Ceará Genuíno

Com foco no turismo generativo e na exaltação da cultura e das tradições locais, a Casa Daia é um refúgio original, que toca a alma e promove uma conexão especial com a natureza, além de oferecer programação de esportes e experiências únicas

Barroquinha (CE), com faixa litorânea vazia e natureza preservada.

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Logo que o avião tocou o solo, uma nova paisagem se apresentou diante dos nossos olhos: dunas, mar, vento e sol. Pousamos no aeroporto de Jericoacoara (CE) e de lá seguimos até o destino final, trajeto feito por uma estrada quase em linha reta, marcada por fazendas e plantações de cajueiros e carnaúbas. A carnaúba é o símbolo do estado, uma palmeira endêmica do semiárido nordestino, também conhecida como Árvore da Vida. 

Após quase duas horas, chegamos à Casa Daia, na Barra dos Remédios, município de Barroquinha, quase na fronteira com o Piauí. Inaugurado recentemente, o hotel é intimista: conta apenas com três suítes e quatro bangalôs (com piscinas privativas), construídos com materiais locais e madeira de reflorestamento, priorizando sempre a sustentabilidade. Na decoração, muito charme e originalidade, com peças produzidas por artesãos da região. 

A Casa Daia, nome que faz alusão ao pássaro símbolo do Ceará, a jandaia, fica dentro da fazenda Barra dos Remédios, em uma área de 2 milhões de metros quadrados, cercada por mar, lindas praias, rios, dunas, coqueirais e pela caatinga. Pouco explorada e com sua originalidade preservada, ela é um destino que une o turismo de luxo, a simplicidade da natureza e o respeito pelas comunidades no entorno. “O conceito da Casa Daia precisa ser positivo para todos. Para quem já estava aqui antes de nós e para nós, forasteiros, encantados com o Ceará e seu povo”, diz Eduardo Hargreaves, idealizador do projeto. Amante da natureza e cultura locais, ele também foi cativado pela prática de esportes outdoor, o hotel oferece bicicletas, caiaques e equipamentos para stand-up paddle, kitesurfe, wing foil e wake foil.

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Casa Daia

Benefício: Um passeio de quadriciclo ou um passeio de lancha pelo rio, para duas pessoas.

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  • Validade: Setembro de 2026
Panorama amplo das dunas encontrando manguezais e o Atlântico, sem construções à vista.
Dunas, manguezais e o mar infinito compõem o cenário da Barra dos Remédios
Pessoas remando de SUP no Rio dos Remédios, ladeado por manguezais e dunas ao amanhecer.
Stand-up paddle em Barra dos Remédios

À Mercê da Natureza e do Mar 

Devidamente instalados, com muito conforto e gentileza, e ambientados em um clima de descontração e leveza, fomos curtir o que nos aguardava. Nosso primeiro dia começou com um passeio de barco para conhecer a pesca artesanal no município de Bitupitá, feita em currais de pesca típicos do Ceará. Os currais são estruturas de madeira e redes de pesca fixas no fundo do mar, que aproveitam o movimento das marés para capturar os peixes. Esse tipo de pesca é uma tradição local desde o século XVII. No final de tarde, fizemos um passeio pela praia deserta, um momento para a contemplação de um pôr do sol laranja, em mais um espetáculo da natureza.  

O segundo dia começou sobre quadriciclos, uma das formas mais divertidas de explorar a região. Nossa programação incluía ver a chegada das canoas de pesca na Praia Nova: um cenário colorido e autêntico, com pescadores trazendo peixes variados, que são negociados e vendidos ali mesmo para as comunidades locais.

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Canoas artesanais coloridas chegando à Praia Nova, com pescadores descarregando redes e peixes ao entardecer.
As canoas que vão ao mar todos os dias para a pesca levam nomes de mulheres, já que canoa é uma palavra feminina

Uma das vivências mais especiais que tive foi a oportunidade de conversar com os pescadores, ouvir suas histórias, ver como todos se ajudam na hora da chegada das canoas. Uma relação de colaboração entre todos: linda de ver e de ouvir. Observando as canoas que chegavam, perguntei por que elas sempre são batizadas com nomes de mulheres, como Ana Ester, Jaqueline do Mar e Cidiane, entre outros. Eles me responderam que “canoa” era uma palavra feminina, por isso todas recebem nomes de mulher.    

Durante toda a programação de passeios, encontramos moradores de pequenos vilarejos, ouvimos suas histórias e tradições e aprendemos sobre a região com quem nasceu e vive ali. Tudo muito especial.

Hóspedes pedalando por trilha de areia entre coqueirais rumo à praia de Barra dos Remédios.
Passeio de bicicleta pela trilha que liga o hotel à praia
Estruturas de madeira dos currais de pesca montadas no mar raso de Bitupitá, com pescadores trabalhando na maré baixa.
A pesca de curral, uma tradição típica cearense
Mesa posta sobre as dunas, com frutas e pães, ao lado do rio, sob guarda-sol.
Café da manhã montado pelo staff da Casa Daia nas dunas à margem do Rio dos Remédios

A Favor do Vento

No dia seguinte, acordamos cedo e subimos de barco pelo Rio dos Remédios, em meio a manguezais, para o café da manhã nas dunas, uma experiência proporcionada pelo Casa Daia. Terminado o café, descemos o rio de stand-up paddle num silêncio profundo. Um momento mágico junto à natureza intocada: de um lado, os manguezais, e do outro, dunas de areia. Nesse mesmo dia, à tarde, fomos andando até a praia, onde o vento soprava forte, formando o cenário ideal para uma aula de kitesurfe. As aulas são personalizadas, com instrutores da própria comunidade. As condições para a prática do kite são excelentes, com muito vento, água quente e praias desertas e um cenário mágico, com mais um pôr do sol em conexão total com a natureza.  

No dia seguinte, acordamos e fomos encontrar as marisqueiras, mulheres que coletam mariscos e sururus de forma artesanal, para sua subsistência e venda. Acompanhamos a coleta ouvindo histórias sobre o modo de vida das famílias, com tradições e ofícios passados de geração em geração, além de entender a importância dessa atividade para o sustento geral.

Casa de taipa com cobertura simples, cercada por areia e vegetação nativa da Praia Nova.
Uma casa típica feita de taipa, na Praia Nova

Nosso programa seguinte foi conhecer a “agrofloresta da fazenda”, um sistema de produção que combina árvores e plantas da região, num processo natural para o aumento da biodiversidade e a melhoria da fertilidade do solo. Na floresta, também fizemos a observação de pássaros da região. A Casa Daia tem também seu próprio apiário e várias trilhas através da mata. 

Sabor do Nordeste 

A gastronomia da Casa Daia é especial e exalta os sabores do Ceará. O chef Fabio Vieira, pesquisador das tradições e dos ingredientes do Brasil, elaborou o cardápio, que é variado e saboroso. Há diversas opções com frutos-do-mar, entre elas o tradicional arroz caldoso com mariscos, camarões, polvo em um caldo espesso, acompanhado de quiabo na brasa, e a moqueca de arraia. Entre as muitas sobremesas típicas, a cartola (um clássico originado nas casas de engenho, feito com banana, queijo do sertão grelhado e polvilhado com açúcar e canela, acompanhado por um delicioso sorvete de tapioca) deixa saudades no paladar. 

Close do arroz caldoso com mariscos, camarão e polvo, servido com quiabo grelhado.
Famoso arroz caldoso com frutos do mar, especialidade do chef Fabio Vieira
Kitesurfistas navegando em mar raso com vento forte, dunas ao fundo e céu limpo.
A Praia Nova é ideal para a prática de kitesurfe, com muito vento, água quente e praias desertas.
Os entusiastas podem aprender o esporte com instrutores da comunidade local
Marisqueiras com baldes e peneiras coletando sururu no manguezal durante a maré baixa.
A pesca de sururu é uma tradição passada de geração em geração entre as marisqueiras

A Casa Daia é o destino para uma conexão profunda e intensa com a natureza intocada e as tradições regionais. Um lugar onde o propósito é conservar o que existe de mais precioso e proporcionar o que existe de mais raro. Criar experiências que, além de valorizar o convívio, promovem a educação e conservação do meio ambiente. Imperdível!

Matéria publicada na edição 20 da Revista UNQUIET

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SUSTENTABILIDADE

Ações de conservação do meio ambiente e ações sociais

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Casa Daia

Antes de iniciar qualquer ação no território foi realizado o Zoneamento Ambiental, para que fosse possível entender todas as especificidades do território, entender os diferentes cuidados que eram necessários em cada ecossistema existente na fazenda. Isso com intuito de traçar diretrizes e ações que pudéssemos seguir preservando as dunas, o mangue, a vegetação da caatinga e toda fauna que ali habitam.

Além dos cuidados básicos que todo empreendimento turístico deve ter foram implantados sistema de tratamento de esgoto em todas as unidades com sistema de biodigestor, realizamos também a coleta de água da chuva para reuso na horta, separação dos resíduos tais como vidro, alumínio e óleo de cozinha que são enviados para reciclagem, orgânicos são transformado em terra através das composteiras que temos em nossa horta, Temos também o máximo de cuidado para evitar o uso de sacolas plásticas e não utilizamos nenhum tipo de plástico de uso único.

Além de uma horta orgânica próxima ao restaurante do hotel, iniciamos o processo de recuperação de uma área degradada com a implantação de uma pequena agrofloresta. Ela foi desenvolvida com agricultores da região que receberam capacitação e orientação sobre práticas agrícolas agroecológicas. Possuímos também um viveiro de mudas, além de espécies frutíferas e hortaliças para a horta cultivamos também espécies nativas do terreno. Sabemos que através da coleta de semente e da produção de espécies arbóreas do próprio terreno iremos fortalecer a biodiversidade do território e ao mesmo incentivar a prática de valorização e preservação da caatinga.

A equipe da Casa Daia é multidisciplinar e o toda proposta  do empreendimento, tem como premissa o cuidado, tanto que a  gestão da fazenda é realizada por uma permacultura e educadora socioambiental: cuidar de si, cuidar do próximo e cuidar do planeta.

Social:

A prática de trabalho na Casa Daia acontece de forma participativa, os colaboradores fazem parte do processo de construção do nosso sonho. Acreditamos na genuinidade dos saberes locais e no potencial de investir na comunidade. Hoje nossa equipe é formada majoritariamente por pessoas do local, os mesmo recebem formação e capacitação para fomentar o desenvolvimento do potencial de cada um.

A Casa Daia  tem apoiado os velejadores da praia de Bitupitá, investindo nos jovens que fazem parte do projeto Kite Solidarity, tanto em formação e treinamento como em possibilidades de geração de renda através do kitesurf.

Turismo de Base Comunitária, uma das linhas de experiências é focada no TBC, durante os dois anos inicíais além de fortalecer vínculos com a comunidade foram mapeado atividades que além de merecer o reconhecimento por seu saber, história e tradição poderiam também gerar renda para as pessoas da região. Hoje temos 04 atividades dentro dessa vertente: coleta de sururu com as marisqueiras, tour pela comunidade (com café tradicional na casa de uma família agricultora), visita aos currais de pesca em Bitupitá e visita a Praia Nova.

Todas essas atividades possibilitam a geração de renda, tendo vista que parte do valor cobrado na experiência  é repassado diretamente às pessoas envolvidas, parte segue para cobrir os custos e o que seria o “lucro” está sendo criado um fundo para ações a serem desenvolvidas na própria comunidade.

Ilustração autoral alusiva à paisagem litorânea do Ceará e às vivências na Casa Daia.
Ilustração: Antônio Tavares

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