O Open’er é um dos maiores festivais de música da Polônia. Acontece anualmente no verão em Gdynia reunindo grandes nomes da música pop, hip-hop, indie, rock e eletrônica.
Para mim, visitar festivais não tem apenas a ver com música. Mergulhar um pouco na cultura dos lugares que visito é o que me leva aos eventos. Quanto mais local é um festival, melhores são as possibilidades de entendermos os costumes e curiosidades de um lugar. A Polônia já habitava meu imaginário há algum tempo. Varsóvia e Cracóvia, duas cidades ricas culturalmente, com muita história para contar, estavam há tempos na minha mira. Aproveitei para visitá-las antes do Open’er e caí de amores por ambas.
O Open’er é um dos maiores festivais do país e acontece em um lugar emblemático, um aeroporto desativado, utilizado durante a Segunda Guerra Mundial, localizado no meio do nada. Uma cidade temporária com camping, incluindo um mercadinho para coisas básicas, torna o evento amigável a grupos e famílias. Na área do festival ergue-se uma vila com manicure, cabeleireiro, cinema, lojas de roupa e muitos bares e lounges assinados por marcas patrocinadoras do evento. A área de alimentação é gigantesca, com representantes de muitas cozinhas. A polonesa não é muito sofisticada, mas muito rica e oferece uma mescla de técnicas das culinárias eslavas ocidentais com internacionais. Tudo delicioso. Na correria, apelei para as famosas salsichas e para os pierogi, numa dieta não muito correta, liberada em nome da música.
A data do Open’er coincidiu com o jogo Polônia x Portugal nas quartas de final da Eurocopa. O festival praticamente parou, armaram um espaço com telão para transmissão do jogo ao vivo e foi tão tenso como costuma ser assistir aos jogos do Brasil na Copa do Mundo. O show do Red Hot Chilli Peppers não estava tão concorrido como normalmente, pois ninguém queria perder a partida. A banda entrou no clima e entoou a música da seleção em polonês com, soube-se depois, a pronúncia perfeita. Boa parte do público vestia a camisa da seleção, carregava bandeiras e tinha o rosto pintado de branco e vermelho. Foi uma verdadeira comoção com direito a prorrogação, pênalti e tudo que um bom sofredor de futebol conhece bem. A Polônia perdeu. O jeito foi se jogar nos shows para esquecer a decepção (coincidentemente, eu estaria posteriormente em Lisboa assistindo a final quando Portugal foi campeão). A alegria venceu!
A produção é uma das mais impecáveis que já vi e os poloneses, um dos públicos mais simpáticos. Quase não vi estrangeiros, ou seja, ouvi polonês a maior parte do tempo. Uma das atrações do festival é um antigo túnel do aeroporto que vira o palco Silent Disco, onde dois DJs se apresentam simultaneamente e o público opta no fone de ouvido qual DJ quer escutar.
“Sem música, a vida seria um erro” – Nietzche
O único perrengue de fato é que na época em que o festival é realizado, costumam acontecer tempestades de verão. O resultado são arco-íris lindíssimos e pores do sol dignos de cartão-postal. O Open’er conta com uma área VIP bem elaborada, que em 2019 foi instalada num conjunto de domos geodésicos com projeções imersivas, espaço para café, bar, massagem tailandesa e vista privilegiada para o palco principal. Nada mal!
O festival ocorre sempre em meados de julho e em 2022 já tem confirmados Imagine Dragons, Dua Lipa, Jessie Ware, entre outros. Na última edição, o Open’er estendeu a sua programação para a área da cidade com o Open’er Park apresentando shows de quinta a domingo por quase dois meses entre julho e agosto. E estreou o Open’er BeachHouse, um beach club com programação diária com DJs e lives. Note-se que o último verão foi um dos mais quentes em Gdynia.
A moeda local, o zloty, equivale a R$1,38, o que torna o Open’er muito acessível. Os ingressos custam cerca de R$1.000 para acesso aos 4 dias de programação e um extra de R$ 140 para quem preferir acampar. Recomendo ficar num hotel à beira-mar e usar o traslado diário para ir e voltar do festival, ou optar pelo “Sleephuts”, que são casinhas equipadas e com luz! Custam cerca de R$3.600 e acomodam até 4 pessoas (os ingressos para o festival são comprados.
Para encerrar com estilo, eu estiquei em Szczecin para conhecer a imponente e bela Filarmônica da cidade, construída no lugar onde outrora ficava o Konzerthaus que foi totalmente destruído na Segunda Guerra Mundial. Puro deleite para amantes da música e da boa arquitetura.
Serviço
Open’er Festival
29 de junho a 2 de julho, 2022
Gdynia-Kosawoko Airport, Polônia