Freya Stark (1893-1993)    

Uma legitima influenciadora para mulheres viajantes

Uma legítima influenciadora. Muito antes do significado atual, Freya Stark fez esse papel perante toda uma geração de viajantes – especialmente as mulheres.  

Filha de um casal de artistas franceses boêmios, a jovem Freya se viu desde cedo diante de uma realidade sem lastro. Viveu em vários endereços e países à mercê da sorte dos pais e encontrou nos livros o refúgio para suas desventuras familiares – e também de um acidente que lhe arrancou uma orelha e desfigurou parte do escalpo. Foi ao ler uma tradução do livro As Mil e Uma Noites que definiu seu fascínio pelo Oriente, o que fomentou seu desejo de viajar para uma região tão distante e desconhecida àquela altura. 

Em 1912, ela partiu da Itália para cursar línguas na Universidade de Londres, tornando-se fluente em diversos idiomas, incluindo árabe e persa. Com o início da Primeira Guerra Mundial, voltou à Itália e serviu como enfermeira. Nesse momento, seu coração já não pertencia mais a apenas um lugar e explorar o mundo era uma necessidade urgente. Investiu uma parcela do dinheiro que ganhou de seu pai e, depois de alguns entreveros familiares, partiu finalmente rumo ao Oriente, em 1927, aportando no Líbano. Seu intuito era continuar os estudos da língua árabe, mas seu objetivo foi vencido pelo deslumbramento com o desconhecido. Contrariando leis e possibilidades, percorreu Damasco ao lado de uma amiga, ficou presa por três dias pela ousadia, mas não se deteve em sua missão. 

Freya explorou, se encantou e reportou o que viu ao lançar seus primeiros artigos, em 1928. Seus livros Bagda Sketches e The Valley of the Assassins and Other Persians Tales podem ser descritos como guias muito pessoais e peculiares de viagens em que ela faz comentários sobre cultura, costumes e história da região. Suas peripécias, sempre devidamente registradas, foram além, incluindo escaladas de grandes montanhas, viagens a Turquia, Grécia e Iêmen e a muitos mares nunca antes navegados por uma mulher sozinha. 

Após completar 70 anos, esteve em áreas remotas do Afeganistão e explorou o Nepal montada em um pônei. Por seus feitos, foi nomeada Dama do Império Britânico em 1972. Freya morreu aos 100 anos, em seu chalé em Asolo, Itália.

Matéria publicada na edição 18 da Revista UNQUIET

    UNQUIET Newsletter

    Voltar ao topo