Astrid Fontenelle: Como nascem os viajantes

O prazer de percorrer o mundo ‒ e também descobri-lo ‒ pelos olhos de uma criança

Cronica Astrid Fontenelle Como nascem os viajantes

Quando nasceu meu Gabriel, eu estava certa de que o que eu queria dar a ele era o mundo! Sabe essas boas intenções, de deixar o dinheiro para os estudos? Ou um apartamento? Então… Eu queria investir bem antes. Em viagens. Ser um cidadão do mundo era o que eu projetava para ele. Até seu nome foi escolhido com o propósito de ser facilmente reconhecido em várias línguas.

A decoração do quarto já tinha um mapa-múndi, que fui trocando a cada ciclo de idade. Hoje ele tem que ir marcando no mapa cada país visitado.

A primeira viagem internacional aconteceu aos 10 meses de idade. Muitos me perguntavam por que viajar com um bebê. Por que não? Viajar com crianças nos tira da zona de conforto, aproxima a família e, principalmente, treina o olhar para o diferente. Sem contar que tenho certeza de que a experiência desde tão pequeno fez dele uma criança muito bem-comportada em aviões. Para a primeira viagem, escolhi Portugal. Queria agradecer à Nossa Senhora de Fátima pela graça alcançada. A foto dele ao lado da estátua do Fernando Pessoa, em Lisboa, dá a pinta de que ambos estão bem à vontade. Juro. E a minha felicidade em apresentar ele para Nossa Senhora? E os olhinhos brilhantes diante dos muitos peixes do Aquário de Lisboa

Essa viagem foi a abertura de um portal. Tudo deu certo e o pequeno Gabriel ganhou com louvor seu primeiro carimbo em um passaporte. 

E assim seguimos explorando esse mundão fantástico. Estava ligado o botão das descobertas, dos novos sabores, das diferentes caras, línguas, bichos e tudo mais. Hoje ele tem 15 anos e conhecemos juntos 19 países e algumas cidades com direito a repeteco. E ele vai cada vez mais rapidamente se tornando local, trazendo na bagagem muito mais do que souvenirs. Do Egito, trouxe a descoberta de uma civilização negra cheia de reis e rainhas. Do Japão, a paixão pela culinária. Do Havaí, as praias sem hora para sair e a potência dos vulcões em atividade. 

E a infinidade de museus? Dica: para facilitar, sempre procuramos guias que falem português. Em Paris, fomos certeiros, pois nossa guia era especializada em fazer tours pelo Louvre com crianças. Eu amei. Dica 2: visite qualquer museu à tarde, porque estão bem mais vazios. 

Bom, este não é um texto de dicas. O que eu quero é dividir a experiência prazerosa de viajar com os filhos, se possível desde bem pequenos. Viajar com espaço na mente (mais do que na bagagem) para viver esse vasto mundo e despertar o prazer de conviver com as diferenças culturais, sociais, religiosas. 

Você já está pensando na sua próxima viagem? Nós estamos!

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