Com ritmo próprio e suavidade infinita,
o Butão ensina e encanta.
Quase intocado e por isso mesmo sedutor, encaixado entre a Índia e o Tibete (região autônoma da China), o pequeno reino budista (menor que o estado do Rio de Janeiro) paira nas alturas himalaias com uma política high value/low impact que limita o acesso de visitantes, preserva o meio ambiente, valoriza seus 800 mil habitantes e faz dele um destino especial.
Benefícios Exclusivos UNQUIET: Butão, Amankora & Six Senses Bhutan
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Amankora
Benefício expirado
Six Senses Bhutan
Benefício expirado
Ali, o movimento é outro e a gentileza do povo toca fundo o viajante, que sai impressionado com o Reino da Felicidade, pois o Butão deu uma lição ao mundo ao enfrentar com firmeza a pandemia do coronavírus, fechando as fronteiras e mantendo taxas baixíssimas de contágio, revelando todo o cuidado dos governantes.
Neste lugar remoto, com picos de 7.000 metros de altitude ao norte, planícies baixas ao sul e rios que cortam os vales, a jornada se inicia no oeste, com paradas em Thimphu, Paro, Gangtey e na antiga capital, Punakha, onde fica o dzong (castelo-fortaleza) de mesmo nome, considerado o mais bonito do país. A parte central, na região de Bumthang, é uma terra de vales profundos e formidáveis dzongs sagrados. Subindo, o centro montanhoso, com altitudes entre 2.600 e 4.000 metros, abriga a maioria da população e as cidades históricas espalhadas pelos vales de Ura, Chumey, Tang e Choekhor. A região mais inexplorada fica a leste, devido ao relevo difícil. E o sul do país é ainda mais selvagem, plano e quente, com tigres, elefantes e rinocerontes. Ao norte, as paisagens virgens e preservadas em torno dos grandes picos se alternam, chegando ao máximo dos 7.570 metros de altitude, o Gangkhar Puensum, na fronteira com a China.
Uma semana de carro é o tempo perfeito para conhecer o melhor do país. Os caminhos passam por muitas curvas, são cruzados por rios, atravessam pontes, lindas aldeias, terraços com plantações de trigo e arroz vermelho – as duas culturas que movimentam a economia. Há também pimenta (bastante usada na culinária local) e cannabis (exclusivamente para alimentar carneiros e iaques, os bovinos de pelagem longa).
O trajeto inclui os dzongs, as rodas de oração e os inúmeros chortens (monumentos em forma de torre, também conhecidos como estupas ou pagodes, um dos mais importantes símbolos do budismo).
Destaque para as compridas pontes suspensas – como a de Punakha, com 180 metros sobre o rio Po Chhu – e para as delicadas passarelas de pedestres, algumas do século 15, enfeitadas com bandeirolas e torres de cada lado da travessia.
Nada chama mais atenção, porém, que as onipresentes bandeiras de oração. São bandeirolas coloridas com preces que balançam ao sabor do vento. Estão às centenas em estradas, pontes, ao redor de mosteiros e jardins, em geral na mesma ordem de cores: azul-branco-vermelho-verde-amarelo, lembrando os elementos água-éter-fogo-ar-e-terra. Sempre nessas cinco cores, são penduradas na horizontal nos países budistas, mas no Butão existem também as bandeiras verticais, brancas, presas em uma longa estaca de madeira. No centro de cada uma está impresso o cavalo-do-vento (lungta), cuja tradição diz trazer a iluminação que preenche os desejos. E muitas mencionam os números sagrados do budismo: 3, 13 e 108, considerados benéficos à vida. Exemplo: são 108 as bandeirolas brancas colocadas ao vento após a morte de um parente, mesmo número das pérolas dos rosários de oração. Ou dos 108 chortens em Dochula, uma passagem de montanha no Himalaia na estrada que vai de Thimphu a Punakha.
A tal da felicidade
Algo único no Butão é o índice de Felicidade Interna Bruta (FIB), em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) usado do restante do mundo. O termo foi criado em 1972 pelo rei butanês Jigme Wangchuck (pai do atual rei) para medir a qualidade de vida e o progresso social de uma maneira mais holística. O FIB foi também adotado pela ONU como um indicador auxiliar do PIB e do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). É o Centro de Estudos do Butão que analisa o FIB, conceito amparado por quatro pilares: desenvolvimento socioeconômico sustentável e equitativo + conservação ambiental + promoção do patrimônio cultural + boa governança. O conceito é baseado no desenvolvimento socioeconômico sustentável e equitativo (a energia hídrica é responsável por 40% do total das exportações ou 25% do PIB butanês), na conservação e promoção da cultura e tradição, na preservação e proteção do meio ambiente natural (as florestas ocupam 72% do território e sua pegada de carbono é negativa) e na boa governança (saúde e educação universais).
O FIB é acompanhado pelo quinto e atual Druk Gyalpo (Rei Dragão), Jigme Khesar Namgyel Wangchuck, de 40 anos, casado com Jetsun Pema, 30, graduada em relações internacionais na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Rei e rainha são adorados pela população. Nessa monarquia parlamentarista, a realeza butanesa é budista, como a maioria dos habitantes, o que explica a enorme influência que os lamas continuam a exercer no país, não só por meio da religião, mas também da astrologia. Na cultura local, nada é feito sem a consulta prévia aos monges, que regem quase tudo na vida das pessoas a partir da posição dos astros – a melhor data para noivar, casar, viajar, trocar o telhado de casa ou batizar os filhos.
A maioria dos monges-astrólogos é formada no monastério de Pangri Zampa, próximo da capital, Thimphu. Enviados por seus pais, eles entram ainda crianças nesses locais de estudo e religião, outra das tradições mais arraigadas do país. Estão presentes ainda nos majestosos dzongs que dominam o panorama das cidades e servem como centros religiosos e administrativos dos distritos. Simbolizam a identidade e cultura butanesas com sua arquitetura típica: muralhas inclinadas, portas e entalhes de madeira, torres de pedra e paredes brancas.
Maravilhas de Thimphu
Thimphu é a única capital no mundo sem sinais de trânsito e até o final dos anos 1970 manteve seu aspecto rural. Com cerca de 100 mil habitantes, fica no vale do rio Wang Chu. Suas atrações causam impacto.
O dzong Tashichoe de Thimphu, monastério-palácio do século 13, de onde o reino é governado, sedia a sala do trono, a secretaria de Sua Majestade e vários gabinetes governamentais, além de templos. Os entalhes e tetos estão entre os mais belos do país. As construções são cercadas por um jardim de cerejeiras enxertadas com pessegueiros que dão as boas-vindas ao visitante.
Em Chorten sente-se um clima de fé, respeito e paz neste templo construído em 1974 em memória de Wangchuk, o terceiro rei do país (avô do atual monarca), venerado como o pai do Butão moderno. Logo na entrada, rodas de oração são giradas em sentido horário enquanto monges recitam um mantra (“Om Mani Padme Hum”). Mais adiante, fiéis peregrinam ao redor do grande monumento branco e dourado enquanto oram, sempre com os japamalas (os rosários budistas) em mãos. Ali contabilizam quantas vezes um mantra é recitado.
O Simply Bhutan, instituição a céu aberto, guarda a cultura, o modo de vida, a arquitetura e os costumes do país. Foi levantado com a reutilização de material de casas tradicionais em vários ambientes. Ali acontecem exibições culturais ao vivo. No local, fica o célebre jardim dos Falos, uma homenagem ao falocentrismo no Butão, adotado no século 15 pelo lama budista Chimmi Lhakhang, ou Drukpa Kunley, apelidado de “O Louco Divino”. Em muitos outros lugares, na frente de mosteiros, casas e lojas de artesanato, você encontra falos esculpidos em madeira ou em pinturas. São os símbolos de fertilidade e, segundo os butaneses, protegem dos espíritos malignos, do mau-olhado e das fofocas.
A Biblioteca Nacional, em Thimphu, guarda a história do reino impressa nos textos arcaicos em milhares de manuscritos e livros antigos, em sânscrito e em dzongkha, o idioma oficial, além de fotos da sorridente família real. Tudo alojado numa construção típica, com seus detalhes e entalhes em madeira que são o símbolo da bela tradição de artes e ofícios do país.
É no instituto Zorig Chusum que essa tradição se mantém ao longo do tempo. Costuma ser emocionante ser recebido por um mar de adolescentes de todas as regiões do reino para aprender uma profissão na principal instituição de ensino da rica cultura artesanal butanesa, onde é ensinada a zorig chusum, que significa “as 13 artes e ofícios do Butão”. Entre elas estão a pintura thangka em algodão e seda, a costura, a escultura. No ensino médio, as crianças podem escolher entre estudar ciências ou aprender artes e ofícios em escolas com moradia.
Ainda em Thimphu, uma visita interessante é ao museu têxtil. Ele abriga a coleção de roupas usadas pela família real desde 1907 e sua lojinha vende artesanato típico, como a kira (vestimenta feminina) e o gho (traje masculino), toalhas, tecidos e outros itens de casa. Tradicionalmente usada pela população e confeccionada em diversos padrões, a kira é um conjunto de saia e casaco tipo quimono preso com um alfinete especial. O gho é um casaco longo com um meião comprido até os joelhos.
Dominando Thimphu, uma gigantesca estátua de Buda Dordenma (uma das maiores do mundo, com 59 metros de altura) paira sobre a paisagem, emanando paz e felicidade. No seu interior, há mais de 100 mil estatuetas de Buda feitas de bronze e um salão de meditação para os visitantes.
No centro do país
De Thimphu, um caminho natural leva a Punakha em três horas de carro com parada obrigatória para ver a principal atração local, a passagem de Dochula, com seus 108 chortens. Punakha, a antiga capital do Butão, se situa na região central, a uma altitude de 2.250 metros, na confluência dos rios Pho Chhu e Mo Chhu (“Macho” e “Fêmea”). Ali imperam belos terraços de arroz e símbolos como o palácio da Grande Felicidade e o templo de Chimmi Lhakhang, dedicado à fertilidade e circundado por uma fileira de rodas de oração com belíssimos entalhes de madeira. Nada mais exemplar nessa região verdejante e fecunda do país.
O palácio da Grande Felicidade (Punakha Dzong) é uma das mais belas e bem preservadas construções, pontuada por pátios, monastérios e pinturas. A fortaleza foi construída em 1637 e nela o primeiro rei, Ugyen Wangchuk, se viu coroado, em 1907. Um pedaço importante da história butanesa está registrado em suas paredes e portas de madeira.
O bom da região são as caminhadas. Percorrer os vales em trekkings guiados, como a rota Jhomolhari, é emocionante. Seu percurso atravessa florestas, rios, terraços de arroz, campos de milho, pomares – e oferece vistas das montanhas. O passeio também pode ser feito de bicicleta.
Ninho do Tigre, Paro e festivais
Quando se fala no pequeno reino himalaio, é impossível não pensar em seu monumento mais célebre e sagrado, o Ninho do Tigre, ou mosteiro Taktshang, que paira a 3.120 metros de altitude em um penhasco cercado por bela floresta de pinheiros. Ele abriga sete templos e fica suspenso sobre o vale de Paro. Para chegar, a partir da base, são cerca de três horas de caminhada, com paradas para admirar a paisagem arrebatadora. O monastério foi erigido no século 8º pelo guru Rinpoche, guia espiritual que trouxe o budismo para o país. Diz a lenda que o monge chegou ao local montado em um tigre – eis o motivo do nome. Na descida, vale programar com o seu hotel um piquenique na base da montanha.
Paro, com cerca de 42.000 habitantes e onde fica o Ninho do Tigre, tem admirável beleza cênica, com destaque para os cumes nevados do monte Chomolhari e os grandes desfiladeiros cortados pela água glacial que corre para o rio de mesmo nome. Isso faz da terra uma das mais férteis do reino, com seus belos terraços de arroz e frondosos pomares.
Aliás, o Museu Nacional perfila elegantes galerias: coleções de pinturas, esculturas, estátuas e demais obras de arte, num total de cerca de 2.800 objetos que contam 1.500 anos de história. Outra atração é o Kichu Lhakhang, um dos templos mais antigos do país, construído ainda no século 7º. Ele conserva diversas relíquias sagradas do budismo.
O guru Rinpoche é reverenciado em várias cidades durante festivais como o Punakha Tshechu, realizado no fim de fevereiro ou início de março, a depender do calendário lunar.
Quatro semanas mais tarde é a vez do Paro Tshechu, o mais importante festival religioso da cidade, que dura cinco dias. Neles, as danças mascaradas são destaque. Criadas antes da Idade Média, as chams, como são chamadas, foram coreografadas por grandes mestres budistas para transmitir mensagens espirituais ao povo. Os dançarinos se vestem com roupas coloridas e máscaras que remetem a seres mágicos. Os bailarinos se movem ao som de instrumentos típicos, como o yangchen, uma espécie de cítara, drangyen (alaúde), chiwang (violino) e lim (flauta). Caso você não esteja no país durante um dos tshechus, alguns hotéis mantêm apresentações regulares dessas danças.
Nos festivais e também no dia a dia é praticado o esporte nacional, o arco e flecha, com várias competições regionais e principalmente nas celebrações de Ano Novo (Lhosar). É praticado por homens e mulheres e, nos Jogos Olímpicos mais recentes, no Rio de Janeiro, o Butão foi representado por uma única atiradora, Karma (sem sobrenome, eliminada na primeira fase). A delegação butanesa se compôs apenas por duas mulheres – além de Karma, participou Lenchu Kunzang, do tiro esportivo, sem medalha.
Ao chegar do Butão a impressão que costuma ficar é de pureza. Que filtra tudo e transforma a todos que se deixam levar pela energia e pelo senso de comunidade, igualdade, bem-estar e beleza que permeiam o reino e seus habitantes. Quem vem até aqui nutre um só pensamento: voltar.
Hospedagem pelos vales
Os lodges Six Senses e Amankora são destinos em si
Para dias de pura imersão e reset, com profundo conforto e explorações transformadoras no Butão, escolha os lodges do Aman e do Six Senses. Com sua mistura indelével de bem-estar, sustentabilidade e luxo orgânico, ambos acumulam prêmios ano após ano. Aman e Six Senses têm unidades nos cinco vales centrais e ocidentais do país: Paro, Thimphu, Punakha, Gangtey e Bumthang. E não há nada melhor que se hospedar em lugares que personificam a energia leve e rarefeita do Reino da Felicidade.
Six Senses Hotels Resorts & Spas
A rede inaugurou seus lodges em 2019 e em cada um exibe madeira clara e pedra nos ambientes e nos cenários que fazem o hóspede se sentir em outro mundo. Das suítes e vilas amplas e contemporâneas aos restaurantes com menus de sabores regionais e pratos internacionais, tudo é saudável e gostoso. E tem ainda o adorável Integrated Wellness Six Senses, com tratamentos e terapias asiáticas, tibetanas e butanesas como o dotsho (banho de pedras quentes, com ervas). Tudo é pensado para que você conheça o melhor de cada região no seu khamsa (passeio real).
SIX SENSES
• Sem canudos plásticos desde 2016, com meta de zerar o uso de plástico até 2022. Engarrafamento próprio da água consumida no hotel.
• A arquitetura faz uso dos saberes e materiais de construção regionais, gerando emprego e valorizando a cultura local.
• A comida servida no Six Senses usa matéria-prima comprada de produtores e pescadores da região.
• Apoio a projetos educacionais voltados ao desenvolvimento comunitário e acesso justo à educação.
• Investimento na compra de equipamentos de saúde das comunidades do entorno, como incubadoras para bebês, com recursos provenientes do Fundo de Sustentabilidade.
• Fornecimento de água potável para as comunidades próximas ao Six Senses, aliada a projetos educacionais.
• Produção orgânica de hortaliças, com exploração sustentável dos recursos naturais.
• Apoio e parceria em projetos de proteção ambiental patrocinados por ONGs reconhecidas, como Manta Trust, Blue Marine Foundation, União Internacional para a Conservação da Natureza e Projeto Olive Ridely.
Amankora, Aman
Os cinco lodges do Amankora – “paz e peregrinação” – evocam o supremo conforto e o serviço da rede Aman em ambientes integrados à natureza, com gastronomia local ou internacional. A programação personalizada inclui palestras com especialistas em felicidade, bem-estar, terapias holísticas (a massagem e o banho com pedras quentes são dos deuses!), leituras astrológicas e roteiros com vivências interiores – da ioga com mestres aos trekkings pelas montanhas. Agradam o clima zen e o estilo chic-clean das suítes de madeira clara com janelas do chão ao teto e grandes banheiras com vista para as montanhas. Isso sem mencionar os cremes e tratamentos da marca Aman, com aromas inebriantes que trazem para o corpo um pouco da ancestralidade dos ingredientes locais.
AMANKORA
- “Farm to table”: os alimentos consumidos no Amankora são produzidos no próprio hotel ou comprados de pequenos produtores locais.
- Cada lodge contribui com ações de preservação e conservação do patrimônio arquitetônico.
- Os hotéis Amankora são apoiadores do centro de resgate de animais selvagens, abrigos e hospitais de animais.
- Os lodges lideram projetos regulares de plantio de árvores.
- O Amankora contribui com a promoção do artesanato butanês utilizando em seus lodges itens de vestuário, papéis, tecidos etc. produzidos e reciclados pelas comunidades locais.
Matéria publicada na edição 01 da Revista UNQUIET.