No centro da cidade de Versalhes, o recém-inaugurado Les Lumières é um Relais & Châteaux que ocupa dois edifícios do século XVII. Sob a direção do arquiteto Didier Benderli, ambos foram transformados em um espaço que celebra a herança cultural e o pensamento livre. Aqui, o luxo não é só algo que se vê ou se toca — é algo que se vive. Mas vamos por partes.
Primeira impressão: despertar sensorial
Ao cruzar as portas do Les Lumières, os olhos são atraídos pelo mármore polido, pelos tecidos ricos e pelos tons suaves que ecoam a sofisticação do Château de Versailles – neste caso, um vizinho ilustre. O pátio coberto, com vegetação exuberante, traz uma sensação de paz imediata, e o aroma delicado das velas da tradicionalíssima marca francesa Trudon perfuma o ar, evocando flores frescas colhidas dos jardins reais.
Os 31 quartos e suítes homenageiam nomes do Iluminismo, como Rousseau e Descartes, com detalhes que convidam à introspecção: cobertores pesados, diários de reflexão e caixas de meditação criam um espaço onde o descanso, acredite, se torna uma arte.
Gastronomia: de Erwan Le Thomas a Pierre Hermé
Refletindo a essência cultural de Versalhes, a decoração do novo hotel, que combina o clássico e o contemporâneo, é um testemunho do equilíbrio entre tradição e inovação. E já que estamos em um hotel da coleção Relais & Châteaux, é inevitável criar expectativas com relação à gastronomia. O restaurante Table des Lumières é liderado pelo chef Erwan Le Thomas, ex-Fouquet’s e Hôtel du Crillon, com passagens por Le Shangri-La, Le Peninsula e La Tour d’Argent). Aqui, ele propõe um menu predominantemente vegetal, sazonal, local e colorido.
O ápice: pela primeira vez operando em um hotel, um dos maiores chefs pâtissiers do mundo, Pierre Hermé, abriu no Les Lumières seu café. Em um ambiente de impacto cenográfico, com pé-direito de seis metros de altura, lustres dramáticos e outros tantos detalhes, é possível almoçar e tomar um respeitável chá da tarde, saboreando desde um clássico Club Sandwich até um dos lendários macarons com assinatura do chef – e com direito à vista para a Place d’Armes.
A jornada histórica é reforçada com a seleção exclusiva de bebidas espirituosas francesas no Bar des Philosophes – lugar onde o Champanhe ganha novas histórias, conectando o passado ao presente.
Biblioteca, ópera e passeios
Mais do que um hotel, Les Lumières é um catalisador de experiências culturais e intelectuais. A biblioteca, que abriga primeiras edições e promove debates com historiadores e filósofos contemporâneos, resgata o papel de Versalhes como um centro de conhecimento e inspiração. A programação cultural, que inclui (pasme!) óperas e mostras equestres, transporta os hóspedes a um tempo em que a arte era parte indissociável do cotidiano.
A uma curta caminhada do hotel, o Campus de Versalhes e a Osmothèque oferecem imersões únicas: o primeiro, com oficinas de mestres artesãos; o segundo, o único arquivo de fragrâncias do mundo, com um mergulho no mundo dos aromas históricos, desde perfumes reais até essências esquecidas. Como resistir?
Pausa para o espírito
Encerrar um dia no Les Lumières é como virar a última página de um livro marcante. Cada momento no hotel convida à reflexão: sobre o significado do luxo, da história e do tempo bem vivido. É impossível não se perguntar: em um mundo que valoriza o imediatismo, será que a verdadeira riqueza está, de fato, na pausa?
Ao deixar o Les Lumières, a resposta se torna clara.