A arte que vem do Sul

Preservar a tradição e garantir renda extra para as comunidades locais – esta é a missão de duas associações gaúchas

Associação de Artesãos Ladrilã

Desde o final do século 18, o Rio Grande do Sul tem na ovinocultura importante fonte de renda, fato que se acentuou a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e da crescente demanda internacional pela carne e lã de ovelhas.

Nos últimos 50 anos, porém, houve um declínio nas práticas de fiação e tecelagem, e a maior parte da produção passou a ser exportada para o Uruguai. Para tornar a fomentar o uso da lã, um grupo de artesãos e de ovinocultores formou a Associação Ladrilã em 2010.

O nome do grupo, que reúne 11 artesãs e um artesão das cidades de Pelotas, Jaguarão e Pedras Altas, remete às formas e cores dos ladrilhos hidráulicos e se vale principalmente da técnica do tricô gigante: sua peça mais conhecida é a luminária Anêmona de Luz, que em 2011 recebeu o Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. Mas também são produzidos objetos menores, como bonecos, xales e cestos.

Segundo Tânia Furtado, presidente da associação, foi importante “resgatar a cultura de fazer o fio”, algo que quase se perdeu com a industrialização. A Ladrilã estimula a fiação e a tecelagem em tear tradicional: a lã é tosquiada no começo do verão e cresce em alguns meses, voltando a proteger as ovelhas.

Ladrilã
Tricô gigante | Foto: Lucas Cuervo
Bichos do Mar de Dentro | Foto: Lucas Cuervo

Segundo Tânia Furtado, presidente da associação, foi importante “resgatar a cultura de fazer o fio”, algo que quase se perdeu com a industrialização. A Ladrilã estimula a fiação e a tecelagem em tear tradicional: a lã é tosquiada no começo do verão e cresce em alguns meses, voltando a proteger as ovelhas.

Os produtos são vendidos na loja da associação no Mercado Central de Pelotas. A Ladrilã conta com o apoio da Artesol – Artesanato Solidário, entidade sem fins lucrativos criada em 1998 e que funciona como centro de pesquisa e de salvaguarda das tradições do artesanato brasileiro. 

artesol.org.br/associacao_ladrila 

Ladrilã
Bonecos de tricô, Ladrilã | Foto: Lucas Cuervo

Associação Bichos do Mar de Dentro

Outra associação gaúcha de artesanato apoiada pela Artesol é a Bichos do Mar de Dentro. O curioso nome do grupo refere-se à entrada que o mar faz no conjunto de lagoas formado pela Laguna dos Patos, Mangueira e Lagoa Mirim, região da Costa Doce que vai do Rio Guaíba até o Arroio Chuí.

Nesse que é o maior complexo lagunar do mundo, encontra-se uma rica fauna, e cerca de 30 dos animais silvestres dessa região inspiram os produtos da Bichos do Mar de Dentro: biguás, saíras-de-sete cores, cardeal, coruja-buraqueira, cisne-de-pescoço-preto, capivara, o jacaré-de-papo-amarelo e outros figuram em brinquedos, jogos e objetos de decoração.

A associação, criada por iniciativa do Sebrae em 2006 e formalizada em 2011, reúne hoje 15 artesãs de cinco cidades – Pelotas, São Lourenço do Sul, Arroio Grande, Cambacuá e Rio Grande – que procuram mostrar a fauna da região. Para conhecê-la melhor, as artistas tiveram encontros com biólogos, que as ajudaram a aprimorar os trabalhos.

Ladrilã e bichos do mar de dentro
Bichos do Mar de Dentro | Foto: Lucas Cuervo

“As peças artesanais são produzidas com técnicas como pintura em tecido, modelagem em biscuit, cerâmica, bordados, marcenaria, tricô e crochê, dando origem a bichos de pelúcia, jogos de xadrez (um deles representou o Brasil num evento da Unesco para o Mercosul em Montevidéu, em julho de 2012), chaveiros, almofadas, bolsas e carteiras.

Os objetos produzidos pela associação estão à venda na Loja Artesanato da Costa Doce, Banca 43, no Mercado Público de Pelotas.  

artesol.org.br/bichosdomar

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