Após uma longa viagem pela Índia, conhecendo o Golden Triangle (como é chamado o circuito que conecta Délhi, Agra e Jaipur), entre muitas caminhadas por palácios e templos grandiosos, além de outras tantas viagens de carro, trem e avião, era chegada a hora de simplesmente descansar o corpo e a mente.
Minha viagem terminaria no norte do país, na região montanhosa de Dehradun, no sopé do Himalaia, passando alguns dias no Six Senses Vana. A partir do aeroporto Jolly Grant, o trajeto cênico de uma hora até o hotel me fez percorrer uma sequência de vales, com vistas que alcançavam, de longe, o sagrado Rio Ganges.
“Just being” foi a saudação de boas-vindas que ouvi assim que cheguei. “Apenas seja” é o significado da expressão. É uma forma de encorajar os hóspedes (aqui chamados de vanavasis) a deixar de lado as preocupações externas durante a estadia e se envolver plenamente com a experiência ali dentro, focada na introspecção – o que pode ser desafiador. Ao mesmo tempo, nenhuma frase teria soado melhor aos ouvidos de uma hóspede como eu, fanática por massagens e tratamentos, do tipo que, assim que chega ao hotel, quer logo saber onde fica o spa. Ali descobri mais do que isso: encontrei um verdadeiro santuário de bem-estar.
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Benefícios Exclusivos UNQUIET: Six Senses Vana, Índia
A experiência de bem-estar no Six Senses Vana, no sopé do Himalaia indianos, é um mergulho profundo no momento presente, em uma jornada de introspecção e renovação para a mente e o corpo. Acompanhe o diário de uma vivência transformadora em um dos mais respeitados refúgios de wellness do mundo
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Six Senses Vana
Benefício: Presente de Boas Vindas surpresa, sazonal, criado especialmente para leitores UNQUIET
- Use o código: UNQUIET
- Validade: Junho de 2025
Protocolos de paz
A estrutura do Six Senses Vana impressiona, com quatro centros de tratamento (um deles de medicina tibetana, com profissionais formados pelo Instituto de Medicina e Astrologia, fundado em 1916 pelo 13º Dalai-lama), e uma atenção meticulosa aos detalhes. Durante minha chegada, por exemplo, fui informada de que o uso do celular seria restrito ao quarto, para não incomodar os outros hóspedes.
Outra recomendação: não fotografar as áreas comuns. Também recebi um traje de algodão orgânico para usar durante toda a estadia – uma calça clássica indiana confortável, com cintura de elástico, e uma bata por cima, de toque macio, que eles chamam de kurta. Achei incrível a sugestão, porque nos livra da preocupação sobre o que vestir durante o dia e a noite – seu uso é também uma marca de igualdade entre os vanavasis.
Além disso, pude escolher o travesseiro para as minhas noites no hotel, em um menu que incluía tecidos como seda e algodão, em diferentes espessuras e densidades, considerando inclusive a posição ao dormir. Fiz minha escolha, coroada com o aroma de lavanda. Ao ser envolvida por tantos cuidados, percebi que abandonar as preocupações do mundo exterior poderia ser mais fácil e rápido do que eu imaginava. Eu simplesmente não via a hora de mergulhar em tantos espaços para meditação, terapias, reflexão e contemplação.
Imersão na natureza
A conexão com o ambiente natural é parte essencial da experiência. Por isso, a localização é tão inspiradora quanto os tratamentos: o hotel fica numa reserva de 85 mil metros quadrados.
“O Six Senses Vana é um mundo à parte, no meio de uma imensa floresta, onde os únicos sons audíveis são os dos pássaros, dos macacos e da natureza”
O clima temperado é outra grande vantagem da localização, longe das temperaturas de verão avassaladoras no norte indiano. Apesar de minha estadia ter acontecido justamente nessa estação, encontrei um clima agradável, com dias mais longos e temperaturas entre 15 e 25 ºC. No inverno, a média costuma oscilar entre 5 e 22 ºC.
Também me chamou atenção o projeto arquitetônico, do escritório espanhol Esteva i Esteva. É perceptível a preocupação em retratar a sensação de harmonia e paz, com linhas minimalistas e cores claras. A sustentabilidade é outro destaque: está presente desde os materiais usados na construção e na manutenção do hotel, com a ausência total do uso de plásticos, até o foco nos alimentos orgânicos, que vêm da horta local e de fornecedores próximos.
Minha primeira experiência foi uma consulta com um médico ayurveda, com quem descobri meu dosha predominante: Pitta, que combina fogo e água, responsável por processos como a digestão e a absorção de nutrientes. Os doshas são três energias fundamentais (os outros dois são Vata e Kapha), que, segundo o ayurveda, regulam as características físicas, emocionais e mentais de um indivíduo.
Com ele, também revi meu histórico de saúde. A partir dessa consulta, recebi todas as recomendações de tratamentos que deveria fazer. Assim começaram meus dias de puro relaxamento e introspecção no hotel.
Despertar dos sentidos
O primeiro tratamento aconteceu já no dia da minha chegada: uma massagem Hor Gyi Metsa, feita com óleo aquecido, à base de ervas naturais e sementes como gergelim, noz-moscada e cominho, o que me fez dormir como há tempo não acontecia, para acordar revigorada, pronta para os exercícios de alongamento com técnicas de ioga, a Yogayam. Fiquei sob os cuidados de uma terapeuta, que conseguiu destravar vários pontos de tensão e me fez sair da sessão com a sensação absoluta de bem-estar.
Na sequência, passei por vários tratamentos, incluindo outra massagem ayurvédica, a Abhyanga, conduzida por dois terapeutas simultaneamente. Eles usaram diferentes óleos medicinais envoltos numa trouxinha, fazendo movimentos focados nos pontos de tensão do meu corpo. Por último, uma massagem facial, a Sooth & Enrich, anti-idade, para hidratar e restaurar o rosto.
Terminei o dia com um jantar delicioso à luz de velas, seguido por minutos de meditação na varanda do meu quarto, sob um silêncio delicioso. E pronta para mais uma noite de sono tranquilo.
Relaxamento profundo
Explorar os quatro pilares do Six Senses Vana – sabedoria, bem-estar, conexão e muito aprendizado – foi parte fundamental da minha jornada. Cada atividade realizada no segundo dia refletiu esses princípios de formas diferentes. A manhã teve um lindo céu azul, ideal para caminhar na mais pura conexão com a natureza, trazendo em seguida experiências diversas das do dia anterior. Após um café da manhã com frutas e sementes da região, fui até o Aqua Fitness para o meu primeiro tratamento na água, o Watsu.
Caí nos braços de uma terapeuta indiana que me fez flutuar na piscina, com água na temperatura do meu corpo, alongando meus braços e pernas com movimentos suaves.
“Em algum momento, a sensação de relaxamento foi tão intensa que a impressão foi a de ter ido parar em outra dimensão e só retornei quando o sino tibetano me despertou, me chamando de volta para o planeta”
Foi uma experiência sensacional e inesquecível.
A prática seguinte foi uma meditação guiada, a Madhyan Dhyan Sound Healing, em que sons das tigelas tibetanas me levaram a um estado de relaxamento profundo. Nesse segundo dia, também pude entender in loco o porquê de a alimentação ser um dos pontos fortes do Six Senses Vana, ao participar de uma aula de culinária no hotel, em que aprendi a fazer um risoto de couve-flor e brócolis preparado unicamente com ingredientes orgânicos, locais e sustentáveis. Na Índia, a comida é entendida como uma oferta ao divino.
Seguindo a filosofia de que “menos é mais”, os pratos, salgados e doces, são ao mesmo tempo descomplicados e lindamente apresentados, com curries perfumados, sem ser excessivamente temperados, servidos em bufê no almoço e à la carte no jantar. E tudo é feito com ingredientes da estação, o que garante os nutrientes e o sabor necessários para alimentar e curar. Nesse dia, almocei no Anayu, um dos restaurantes do hotel, com pratos baseados no ayurveda e em sua tradição de mais de 4 mil anos. O menu era especial para o meu dosha, Pitta: leve, natural e com um sabor incrível. O outro restaurante, o Salana, tem cardápio inspirado em diferentes culturas, com base na alimentação orgânica e natural. Os menus são democráticos, com todas as informações nutricionais sobre os pratos e opções antialérgicas, vegetarianas e veganas, além de peixes e aves de origem sustentável.
Satisfeita, segui feliz e serena para receber mais um tratamento facial, o Wild Kashmir, que restaura a vitalidade da pele do rosto com óleos à base de rosas e ervas vindas das montanhas do Himalaia. Para terminar o dia, além da prática de ioga, tive um jantar delicioso, finalizado com uma xícara reconfortante de chá com especiarias, para mais uma noite de sono maravilhosa. No quarto, há ainda biscoitos e barras deliciosos, preparados no próprio hotel com cereais orgânicos, acompanhados de sucos naturais.
Respiração consciente
Acordei envolta por uma serenidade renovada, pronta para meu último dia naquele santuário de bem-estar. Dessa vez, a meditação aconteceu numa caverna iluminada com velas, onde a prática Madhyan Dhyan Yoga Trataka foi de atenção à respiração. Refleti sobre como negligenciamos esse aspecto vital em nosso dia a dia – dentro do ayurveda, respirar corretamente é essencial para a manutenção do prana (a energia vital), porque ajuda a equilibrar os doshas e promove uma saúde física e mental harmoniosa. O passo seguinte foi outra massagem, a última, Kunye and Dhugs, conduzida por uma terapeuta tibetana, novamente utilizando trouxinhas recheadas com ervas medicinais e óleo aquecido.
Mesmo com todos os procedimentos terapêuticos e massagens a que fui submetida, posso dizer que quatro dias não foram suficientes para aproveitar tudo o que o hotel oferece em termos de tratamentos e atividades. Eu poderia ter ficado mais algumas semanas por lá, passando por outros tipos de terapia, ioga e meditação. Sem contar as aulas de cerâmica, de produção artesanal de cremes e xampus orgânicos e de velas naturais, além de piscinas, cinema ao ar livre, academia de ginástica, quadras e campos para remo, badminton, tênis e das imersões musicais. Há também os passeios: dali é possível partir em diferentes trilhas de trekking pela região, assim como seguir de carro, em uma programação do próprio hotel, até Rishikesh (a capital mundial da ioga, um lugar sagrado às margens do Rio Ganges), fazer visitas a templos milenares, ao santuário de elefantes e ao Parque Nacional de Rajaji, que abriga tigres, leopardos, elefantes e cervos.
A convicção que eu trouxe é a de que os dias que passei ali me fizeram muito bem. Foi uma combinação de equilíbrio, aprendizado e serenidade, proveniente de vivências profundas e intensas. O estado ideal para terminar uma viagem inesquecível, em que também fiz novas e queridas amizades, como Rajiv e Rashna, da agência 3E Holidays, que me levaram a conhecer um país mágico, repleto de sabedoria e histórias. Além da decisão de incorporar novos hábitos à minha rotina, ficou também a certeza de que ano que vem retornarei para mais um capítulo dessa jornada, com novas descobertas e experiências na mais pura forma de existir: “Just being”.
Matéria publicada na edição 15 da Unquiet.
Six Senses Vana
Sem canudos plásticos desde 2016, com meta de zerar o uso de plástico até 2022.
Engarrafamento próprio da água consumida no hotel.
A arquitetura faz uso dos saberes e materiais de construção regionais, gerando emprego e valorizando a cultura local.
A comida servida no Six Senses usa matéria-prima comprada de produtores e pescadores da região.
Apoio a projetos educacionais voltados ao desenvolvimento comunitário e acesso justo à educação.
Investimento na compra de equipamentos de saúde das comunidades do entorno, como incubadoras para bebês, com recursos provenientes do Fundo de Sustentabilidade.
Fornecimento de água potável para as comunidades próximas ao Six Senses, aliada a projetos educacionais.
Produção orgânica de hortaliças, com exploração sustentável dos recursos naturais.
Apoio e parceria em projetos de proteção ambiental patrocinados por ONGs reconhecidas, como Manta Trust, Blue Marine Foundation, União Internacional para a Conservação da Natureza e Projeto Olive Ridely.