O Japão sempre habitou meu imaginário, mas levou anos até eu planejar uma viagem para lá. Inicialmente, a ideia era conciliar a aventura com o Fuji Rock. Meus amigos que já tocaram no festival nipônico são categóricos e afirmam que a experiência é maluca, diferente de todas que já tiveram em festivais pelo mundo.
Minha imaginação sempre rola solta quando ouço algo assim. E criei expectativas. No fim das contas, troquei o Fuji Rock por um outro festival menor e, ao invés de ir em julho, viajei para o Japão no mês de outubro.
Arrependo-me um pouco de não ter ido, mas depois de um mês mergulhada na cultura japonesa e conversando com alguns locais, entendi que o Fuji Rock Festival requer um baita planejamento. Confesso que não sou muito boa nisso. Gosto de fazer as malas deixando espaço para uma boa imersão na cultura e na história local. A partir daí, faço uma lista de lugares que quero conhecer, mas não costumo viajar com os planos fechados. Gosto muito de “me deixar levar” e descobrir coisas pelo caminho, seja por minha pesquisa, seja por dicas de locais ou viajantes que conheço ao longo da jornada. Ter ido para o Japão dessa maneira me proporcionou uma experiência muito singular e, claro, nem o festival menor que havia planejado fui. Minha rota mudou totalmente após uns dias no país, mas as festas e shows que curti enquanto confirmaram tudo o que eu esperava. Foram momentos insanos e incríveis!
O Japão tem uma cultura muito distante da nossa, e é isso que o torna tão especial. Na última edição do Fuji Rock, em agosto de 2021, a organização pediu que o público evitasse conversar entre si por conta da covid. Consegue imaginar um festival como um lugar quieto? Impossível, mas não no Japão.
O festival continua na minha wish list e em algum momento aterrisso por lá. O Fuji Rock, apesar do nome, acontece bem longe do Monte Fuji. Ele rola numa estação de esqui em Naeba, a três horas de carro de Tóquio. Caso vá direto para o evento, o ideal é pegar um voo para Naeba, mesmo com escala na capital japonesa. O mais complexo é conseguir acomodação. Pode ser camping, mas é necessário levar tudo a tiracolo; ou um lodge nos arredores da estação esqui, legais para utilizar os traslados do próprio festival.
O Fuji Rock é um dos maiores festivais do Japão reunindo cerca de 150 mil pessoas a cada edição. É considerado o Glastonbury do Oriente, tanto pelo tamanho quanto pela lama presente. Então ter um par de galochas, uma boa capa de chuva e uma mochila à prova d’água na mala é altamente recomendado.
As pessoas reclamam muito das filas imensas para tudo, especialmente para comer, ir ao banheiro ou sacar dinheiro. Exige certa preparação para enfrentá-las. A área do festival é gigantesca. Como acontece numa estação de esqui, é necessário preparo físico para subir e descer a montanha e transitar de um lado para o outro no evento. Entre uma área e outra pode-se caminhar até 45 minutos. As rotas de caminhos estreitos costumam gerar congestionamentos humanos.
Fora os perrengues inevitáveis, pesquise e se prepare para amenizar eventuais riscos de se chatear com o festival. O público japonês é muito animado e educado e o line-up é sempre majestoso. Como li numa resenha “se você quer tentar viver numa outra dimensão, fuja do mundo real. Ame a mãe natureza. Tenha confiança em sua força física e conheça suas limitações. Experimente o Fuji Rock!”. Eu estou me preparando!
A data para 2022 já foi anunciada para 29 a 31 de julho, mas por enquanto é apenas esta informação disponível. Para acompanhar as informações da próxima edição: fujirockfestival.com.