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Por Luciana Lancellotti
Deserto mais árido do mundo, o Atacama se estende por 105 mil quilômetros quadrados de sal, pedra e mistério no norte do Chile, abrigando paisagens que parecem esculpidas por mãos invisíveis. No coração dessa imensidão, o Salar de Atacama reflete o céu em sua superfície cravejada de cristais, rivalizando com o Uyuni, na Bolívia. Ao amanhecer, os Gêiseres de El Tatio (4.320 m) despertam com colunas de vapor, como se a Terra respirasse fundo, em um ecossistema frágil e extraordinário.

Dirigir nesse cenário estonteante vai além de viajar: é um pacto com o desconhecido. A Rota B-245, que liga San Pedro de Atacama — o centro da região — aos gêiseres, foi parcialmente pavimentada, mas o deserto testa os visitantes. Veículos 4×4 com pneus resistentes, tração nas quatro rodas e kits de emergência são essenciais. Um erro no combustível ou o GPS sem sinal podem transformar o épico em perrengue.
Mesmo com o 5G instável entre montanhas, é sábio salvar mapas offline. O Atacama prefere coordenadas humanas: intuição, paciência e olhar atento ao horizonte.
No volante, menos velocidade e mais contemplação, pois há algo sagrado na lentidão do terreno. Parar para observar uma vicunha ou silenciar diante de uma duna cor-de-rosa ao pôr do sol pode ser o verdadeiro ponto alto.

Rituais de sabor
San Pedro de Atacama fica a cerca de 1h20 de carro do Aeroporto de Calama. Suas ruas, hoje calçadas com pedras, abrigam um centro de visitantes, onde arte ancestral e wi-fi coexistem sem conflito. Para alimentar o corpo e a alma, saiba que os restaurantes lotam logo após as 20h30, quando boa parte dos viajantes retorna das trilhas.
O café Adobe, próximo à Plaza de Armas, é célebre e serve a quinoa negra como uma poesia no prato. No Rincón de Sal, pizzas artesanais e hambúrgueres suculentos encontram a companhia perfeita em cervejas locais.
Logo adiante, o Restaurante Bar Agua Loca, no Hotel Don Raúl, acolhe com sua cozinha de fusão andina e internacional, servindo coquetéis à base de ingredientes frescos do altiplano. Quem busca um lanche leve pode visitar o Emporio Andino, com sucos naturais, tortas caseiras e sanduíches artesanais. Já o Ckunza Tilar encanta pelo ceviche de salmão com abacate e por sucos prensados na hora, servidos em um espaço minimalista e aconchegante.

Os refúgios do Atacama se renovam como um oásis de inovação e respeito ao entorno. No Our Habitas Atacama, inaugurado em 2023, 51 quartos, inspirados na paisagem lunar, abrigam viajantes em programas de bem-estar e cultura local. A NOI Casa Atacama também foi repaginada: nas 45 suítes, o artesanato andino dialoga com linhas contemporâneas — piscina ao ar livre, spa e um restaurante que celebra os sabores do deserto completam a experiência.
O Explora Lodge, com 50 suítes, propõe expedições guiadas, spa com terapias baseadas em tradições locais e arquitetura minimalista, que respeita a imensidão salina. Já o Nayara Alto Atacama, com 42 suítes e pátios reservados, equilibra luxo e tecnologia, com observação astronômica, spa com ingredientes nativos e uma cozinha que reinventa pratos ancestrais.
E o Tierra Atacama, que passou por uma renovação milionária, de 11 meses, voltou a receber hóspedes em 2025, com 28 suítes (algumas com piscinas privativas), adega esculpida em pedra e spa redesenhado por artesãos locais.

Caminhe devagar
O básico? Reserve com meses de antecedência, pois o Atacama não é mais segredo. E vale lembrar que, nesse imenso território, a altitude ainda prega peças. Por isso, modere o consumo de álcool, caminhe devagar e tome bastante água. E atenção aos flamingos: aproximar-se demais deles pode custar uma multa salgada.
À noite, quando o termômetro mergulha, abrace camadas de roupa como quem se reconcilia consigo mesmo — o Atacama não perdoa pressa nem distração. E nem se contenta em ser visitado. Exige ser sentido. Quando você parte, leva algo que não cabe na mala: uma saudade mineral, silenciosa, que só desaparece com a promessa de voltar.