Sempre digo que se há duas coisas que os germânicos sabem fazer bem são bolos – apreciados com café – e saunas gay. E, na mais rica e elegante cidade da Alemanha, não poderia ser diferente. Em Hamburgo, cidade com um porto com 870 anos de história, as liberdades individuais e as leis do mercado (e do lucro) sempre estiveram acima do conservadorismo do cristianismo protestante. Talvez por causa das trocas comerciais realizadas entre povos de culturas e religiões diversas e por ser frequentada há séculos por marinheiros, em busca de diversão e prazer. Principalmente na zona de “meretrício”, conhecida como Reeperbahn, onde os Beatles iniciaram sua carreira, que tem vários bares e clubes voltados para o público homossexual masculino.
Cultura de liberdade
Hamburgo é uma cidade segura não só para viajantes homossexuais como também para travestis e transexuais, apesar da recente ascensão da extrema direita no Bundestag, o parlamento alemão. Há uma cultura de liberdade e respeito, resultado do fato de que aqui os LGBTQIAPN+ têm seus direitos garantidos: podem se casar e adotar filhos, servir o exército sem se esconder, transexuais podem alterar seus documentos sem ter passado pela cirurgia de readequação sexual e não podem, por lei, ser discriminados no trabalho ou em qualquer prestação de serviço por motivos de orientação sexual e identidade de gênero. É sempre importante lembrar que, apesar de nos anos 1920 Berlim ter sido um paraíso de liberdade para gays de todo o mundo, em um passado não muito distante, homossexuais eram caçados para morrer nos campos de concentração nazistas, juntamente com judeus, pretos, deficientes e ciganos, com a conivência de toda a sociedade alemã.
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Além de uma rica vida cultural, com exposições, óperas e museus únicos no mundo — não deixe de visitar os imperdíveis Maritimes Museum e Miniatur Wunderland —, Hamburgo tem uma arquitetura de excelência (desde o neogótico da bela prefeitura até a imponência do edifício da filarmônica, o Elbphilharmonie, desenhado por Herzog & de Meuron), muita natureza em volta dos parques, do Rio Elba e do lindo Lago Alster, lojas e hotéis elegantes (principalmente em volta do Lago Binnenalster, em Jungfernstieg), uma gastronomia de primeira (com muitos peixes e frutos do mar, restaurantes orgânicos e veganos) e uma vida gay vibrante.
St. Georg, o centro da vida gay em Hamburgo
Ao redor da estação de trem central, a Hauptbahnhof, estão algumas das principais e mais interessantes instituições culturais de Hamburgo: o museu de belas-artes Hamburger Kunsthalle, o Museum für Kunst und Gewerbe, dedicado às artes aplicadas e ao design, e o mais importante teatro da cidade, o Deutsches Schauspielhaus, fundado em 1901. É também a partir da praça da estação de trem que começa a rua gay mais elegante e charmosa de Hamburgo: a Lange Reihe.
Principal via do bairro de St. Georg, a Lange Reihe abriga lojas, bares e cafés gays. Mas o mais legal dela é que, apesar da grande comunidade, não é um gueto homossexual, porque seus cafés e restaurantes são frequentados também por locais e viajantes elegantes. Como é o caso do Cox, um bistrô com cardápio enxuto e poucas e boas opções vegetarianas, indicado pelo guia Michelin, e o preferidíssimo Café Gnosa, aberto o dia todo e com os bolos mais deliciosos (não deixe de provar o Rhabarber Kuchen, de ruibarbo, e o Mohnkuchen, de sementes de papoula).
Apesar de a Männerschwarmm, uma livraria-instituição especializada em literatura LGBT+, ter fechado suas portas em 2015, depois de mais de 40 anos de existência, a Bruno’s, uma livraria-sex shop que faz história desde os anos 1980, segue aberta, na esquina da Lange Reihe com a Danziger Strasse. E não faltam bares para todos os gostos: do Generation Bar, frequentado por gays mais jovens, ao Tom’s Saloon, um cruising bar, inaugurado em 1974 e inspirado na arte icônica de Tom of Finland, para os adeptos do leather, que fica ao lado da melhor sauna gay da cidade, a Dragon, com 1.800 m². Ambos estão na Rua Pulverteich. Caso você precise de uma roupa à altura, basta dar uma passada na Mr. Chaps, a loja mais completa para os adeptos dos mais diversos fetiches.
Por isso, para viver St. Georg e todos os museus em volta, fazendo tudo a pé – e sem andar muito –, a melhor opção de hospedagem para os viajantes gays é o hotel Reichshof. Aberto em 2015 em um edifício do começo do século XX, em frente à estação de trem, o hotel, que fica no comecinho da Lange Reihe, tem quartos contemporâneos entre 18 e 40 m², academia, spa, o imponente restaurante Stadt e um café-bar-bistrô.
É no verão e no outono que o calendário oficial dos eventos voltados à comunidade LGBT+ fica animado. Entre o fim de julho e o começo de agosto, acontece a semana do orgulho, que culmina com o Christopher Street Day (a versão alemã e suíça da parada) e também o Hamburg Ledertreffen, as festas dedicadas ao universo leather. Em outubro, é a vez do Hamburg International Queer Film Festival, que dura uma semana e é o maior e mais antigo festival de cinema LGBT+ da Alemanha.
Matéria publicada na edição 12 da Revista UNQUIET.