48h em Roma: roteiro fora do óbvio na capital italiana


Novo Hotel em RomaPor Leticia Rocha

O pecorino e a pimenta-do-reino correm nas veias de quem nasce ou vive na capital italiana – e também dão nome ao icônico cacio e pepe, que virou até sorvete pelas mãos de um chef especializado em gelatos. Surpreso? Imagine, então, fazer as lentes de seus óculos novos na mesma ótica que atendia o Papa Francisco e Federico Fellini. Ou descobrir que existe um Coliseu quadrado, erguido em 1938 para exaltar o fascismo e hoje é a sede da Fendi. Com 2.771 anos, Roma confirma seu maior clichê: uma vida não basta para conhecê-la. Mas, se você tiver apenas 48 horas na cidade, os endereços a seguir são um bom caminho para começar a desvendá-la da maneira mais insider possível.  

Colosseo Quadrato: sim, a Cidade Eterna tem um monumento inspirado no seu ícone maior e trata-se de um coliseu quadrado. Construído nos anos 1930, desde 2015 ele abriga a sede da Fendi e pode ser visitado em exposições esporádicas. Fica no bairro EUR, foi projetado por Mussolini e é chamado de a Brasília de Roma devido a suas largas avenidas, prédios altos, cascatas e até um lago artificial – perfeito para praticar o dolce far niente com um belo piquenique. 

O Colosseo Quadrato

 ALT – Stazione del Gusto: criado pelo estrelado chef Niko Romito, o espaço tem uma pegada casual, inspirada nos diners norte-americanos, e já virou franquia, no melhor estilo “do Michelin ao pop”. Já a sua alta gastronomia pode ser apreciada no Bvlgari Hotel, onde ele assina a consultoria global.

Ottica Spiezia: no coração turístico de Roma, a discreta ótica, de 1967, na Via del Babuino, tem apenas 8 m² e uma clientela ilustre. Desde 2012, cuida dos óculos dos papas – Francisco (1936-2025), em 2015, trocou pessoalmente suas lentes. Federico Fellini e Marcello Mastroianni também foram clientes de Alessandro Spiezia, cuja história virou livro: L’Ottico che Ha Visto la Storia (2022).

Co.Ro. Jewels: a poucos passos dali, a Co.Ro. Jewels transforma Roma em joias. Ícones como o Coliseu e o Panteão viram anéis, pulseiras e gargantilhas de design elegante, que de nada lembram um suvenir. A clientela é em geral italiana. Por trás da marca estão as arquitetas romanas Costanza De Cecco e Giulia Giannini.

Da Mariolino: a gastronomia é parte da alma dessa cidade, mas nessa região vale fugir da oferta turística. O Da Mariolino surpreende ao unir tradição e modernidade, com um cardápio que vai de criações autorais aos clássicos romanos – um ótimo local para provar a estrela da cozinha local, a carbonara. Ele também tem um menu só de trufas. É o mais novo integrante do Rome Luxury Suites, um grupo familiar que há décadas se dedica à gastronomia e hotelaria, com quatro hotéis butique na região: Mario de’ Fiori 37 (no mesmo prédio do restaurante), Margutta 19, Babuino 181 e Margutta 54.

Hendrik Christian Andersen Museum: ainda na região, vale visitar a casa-museu de Hendrik Christian Andersen (1872-1940), norueguês que viveu em Roma até a sua morte. Autor de O Patinho Feio, ele também se destacou como escultor. Aqui estão cerca de 200 obras, que parecem formar um verdadeiro balé, em que as óperas dialogam entre si. O estupor continua: reserve um espaço, em qualquer horário nesses dois dias (melhor se for no entardecer!), para conhecer o Mirabelle, que fica na emblemática Via Veneto. O restaurante está no rooftop do luxuoso Hotel Splendide Royal e descortina um dos mais belos panoramas da capital italiana, com suas construções, que despertam o fascínio, e suas infinitas cúpulas – incluindo, o Cupolone, como é conhecida a da Basílica de São Pedro.   

Prato do BottiglIeria Pigneto

Pigneto: a face mais hipster de Roma está nesse bairro vibrante, cheio de street art, ateliês e moda, como o Mademoiselle, de second hand e criações autorais. Ele é o destino também para quem busca o agito noturno. O Tuba mistura bar, bazar e livraria, e a Bottiglieria Pigneto tem uma cozinha criativa, do chef João Jay Monteiro, que mescla as influências de quem nasceu em Portugal, cresceu nos Estados Unidos e vive na Itália.

Trastevere: o bairro pode ser considerado como a Times Square de Roma e, como tal, é a meca de turistas. Para fugir disso, é preciso se focar em endereços que os locais frequentam: o Ma Che Siete Venuti a Fa é o bar onde os romanos assistem a futebol e bebem cerveja na rua. Já o Pianostrada, que se intitula um laboratório de cozinha com visão gastronômica livre, é considerado o melhor restaurante da cidade segundo importantes premiações. Para se deleitar com um gelato, escolha a Otaleg!, do chef gelatier Marco Radicioni, que vai além dos clássicos, tendo criado uma versão doce de cacio e pepe, um prato de massa típico romano, feito com dois amados aqui: o queijo pecorino e a pimenta-do-reino.

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