Travessia de tempo e espaço

Explorar de carro um dos lugares mais remotos e intrigantes da Terra, em uma jornada de descobertas entre o Atacama e o Salar do Uyuni, acentua a percepção de como são admiráveis a persistência da natureza e a preservação de culturas

“Chegou a hora de vendar os olhos”, disse Paola, uma guia boliviana, com a voz doce e sábia. Estávamos prestes a adentrar o Salar do Uyuni e a riscar o item número um da minha bucket list com essa experiência. Com as mãos suando, os olhos já se enchendo de lágrimas e o coração quase saindo pela boca, memórias começaram a pulsar na minha mente, de quando, dez anos antes, descobri a existência do maior deserto de sal do mundo. Foi ali que idealizei de todas as formas como seria ver e estar naquele horizonte branco. E esse momento finalmente chegara. Fora do carro, e em algum lugar dos 12.000 km² de uma planície alva, observei a paisagem sem fim e senti um arrepio. Ainda é difícil colocar em palavras o que aqueles instantes tão sonhados significaram para mim.

Atacama: o início da travessia  

A mágica aventura até o Salar do Uyuni começou, porém, cinco dias e 600 km antes, no Deserto do Atacama, o mais alto do mundo. Localizado ao norte do Chile, entre o Oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes, ele pode não ser um destino desconhecido, mas é desses lugares pitorescos que não desaparecem da memória. Suas paisagens diversas escondem histórias e fenômenos da natureza de milhões de anos, que vão muito além de suas maravilhas.

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A Cordilheira de La Sal, região montanhosa com mais de 23 mihões de anos
O premiado chef Virgilio Martínez, que assina o novo menu do explora Atacama

Aterrizamos em Calama, uma cidade industrial, e em um pouco mais de uma hora de carro, numa estrada contornada por montanhas, rochas e muita areia, chegamos a São Pedro do Atacama, a base turística mais estilosa do deserto. Alguns instantes depois, fomos recebidas no tradicional Explora Atacama pelos raios de sol do fim de tarde, refletindo-se no encantador Vulcão Licancabur e seus mais de 5.900 m de altura.

Logo na chegada ao lodge, fomos apresentadas ao guia chileno Eme, que nos ofereceu um briefing detalhado sobre a jornada completa que começaria ali: a travessia Atacama-Uyuni, cruzando o misterioso Altiplano Boliviano, reinaugurada pelo Grupo Explora em 2022. O início da viagem acontece no deserto mais árido do planeta, principalmente para se aclimatar. Eme nos explica que a altitude máxima será em torno de 5.000 m (São Pedro do Atacama fica a 2.400 m). Por se tratar de uma expedição, cada grupo de hóspedes tem seus próprios motorista, carro e guia, podendo escolher, sempre com a orientação profissional, as experiências mais adequadas.

Uma chola boliviana, vestida em trajes típicos, durante a travessia

As escolhas no Atacama pautaram os diferentes feitiços da região, que soma mais de 105.000 km² e uma grande variação da altitude. Com certeza, a que mais me fascinou foi o Vale do Arco-Íris, um conjunto de formações rochosas com variadas combinações de cores, em tons de vermelho, verde, amarelo, azul e branco, o resultado da presença de diferentes minerais. Fizemos dois trekkings, um deslumbrante e tranquilo, na Reserva de Conservação Explora Puritama, protegida pelo Grupo Explora desde 2010, com pouco mais de 3 km dentro de um cânion, com vegetação dourada, e chegada nas deliciosas Termas de Puritama. O outro, na vasta área do Vulcão Branco, foi mais desafiador por causa de sua altitude, de mais de 4.000 m. Para assistir ao icônico pôr do sol desértico, fui à Cordilheira de la Sal, uma região montanhosa de mais de 23 milhões de anos, e ao Salar do Atacama e à Laguna Chaxa, com terreno branco, de sal, pontos rosa de flamingos e um horizonte colorido, e único no mundo. Entre as nossas experiências, avistamos raposas, vicunhas e vizcachas, uma espécie de roedor da região. Ainda no Explora Atacama, tivemos a oportunidade de experientar o novo cardápio do lodge, assinado pelo premiado chef peruano Virgilio Martínez, proprietário do Central de Lima, eleito o melhor restaurante do mundo em 2023. A proposta de “cozinha do deserto” traz elementos da região andina. Martínez também assina o menu do Explora do Peru, em Machu Picchu.    

Corinna e Carolina Sagesser sob um cacto gigante de mais de 700 anos no Altiplano
As vicunhas e flamingos, animais selvagens, fazem parte da paisagem ao longo da travessia
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A Lagoa Verde, logo após a fronteira
Rumo à Bolívia

Após dias magnéticos e preparatórios, numa sexta-feira ensolarada e gelada de maio, segui viagem para a Bolívia. Agora, do outro lado das montanhas e dos vulcões da cordilheira, e já a uma altitude bem mais elevada, fui batizada pelos fortes ventos da Pacha Mama, a Terra Mãe, e pelos ensinamentos ancestrais de Paola e Johny, guia e motorista bolivianos. 
Em pouco tempo, consegui captar grandes diferenças culturais, a começar pela fisionomia dos meus companheiros de viagem, com traços dos povos originários. A região do Atacama é muito turística, tendo uma considerável rotação de guias (inclusive de outros países), o que deixa mais desafiador o entendimento da cultura original dessa área chilena. Uma vez no país vizinho, descobri que é obrigatório o emprego de apenas bolivianos, que, até por causa de seu governo, mais fechado, mantêm seus costumes e suas tradições.
O primeiro dia na Bolívia foi hipnotizante, com telas e tons semelhantes aos que vemos nas fotos de satélite de Marte. Adentrei o Altiplano Boliviano, ou a “região elevada”, com altitude mínima de 3.500 m, clima extremamente seco e temperaturas que variam de 0 a 40 ºC. Segundo Paola, acredita-se que, entre 12 e 40 mil anos atrás, a região era ocupada pelas águas do famoso Lago Minchin, e percebo resquícios dos episódios geológicos e sua resiliência.
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A Lagoa Colorada, repleta de flamingos

Desbravar regiões com formações geológicas tão ancestrais nos coloca em real proporção diante da natureza

Cores e sons da terra 

A primeira parada é na Lagoa Branca e na Lagoa Verde, que têm esses nomes e cores em razão da mistura de minerais: a primeira, claro, com o sal e a segunda com magnésio e arsênico. Seguimos atravessando o surrealista Deserto de Dalí, com rochas originadas de erupções vulcânicas, que formam imagens semelhantes às telas de Salvador Dalí. Paramos no Gêiser Sol da Manhã, onde é possível, de fato, ouvir o som da terra, com erupções regularmente lançando água quente e vapor. Almoçamos com os flamingos na impressionante Lagoa Colorada, que, com seus tons avermelhados, é um importante santuário para as aves. 

Seguimos dirigindo pelo Deserto de Siloli, o nome de toda essa região, cercada por cordilheiras de montanhas e vulcões, com o céu absurdamente azul e em um terreno que varia entre verde, dourado e marrom. Por mais inacreditável que fosse, no meio daquele lugar quase inóspito, Johny avisou que estávamos chegando ao primeiro Mountain Homes do Explora, o Ramadita, que seria a nossa morada após a partida do Atacama. Com vista para a lagoa de mesmo nome, avistei, com certa dificuldade, duas estruturas de contêineres, totalmente imersas na natureza.

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A Cordilheira de La Sal, região montanhosa com mais de 23 mihões de anos

O Grupo Explora é um grande exemplo de turismo responsável, unindo a conservação de lugares com um profundo envolvimento local. Tendo dentro de seu DNA a paixão e a responsabilidade pelos lugares em que está inserido e, consequentemente, criando formas de preservá-los, os três lodges da travessia foram construídos pensando em não agredir o ambiente visual e fisicamente. E toda a equipe vem das comunidades do entorno. Também são entusiastas do engajamento verdadeiro entre os hóspedes, tanto que as áreas comuns possuem apenas um lounge e mesas compartilhadas, convidando todos a trocar experiências reais.

Antes do briefing sobre o próximo dia no Altiplano, me permito um momento sozinha para explorar a região. Ainda extasiada com tudo, e tendo cada vez mais a certeza de que o turismo de luxo é mesmo aquele em que conseguimos nos conectar com camadas profundas da nossa existência, visto uma roupa bem quente e saio caminhando em direção à lagoa. Como diz o próprio Explora, “é incomum experimentar o silêncio em um planeta onde ele parece estar extinto”. E me permito experimentar todos os sentidos que a Pacha Mama tem a oferecer.

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Ambiente do Mountain Home explora Chituca
O infinito branco do Salar do Uyuni
Altas expectativas 

Partimos para o segundo dia boliviano com as expectativas nas alturas. Mais um dia de muito vento e sol potente, com avistamento de mais lagoas: Honda, Chiar Khota, Hedionda e Cañapa, com suas características únicas e seus diferentes tons de azul. Decido fazer um trekking de 3 km pelo Rio Turquiri, um dos diferenciais do Explora, e pelos campos dourados, na companhia de diversos patos e algumas lhamas. A grande maioria das empresas acaba realizando a travessia focando o Salar do Uyuni e o Atacama, deixando menos tempo para desbravar o caminho. Sugiro no mínimo dois dias para se aprofundar com calma nessa travessia única do planeta, exatamente como o Explora propõe, com experiências imersivas ao longo de todo o trajeto, e não só no destino.
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Mountain Home Explora Ramaditas
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O Explora Jirira, com vista panorâmica para o maior deserto de sal do mundo
Ilustração: Antônio Tavares
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SUSTENTABILIDADE

Ações de conservação do meio ambiente e ações sociais

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#Procura constante de melhores impactos positivos nas vertentes ambiental, sociocultural e económica.
#Orientam seus viajantes a “explorações profundas” como forma de inspirá-los a cuidar e conservar os lugares remotos do Planeta.
#Trabalhos com excelência no cuidado e conservação da Natureza.
#Trabalhos lado a lado com as comunidades locais para seu desenvolvimento, cuidado e proteção de seu patrimônio, cultura e territórios.
#Empresa positiva para seus colaboradores, contribuindo com oportunidades de desenvolvimento profissional e pessoal.
#Pioneiros e modelos de sustentabilidade para a sociedade e em particular para o setor do turismo.
#Compromisso fundamental: trabalhos diários para monitorar, reduzir e compensar suas emissões de carbono. Até 2030, esperam compensar não apenas suas emissões anuais, mas também aquelas geradas desde o início de suas operações.

explora.com/filosofia-explora

Clique aqui para ler a matéria na íntegra na edição 12 da Revista UNQUIET.

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