Brumadinho, muito além de Inhotim

Uma viagem de carro por Brumadinho para conhecer as pessoas que estão revitalizando a cidade — e o que há de novo no grande museu de arte contemporânea ao ar livre do país

Brumadinho muito além de Inhotim

A recepção foi a mais calorosa que um visitante poderia ter. “Sejam bem-vindos, lelê, sejam bem-vindos, lalá, paz e amor pra vocês, que vieram nos visitar!”, cantaram em rimas as quatro mulheres sorridentes do Quilombo de Ribeirão que nos receberam no quintal de casa, nos confins de Brumadinho, a pouco mais de uma hora de carro de Belo Horizonte. Nossas anfitriãs, Mena, Maurina, Deusdeth e Cleusa, batiam palmas ao som de um violão e cheias de orgulho. Naquela divertida manhã de sol, entre as montanhas pacíficas de Minas Gerais, nos deliciamos com a feijoada caseira da família Braga, feita com ingredientes da roça, em uma mesa coletiva na varanda.

E tivemos um bom exemplo de como o turismo rural e comunitário está renovando a cidade.

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Galeria em Brumadinho
Galeria True Rouge
A obra Giro Luana Vitra Galeria Marcenaria
A obra Giro, de Luana Vitra, na galeria Marcenaria

Tudo começa em Inhotim

Era o nosso terceiro dia viajando de carro, em uma potente Mitsubishi Pajero Sport, entre paisagens cênicas, como a Encosta da Serra da Moeda, o Parque Rola-Moça e o Mirante Topo do Mundo, de onde os aventureiros costumam saltar de parapente. Tínhamos quatro dias para descobrir as mudanças locais, além das novidades da atração mais famosa, Inhotim, o museu de arte contemporânea ao ar livre que em 2006 colocou Brumadinho no mapa de quem aprecia a natureza e a arte.

“E é justamente o turismo que vem ajudando a reerguer Brumadinho, farto em minério, depois de um acontecimento dos mais marcantes: o trágico rompimento, em 2019, de uma barragem da Vale, que vitimou 270 pessoas”

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Galeria Cláudia Andrujar
Peças incandescentes no forno de Eny Amorim,

Do luto à luta

A recepção calorosa em uma das quatro comunidades quilombolas de ‘Brumadim’, como dizem os mineiros, encurtando as palavras, confirmava que existe uma transformação em curso. “Depois do rompimento da barragem, decidimos ir à luta para buscar alternativas para gerar renda”, contou Jaime Braga, guia do Quilombo de Ribeirão. “Mostrar nossa cultura aos visitantes tem mudado a nossa vida para melhor.”

Depois da música, do almoço e do tour no quilombo, fomos apresentados ao artesanato em bordado, que a comunidade desenvolveu em parceria com Ronaldo Fraga. O estilista mineiro foi o principal curador dessa e de outras 38 experiências do projeto Céu de Montanhas, criado depois do acidente pela Rede Terra para fomentar o turismo sustentável no município.

Os sabonetes de leite de cabra produzidos artesanalmente na região

O prazer dos encontros

Com uma área vasta, Brumadinho não tem suas atrações concentradas em um lugar só. Um carro é essencial para encarar, às vezes, meia hora de estrada até os locais onde alguns anfitriões oferecem encontros marcantes. Na Ecovila Coração da Mata, fizemos um piquenique sentados em balanços, como crianças, com a dançarina Bárbara Pessali. Tivemos uma mostra do Mercado Cultural anual da Villa Rica Pousada e Boutique, provando os queijos de cabra Chèvremón, de Ramon Fiuza, e a comida de roça da agrofloresta da Fazenda Sertão, de Lucas Sigefredo. E no bistrô caseiro A Alquimista, da chef e mixologista molecular Marcela Azevedo, degustamos um inusitado “jantar de drinques”, que mescla a cachaça com alimentos locais. “Ao apresentar o território e nossos saberes, mostramos que nosso povo está mais forte depois da tragédia”, disse Marcela.

O forno de Adel Souki
Detalhes do ateliê de Adel Souki, incluindo as fotos de sua mestra, Toshiko Ishii, pioneira na região.

Novas galerias em Inhotim

Inhotim também vive seu momento de renovação. Ao completar 18 anos de vida, o ousado empreendimento do empresário mineiro Bernardo Paz atinge a maioridade respeitado mundialmente e prestes a abrir um hotel, em parceria com a Clara Resorts. No espetacular museu ao ar livre, são mais de 500 obras, de 56 artistas, representando 18 países, espalhadas em 24 galerias, lindamente dispostas em sete jardins temáticos e quatro lagos. Entre as novidades estão os pavilhões permanentes de artistas como a japonesa Yayoi Kusama e a brasileira Claudia Andujar, além do crescimento das exposições temporárias em seis das galerias.

Quilombo de Ribeirão

Temáticas paralelas

Um dos prazeres da nossa imersão cultural em Brumadinho foi constatar os temas em comum que inspiram tanto a arte contemporânea dentro de Inhotim quanto a arte regional fora dele. Ao mesmo tempo que quilombos como os de Ribeirão e de Sapé reafirmam sua autoestima, ao compartilhar a cultura e a conscientização com os viajantes, também cresce a representatividade de afrodescendentes na curadoria de Inhotim. Em abril foram abertas exposições da portuguesa Grada Kilomba e do mineiro Paulo Nazareth. “Ainda não temos um pavilhão permanente para um artista negro, mas temos que celebrar o aumento da pluralidade”, disse a educadora Christiane Avelino, que nos guiou por obras como a de Luana Vitra, uma mulher negra como ela.

Peças em cerâmica no estúdio de Adel Souki
A confecção de cerâmica, parte da economia criativa que impulsiona o turismo local

Diálogo com o território

Em sua obra Giro (2023), que ocupa temporariamente todo o pavilhão Marcenaria, a mineira Luana Vitra dialoga com as paisagens das montanhas do entorno, ao mesmo tempo que discute a exploração industrial dos minérios. Um dos elementos materiais com que Luana trabalha são vasos de cerâmica produzidos em parceria com artistas da região, como Benedikt Wiertz. Tivemos o prazer de conhecer esse alemão, radicado há 28 anos em Brumadinho, em sua casa-cozinha-pousada nos arredores, o Ateliê Xakra 88. É ali que ele e sua mulher, Joseane Jorge, proporcionam uma experiência singular, que mescla os trabalhos no torno de barro dele com as criações gastronômicas inventivas dela. 

Gastronomia local
O reservatório-mirante do Córrego do Feijão
A Serra do Rola-Moça

Polo de cerâmica

Brumadinho reúne mais de 30 artesãos de cerâmica, que movimentam o município em eventos como o Circuito de Cerâmica, em abril, quando os ateliês abrem suas portas para vendas e workshops. Entre os ceramistas que conhecemos estava a premiada Adel Souki, uma das discípulas da japonesa Toshiko Ishii, uma pioneira da região. Enquanto Adel usa um forno anagama à lenha, sua colega Eny Amorim queima cerâmica no forno raku a gás ao ar livre, em um lindo contraste de peças incandescentes com o entardecer no alto da Serra da Moeda. Da sua loja-ateliê, no hotel Estalagem do Mirante, dá para admirar, sobre os morros, a bruma leve que batiza Brumadinho.

A capela do quilombo de Sapé
A recepção musical das anfitriãs Mena, Maurina, Deusdeth e Cleusa

Ressignificar o presente

Nos deslocamentos por Brumadinho, paramos para conferir a revitalização do Córrego do Feijão, a área mais afetada pela lama da barragem. O lugarejo foi todo renovado com obras como o novo Centro de Cultura e o Mercado Central Ipê-Amarelo. A memória de um passado tão triste, notamos ali, jamais vai ser apagada. Mas a hospitalidade afetuosa das pessoas que nos proporcionaram tantas experiências autênticas mostrou ser possível dar um novo sentido à vida em meio ao céu de montanhas de ‘Brumadim’.

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SUSTENTABILIDADE

Ações de conservação do meio ambiente e ações sociais

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Fasano Belo Horizonte

  • Projeto Arredondar
    O Grupo Fasano apoia o Projeto Arredondar por meio arrecadação de recursos e repasse às ONGs parceiras. Atualmente o projeto encontra-se implementado nos Hotéis Fasano Angra dos Reis, Boa Vista, Rio de Janeiro e São Paulo Jardins e Itaim. Os demais Hotéis estão em fase de implantação. O impacto da arrecadação do ano de 2023 corresponde a:

(1) 733 crianças apoiadas integralmente durante um mês de estudo pela ONG AFESU.

(2) 945 pacotes com 100 sementes de alface oferecido para as famílias atendidas pela ONG Instituto Melhores Dias.

(3) 315 sacolas verdes com quatro verduras, 1kg de legumes e 1kg de frutas para as famílias assistidas pela ONG CREN.

  • Gestão de Resíduos
    Mapeamento e destino adequado de cada resíduo com acompanhamento do ciclo completo de reuso, da metragem cúbica economizada em aterros sanitários e compensação da emissão de CO² na atmosfera.
  • Biodiversidade
    Ações de cuidado com o Meio Ambiente e propagação de conhecimento junto ao hóspede, parceiros e colaboradores
  • Plastic Free
    Substituição de materiais em plástico por outras alternativas sustentáveis
  • Horta Social Urbana
    Projeto em parceria com a Arcah, para transformação de espaços ociosos em hortas orgânicas. Resgate, capacitação e reintegração social de pessoas em situação de rua.
  • Pontos de Recarga de Veículos Elétricos
    O Grupo Fasano disponibiliza em 8 propriedades carregadores de carros elétricos oferecido como cortesia aos hóspedes.
  • Água e Energia
    Os Hotéis e Restaurantes do Grupo Fasano possuem sistemas e ações voltadas à economia de energia e água
  • Brasil Livre de Gaiolas
    O Grupo Fasano assumiu o compromisso de utilizar e comercializar somente ovos oriundos de galinhas livres do confinamento em gaiolas em 100% das operações no Estado de São Paulo até 2023 e demais estados até 2024

fasano.com.br/meio-ambiente

Matéria publicada na edição 15 da Revista UNQUIET

Mitsubishi Pajero Sport em ação na roadtrip, que explorou a região
Ilustração: Antônio Tavares

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