O cavaleiro do deserto
Ele viu a África antes da chegada do automóvel e a Arábia antes do boom do petróleo. Thesiger encarou sua primeira expedição aos 23 anos. Foi viver com a tribo etíope danakil, uma das mais temidas da África (pelo fato de castrar prisioneiros), para mapear a região. Depois de servir no norte da África e na Síria durante a Segunda Guerra (1939-1945), viajou até a península árabe, onde recolheu informações para um projeto de controle de gafanhotos. Lá encontrou os beduínos, os nômades do deserto, que o acompanhariam em sua histórica epopéia pelo chamado Empty Quarter, a imensa área entre o Golfo Pérsico e o Mar Vermelho. Durante a jornada, a pé e no lombo de dromedários, Thesiger viveu como um nativo: passou fome, sede e quase morreu. Mas tornou-se o primeiro ocidental a cruzar, duas vezes, e pela rota mais perigosa, a inóspita região entre os anos de 1945 e 1950. As memórias desse mundo desconhecido – no qual a maior dádiva se resumia a encontrar água não-contaminada pela urina de dromedários – estão em Arabian Sands (1959), um de seus nove livros, que Sir Wilfred costumava reler nas horas vagas. “É minha passagem de volta a um tempo, lugar e espírito extintos pela desgraça da civilização moderna”, costumava dizer.