Niède Guidon (1933-2025)

Visionária, determinada e incansável defensora do patrimônio pré-histórico brasileiro

Visionária, determinada e incansável defensora do patrimônio pré-histórico brasileiro, Niède Guidon dedicou mais de cinco décadas à arqueologia do sertão nordestino. Nascida em Jaú (SP), em 1933, formou-se em história natural na Universidade de São Paulo e consolidou sua carreira na França, antes de voltar os olhos – e os passos – para o Piauí. 

Em mais de 50 anos de trabalho no estado, Niède observou, registrou e escavou os sinais deixados por povos ancestrais em abrigos sob rochas avermelhadas, cobertas de pinturas rupestres. Das vastas paisagens secas do Parque Nacional da Serra da Capivara, surgiram vestígios que desafiaram certezas estabelecidas sobre a presença humana nas Américas – como fósseis, ferramentas e traços de fogueira que apontavam para ocupações que datam de até 50 mil anos atrás.

Essas descobertas foram a base de uma nova narrativa sobre a pré-história do continente, com implicações profundas para a arqueologia mundial.

Niède compreendeu que preservar esses registros exigia não só ciência, mas ação política e social. Criou a Fundação Museu do Homem Americano, liderou projetos de educação e conservação e lutou incansavelmente contra o abandono e o descaso com a memória ancestral do país.

Mais do que uma arqueóloga, Niède Guidon foi uma mulher guiada pela curiosidade, pela coragem e por um senso de urgência em proteger aquilo que o tempo quase apagou. Seu trabalho não foi apenas entre camadas de terra e pedra: voltou-se ao resgate de uma história que poderia ficar esquecida.

Matéria publicada na edição 20 da Revista UNQUIET

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