geométricas, aplicadas em peças de uso cotidiano, como caixas e potes, entre outros objetos decorativos.
Os artesãos se valem de seu vasto conhecimento dos tipos de madeira disponíveis na floresta para manejar entalhes mais finos e delicados, possível em troncos mais duros, por exemplo.
Foi durante o período em que moraram na Guiana Francesa, em busca de trabalho, que Cordeiro e Zé Maria aprenderam a arte de esculpir com mestres maçons, à época fazendo peças de mobiliário.
De volta ao Brasil, eles envolveram os outros irmãos, antes sapateiros, no ofício. Mas dessa vez optaram pela produção de objetos menores, para o melhor aproveitamento da madeira.
Além da economia familiar, a Brigada da Madeira capacita jovens que aprendem na oficina técnicas de marchetaria e ganham novas perspectivas profissionais. Para esses artesãos, o respeito à floresta, bem como a estreita relação com as comunidades ribeirinhas, vem garantindo o acesso à matéria-prima de maneira sustentável, gerando trabalho e renda. “Hoje somos entre 50 e 60 pessoas e toda nossa madeira é fruto de parcerias com os ribeirinhos das ilhas do entorno de Belém”, explica Antonio Cordeiro.
artesol.org.br/brigadadamadeira
Matéria publicada na edição 12 da Revista UNQUIET.